Agosto 2024

12 set 2024

Ações valorizam, após as quedas no início de agosto

No início de agosto, os receios com a deterioração do mercado dos EUA penalizaram as ações que, porém, reverteram as perdas. Nesta envolvência, o presidente da Fed afirmou no simpósio em Jackson Hole que “chegou o momento de ajustar" a política monetária.

No início de agosto, as preocupações com a deterioração do mercado nos EUA, penalizaram a classe acionista. O sentimento negativo foi-se dissipando durante o mês, com os índices a reverterem as perdas. Para tal foi determinante as evidências de robustez no setor dos serviços e os valores baixos dos pedidos de subsídio de desemprego. Neste contexto, perante a perspetiva da inflação manter uma trajetória descendente, o presidente da Fed afirmou no simpósio anual de bancos centrais, em Jackson Hole, que “chegou o momento de ajustar" a política monetária, reforçando a expectativa que irá cortar as taxas diretoras já em setembro, possibilitando valorizações da classe obrigacionista.

Enquadramento: agosto 2024

Ao nível económico, em agosto, a atenção dos investidores continuou a transitar das preocupações com a inflação elevada para os receios de um abrandamento económico. Nos EUA, o crescimento do PIB durante o 2º trimestre foi revisto em alta, de um valor preliminar de 0,7%, em cadeia e não anualizado, para 0,8%, alteração que se deveu na integra ao maior contributo do consumo privado. Posteriormente, em julho, as despesas das famílias continuaram a crescer a um ritmo superior. Apesar do tom positivo dos gastos das famílias contribuírem para a redução das apreensões em relação a um contexto recessivo, outros segmentos da economia voltaram a emitir sinais do moderação. Nesse sentido, destaque para o mercado de trabalho e para os setores da indústria e da construção. Na AE (Área Euro), onde o Eurostat confirmou o crescimento de 0,3%, em cadeia, do PIB no 2º trimestre, a atividade reportada pelas empresas melhorou ligeiramente. Ainda que continue a debater-se com a quase estagnação da economia alemã, a atividade das empresas recebeu um impulso dos serviços em França devido à realização dos Jogos Olímpicos. Excluindo este contributo, a atividade manteve-se inalterada. Quanto ao mercado de trabalho, ainda em julho a taxa de desemprego atingiu um novo mínimo de 6,4%.

Em relação à inflação, nos EUA, em julho, a variação homóloga do índice de preços da despesa no consumo, referência da Fed, permaneceu em 2,5%, em linha com o esperado e com o observado no final de 2023, assim como a variação da componente subjacente, em 2,6%, menos 0,3% do que no passado mês de dezembro. Na AE, segundo a estimativa rápida de agosto, o crescimento homólogo do índice foi publicado em linha com a estimativa ao desceu de 2,6% para 2,2%, mínimo desde julho de 2021, e o da linha subjacente de 2,9% para 2,8%.

Na Europa, no início de agosto, o Conselho do Banco de Inglaterra votou a favor de um primeiro corte de 25p.b. da taxa de juro diretora, para 5,00%, como esperado, com os responsáveis a demonstraram uma avaliação mais favorável relativamente às perspetivas para a inflação subjacente. No comunicado divulgado após a reunião foi admitido ser apropriado a partir de agora reduzir o grau de restritividade da política monetária, ainda que de forma gradual. No que respeita ao BCE, na ausência de qualquer Conselho calendarizado, os investidores reforçaram a convicção de uma nova diminuição das taxas de juro diretoras em setembro depois do crescimento do indicador salarial baseado na negociação coletiva do 2º trimestre, e que abrange dois terços dos custos totais com o pessoal, ter diminuído de 4,7% para 3,6%, o valor mais baixo em dois anos e meio.

Nos EUA, no discurso proferido no simpósio anual de bancos centrais em Jackson Hole, no Wyoming, o presidente da Fed classificou a moderação do mercado de trabalho como “inequívoca” e “indesejável”. A declaração foi interpretada como um indício de aproximação de um ciclo de redução das taxas de juro diretoras, perspetiva reforçada pela expressão pronunciada “chegou o momento de ajustar a política monetária”. Enfatizou também, contudo, que o momento e o ritmo das reduções dependerão do desempenho dos indicadores, da perspetiva de evolução económica e do equilíbrio de riscos. Dias antes, as atas do Conselho de julho haviam revelado que uma “vasta maioria” dos membros vê como adequado relaxar a política monetária.

Mercados Financeiros: agosto 2024

Na classe acionista, grande parte dos mercados evidenciou ganhos. Destaque, contudo, para o movimento adverso registado no início do mês incentivado pelas preocupações com a deterioração da economia dos EUA, fomentadas pela divulgação do relatório de emprego de julho, com um aumento da taxa de desemprego. No entanto, o sentimento negativo foi-se dissipando com os referidos índices a reverterem as perdas iniciais. Para tal demonstrou-se relevante as evidências de robustez no setor dos serviços e a relativa estabilidade dos pedidos de subsídio de desemprego. Deste modo, no bloco desenvolvido estiveram em evidência os EUA e a Área Euro, cujo desempenho refletiu ainda a época de resultados positivos, enquanto o Japão foi condicionado negativamente pela apreciação do iene. O agregado de emergentes, por seu turno, averbou perdas ligeiras, impactado pelos mercados da Coreia do Sul e da China.

No que se refere à dívida pública, os índices dos EUA e da Alemanha valorizaram num contexto de descida de yields, principalmente nos títulos norte-americanos, e com maior magnitude nos prazos mais curtos da curva de rendimentos. Esta dinâmica foi fomentada pelos receios de uma recessão económica após os dados publicados sobre o mercado de trabalho nos EUA. Na dívida privada, os segmentos também apreciaram, impulsionados pela descida das yields e a redução dos prémios de risco, à exceção do segmento de IG em euros.

Já o compósito de matérias-primas denotou uma variação praticamente nula. Apesar da maioria dos componentes ter evidenciado um desempenho positivo, em especial os metais industriais e preciosos, a queda da energia condicionou a performance da classe. A cotação do petróleo foi novamente penalizada pelos receios de abrandamento económico, pelos poucos sinais de melhoria da atividade industrial e imobiliária advindos da China e pela crescente utilização de veículos elétricos e híbridos. Em contrapartida, os metais industriais foram impulsionados pelo alumínio, devido à redução de inventários, e pelo zinco, na sequência de perspetiva de cortes de produção na China, o maior produtor mundial. Realce para a valorização do ouro, alcançando o máximo histórico, ao beneficiar da procura de bancos centrais e da prevalência de riscos geopolíticos. No compósito de agricultura, assistiu-se a uma apreciação com o contributo do açúcar e do café.

No mercado cambial, o euro apreciou em virtude da maior convicção dos investidores quanto ao início, já em setembro, e à magnitude dos cortes das taxas diretoras norte-americanas. Já o iene, após os expressivos ganhos registados em julho, na sequência da subida das taxas pelo BoJ, voltou a apreciar.

No que concerne ao mercado monetário, as taxas Euribor denotaram o sexto mês consecutivo de queda nos prazos dos 3 e 6 meses. O referencial dos 12 meses também diminuiu com a respetiva taxa a alcançar o nível mínimo desde o final de 2022.

Nota: dados a 31 de agosto de 2024, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: BEA, BLS, US Census Bureau, MBA, NAR, Fed, Eurostat, BCE, BoJ, SNB, BoC.

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Acesso Caixadirecta

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Ações valorizam, após as quedas no início de agosto

No início de agosto, os receios com a deterioração do mercado dos EUA penalizaram as ações que, porém, reverteram as perdas. Nesta envolvência, o presidente da Fed afirmou no simpósio em Jackson Hole que “chegou o momento de ajustar" a política monetária.