Caixa Cultura Vencedores 2025

17 out 2025

Divulgação dos vencedores da 6ª edição

Entre as cerca de 400 candidaturas recebidas, foram selecionadas nove propostas que se destacam pela sua qualidade, criatividade e relevância no panorama cultural nacional.

ATRAVESSANDO O TEMPO

Rita Nunes Unipessoal, Lda.

Imagem artística em fundo preto mostrando metade do rosto de uma pessoa em close-up.

Numa abordagem original de filme-ensaio, o documentário biográfico Atravessando o Tempo dá a conhecer Lídia Jorge e a sua obra. Num retrato intimista, acompanhamos a escritora ao longo de uma vida dedicada à literatura, nas suas múltiplas facetas. Trata-se também de uma reflexão sobre a história do Portugal contemporâneo, das últimas décadas até à atualidade.

Atravessamos o tempo de Lídia que é o nosso próprio tempo. Que país é este visto através da sua escrita?

O documentário será composto por recriações de cenas simbólicas da vida e obra de Lídia Jorge, com recurso a breves encenações; imagens de arquivo da RTP, que ilustram momentos marcantes da sua trajetória e da história social e política do país — desde os anos vividos em África, durante a guerra colonial, até ao 25 de Abril e outros acontecimentos significativos; fotografias e vídeos do seu arquivo pessoal; e o acompanhamento da autora no presente: a escrever o próximo livro, a redigir crónicas para o El País, a viajar, a participar em colóquios e festivais literários um pouco por todo o mundo, em plena atividade.

Esta diversidade de registos visuais e sonoros constitui a estrutura narrativa e estética do filme.

BULUKU

ASSOCIAÇÃO CULTURAL COMPANHIA CLARA ANDERMATT

Ilustração de um astronauta sentado numa pequena lua, pescando uma esfera luminosa no espaço, rodeado por planetas e estrelas.

Espetáculo multidisciplinar e interativo, dirigido a toda a família, que combina performance ao vivo, música, narrativa, dança e projeções audiovisuais. Desenvolvido para inspirar o público a explorar novas narrativas e imaginários, BULUKU parte das lentes do afrofuturismo e das mitologias africanas para propor uma visão artística inovadora e inclusiva.

A personagem central, Buluku, é um afronauta brincalhão e sagaz que viaja pelo espaço-tempo para partilhar histórias sobre a criação do Universo, reinterpretando saberes ancestrais com uma abordagem contemporânea e lúdica. Acompanhado por dois androides negros sem género, Buluku explora planetas desconhecidos e celebra o poder da imaginação e da diversidade.

“Quando fui criança, não cresci com referências de narrativas de criação do mundo que não fossem ocidentais, eurocêntricas e judaico-cristãs. Para agravar, a cultura pop sempre apresentou universos futuristas protagonizados por personagens brancas. Assim, nunca tive a oportunidade de sonhar, de me ver representado nas telas, de criar utopias. Nunca tive, enquanto criança, a possibilidade de me imaginar no futuro. E só agora, adulto, tenho consciência de como isso é, de facto, relevante.”
— Nota do criador, Djam Neguin

Na sua essência, BULUKU é uma oportunidade de acesso a novos arquétipos e conceitos, promovendo uma visão ecossistémica de coexistência e respeito entre diferentes culturas e realidades.

CENTENÁRIOS DE MÁRIO SOARES E DE MARIA BARROSO

Fundação Mário Soares e Maria Barroso

Fotografia a preto e branco de duas pessoas sentadas, uma segurando flores e a outra um jornal

Mário Soares e Maria Barroso são figuras inseparáveis da história de Portugal, símbolos da luta pela liberdade e pela democracia, com papéis fundamentais também no plano cultural. As comemorações dos seus centenários constituem uma oportunidade ímpar para celebrar e renovar os seus legados junto das novas gerações.

O projeto, promovido pela Fundação Mário Soares e Maria Barroso, integra três iniciativas culturais:

Biografia infantil de Maria Barroso, da autoria de Luísa Ducla Soares
Exposição “Maria Barroso: 100 Anos”
Catálogo da exposição “Mário Soares: Um Homem Inteiro”, com fotografias de Luís Vasconcelos

Estas ações procuram dar expressão à dimensão multifacetada das suas vidas e tornar o legado acessível através de literatura, exposições e publicações. O projeto visa promover o conhecimento sobre as vidas e legados de Mário Soares e Maria Barroso, sensibilizar as novas gerações para os valores da liberdade e da democracia, e criar recursos culturais e educativos que perpetuem a sua memória.

Esta iniciativa reflete o compromisso das comemorações dos Centenários em promover a memória histórica e a educação cívica, valorizando também a cultura artística e literária.

Saiba mais em: https://www.fmsoaresbarroso.pt

CRISTINA BRANCO – “MULHERES DE ABRIL”

Cristina Branco

Cristina Branco regressa ao universo de José Afonso com uma obra fundamental, tanto para a sua discografia como para o património musical português, agora centrando-se num prisma específico e revelador: o universo feminino.

Este projeto ilumina as mulheres que José Afonso cantou, as suas narrativas íntimas e a visão progressista sobre o papel feminino numa sociedade em transformação, revelando dimensões pouco exploradas do legado do compositor.

Cristina Branco desvenda e dá voz a personagens femininas marcantes, estabelecendo um diálogo entre épocas sobre questões de género na sociedade portuguesa.

O álbum reúne oito composições emblemáticas: “Endechas a Bárbara Escrava”, “De Não Saber o Que Me Espera”, “Canção do Desterro”, “Teresa Torga”, “Canção da Paciência”, “Mulher da Erva”, “Verdade e Mentira” e “Verdes São os Campos”. Esta seleção congrega temas onde as figuras femininas assumem protagonismo na poética de José Afonso, explorando múltiplas facetas da condição feminina.

Saiba mais em: https://www.cristinabranco.pt/mulheresdeabril/

DOCUMENTÁRIO "MULHERES DE ABRIL"

Madame Filmes, Unipessoal Lda

“Mulheres de Abril” é um filme que celebra a multitude de mulheres revolucionárias — as mães da nossa democracia. Através da voz, do olhar, do silêncio e da ação de cada uma destas mulheres, o documentário revela a riqueza das experiências vividas, que, em conjunto, nos dão um legado de confiança, justiça, perseverança, respeito e liberdade. São mulheres que venceram o fascismo, o colonialismo e as desigualdades sociais em Portugal e nos territórios africanos ocupados, transformando o mundo à sua volta.

Saiba mais em: https://madamefilmes.pt/pt/films/women-of-april/
Assista ao trailer em https://vimeo.com/830841143?fl=pl&fe=sh.

FESTIVAL ANDANÇAS

PédeXumbo - Associação para a promoção da Música e Dança

O Andanças é um festival organizado pela Associação PédeXumbo desde 1996, dedicado à promoção da música e da dança popular como meios privilegiados de aprendizagem e intercâmbio entre gerações, saberes e culturas. O festival reaviva hábitos sociais de viver a música, retomando a prática do baile popular através de múltiplas abordagens às danças de raiz tradicional, portuguesas e do mundo, com o objetivo de recuperar tradições musicais e coreográficas.

No Andanças é possível aprender mais de meia centena de estilos de dança diferentes, oriundos de várias partes do mundo. Para além de alimentar a curiosidade pela diversidade, o Andanças procura lembrar que a música popular (também) é sinónimo de identidade e, muitas vezes, da sua própria sobrevivência.

Desde 1996, o Andanças reúne anualmente pessoas de todo o mundo num espírito de partilha, encontro e práticas sustentáveis. Assente em quatro pilares - Música & Dança, Voluntariado, Comunidade e Sustentabilidade -, é um espaço onde se dança, se faz música, se experimenta, mas também onde se partilham e cruzam propostas e ideias para um mundo melhor.

Saiba mais em https://www.andancas.net/site/o-andancas

LIVRINHOS DO TEATRO

Artistas Unidos

A coleção “Livrinhos de Teatro” dedica-se à divulgação da dramaturgia contemporânea, revelando, muitas vezes, autores inéditos em Portugal. Com o apoio do Programa Caixa Cultura, serão editados cinco novos volumes desta coleção, promovida pelos Artistas Unidos em parceria com a “Snob – Livraria e Editora”.

Em 2026, serão editados: James Ley, Peças galardoadas com o Prémio Riccione e Annie Baker. E em 2027 uma obra de Jean Genet.

Saiba mais em https://www.artistasunidos.pt

“ONDE TUDO NOS QUEBRA E EMUDECE” - Edição de Fotolivro

Valter Vinagre

“Onde tudo nos quebra e emudece” é um ensaio visual resultante de viagens realizadas, em 2022 e 2023, a quatro territórios europeus: Sardenha, Geórgia, Croácia e Letónia ^(*). O projeto apresenta um corpo de imagens que evidencia aspetos identitários e/ou expressões de luta pela manutenção da independência política e cultural destes territórios. Espaços simultaneamente moldados e resistentes a diferentes forças da história, migrações, império otomano, comunismo, antigos mitos e lendas.

“Em vários momentos e lugares pressenti um certo clima opressivo, um certo medo invisível, subterrâneo, mas também, entrevi movimentos de resistência cultural e política.”

^(*) As viagens foram possíveis graças ao apoio do projeto ERASMUS+ Rede de Espaços Culturais da UNESCO, do qual Idanha-a-Nova, enquanto Cidade Criativa UNESCO na Música, é parte integrante.

UNIDAS PELA ÁGUA

Laurent Filipe

São mulheres. Distinguem-se em várias matérias, mas todas têm no mar o chão do seu dia a dia. Uma nadadora-salvadora, uma mergulhadora da Marinha Portuguesa, uma artista plástica que utiliza lixo marinho no seu trabalho, uma comandante de barco, uma cientista, uma pescadora dos Açores (onde tradicionalmente as mulheres não iam ao mar porque mulher a bordo dava azar) e a única surfista portuguesa que enfrenta ondas gigantes na Nazaré e desenvolveu um projeto social em São Tomé e Príncipe.

Vamos conhecê-las nesta série documental, acompanhar o seu quotidiano, conhecer as suas histórias, as dificuldades e vantagens de ser mulher num meio habitualmente masculino.

Cada episódio traz uma abordagem particular, reforçando temas como tradição versus modernidade, segurança e proteção, ciência e sustentabilidade, e empreendedorismo social.

Uma série para a RTP em 2026, com autoria de Paula Castelar e realização de Laurent Filipe.

Porque a Cultura faz parte de nós.

Acesso Caixadirecta

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