Banco Nacional Ultramarino: A ponte estratégica do setor bancário português em Macau

27 fev 2025

Por Carlos Cid Álvares
Presidente da Comissão Executiva do BNU, em Macau

O Banco Nacional Ultramarino, S.A. (BNU) é uma subsidiária detida a 100% pelo Grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD), tendo iniciado a sua atividade em 1902 na atual Região Administrativa Especial de Macau (RAEM). O Banco dispõe de uma rede de 17 agências e uma sucursal em Hengqin, uma ilha contígua a Macau, situada na Zona Económica Especial da Província de Guangdong, na República Popular da China.

Macau é uma região com um forte setor bancário, contando com 32 instituições financeiras e a presença dos maiores bancos mundiais. Com o intuito de promover uma diversificação moderada da economia local, o Governo da RAEM identificou as "Finanças Modernas" como uma das indústrias cruciais. Nos últimos anos, foram criadas uma bolsa de obrigações, um centro de custódia de títulos, um mercado de leasing e, mais recentemente, está em fase de lançamento uma moeda digital centralizada.

Apesar de ser o sexto maior banco em Macau em termos de ativos, o BNU é uma instituição financeira de grande notoriedade, atuando em conjunto com o Banco da China como emissor da moeda local, a pataca. O Banco destaca-se pela sua capacidade de adaptação às mudanças económicas e políticas, focando-se no desenvolvimento de Macau e da sua população, além de potenciar o comércio entre a China e os países de língua portuguesa, em parceria com a CGD.

Atualmente, o BNU oferece uma ampla gama de serviços financeiros para particulares e empresas, focando-se na digitalização e na conveniência para os clientes. A sua subsidiária em Hengqin posiciona-o estrategicamente para aproveitar as oportunidades da Grande Baía, uma região que abrange Macau, Hong Kong e partes da província de Guangdong, com uma população de 87 milhões e um PIB superior a cinco vezes o de Portugal. Esta integração económica pode impulsionar a economia de Macau e abrir novos mercados, colocando o BNU numa posição favorável para expandir a sua presença na região.

A digitalização do setor bancário é outra área promissora. O investimento em tecnologias financeiras e plataformas digitais permitirá ao BNU oferecer serviços mais eficientes e personalizados, atendendo às expectativas dos consumidores modernos. Esta inovação em serviços digitais poderá atrair uma base de clientes mais ampla e diversificada. O Banco, para além de ter sido uma das primeiras entidades a oferecer aos seus clientes, através de uma solução de API (Application Programming Interface), a possibilidade de compra de instrumentos, nomeadamente ações, em mercados bolsistas de todo o mundo, atualmente 17, encontra-se agora a desenvolver o mesmo para permitir aos seus clientes a compra de Fundos de Investimento e Obrigações.

O compromisso com a Sustentabilidade é outra oportunidade para o futuro do BNU que pode liderar iniciativas de financiamento sustentável, direcionando recursos para projetos que promovam o desenvolvimento ambiental e social em Macau e na região. Esta abordagem não só responde à crescente procura por práticas sustentáveis, mas também pode fortalecer a imagem do Banco no mercado. No decorrer de 2024 e a título de exemplo, o BNU reforçou o seu governance em termos de ESG: lançou questionários a todos os stakeholders, o que permitiu redefinir a sua visão e estratégia; lançou e divulgou objetivos para atingir a Neutralidade Carbónica até 2050; lançou produtos sustentáveis com taxas mais vantajosas para os seus clientes, nomeadamente a compra de carros elétricos e a aquisição de imóveis em Portugal com certificação energética superior a “B”; estabeleceu objetivos e métricas nos seus scorecard internos ligados à performance dos seus colaboradores.

Estabelecer parcerias estratégicas com outras instituições financeiras e empresas, constitui outro fator importante que poderá criar oportunidades de crescimento. A colaboração em projetos de investimento e desenvolvimento poderá ampliar a oferta de serviços e aumentar a competitividade do BNU na região.

Como desafios para 2025, o BNU quer reforçar a sua presença no sudeste asiático, através de uma maior participação em empréstimos sindicados de empresas reconhecidas e com potencial de crescimento nesta geografia, e redefinir a estratégia da sua sucursal em Hengqin, com vista ao aumento da sua presença na China e em especial na zona da Grande Baía.

Com uma sólida história em Macau, o BNU está preparado para um futuro promissor, continuando a servir a comunidade local e a desempenhar um papel vital nas relações entre Portugal, os países de língua portuguesa e a Ásia. A capacidade de adaptação será crucial para o sucesso contínuo do banco.

Carlos Cid Álvares, Presidente da Comissão Executiva do BNU, em Macau

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