Alberto Alves de Oliveira Pinto

O Administrador-Geral que lançou a 1ª pedra para a nova sede da CGD

Nomeado para Administrador-Geral da CGD, após a saída de Manuel Jacinto Nunes, que fora designado Governador do Banco de Portugal, Alberto Alves de Oliveira Pinto foi o 15º Administrador-Geral e lançou a 1ª pedra para a nova sede da CGD.

Alberto Alves de Oliveira Pinto nasceu em Paços de Brandão a 26 de Junho de 1932, tendo-se licenciado em Ciências Económicas e Financeiras pelo ISCEF.

A presença de Oliveira Pinto na CGD inicia-se a 7 de Junho de 1980, ao ser nomeado Administrador-Geral, após a saída de Manuel Jacinto Nunes, que fora designado Governador do Banco de Portugal.

Economista de reconhecido mérito participou em múltiplas reuniões, a nível internacional, com o objectivo de analisar assuntos de natureza económica e financeira.
Em Outubro de 1980 integra a delegação portuguesa nas reuniões com o FMI, e em Novembro do mesmo ano encabeça a negociações para a contratação, no Luxemburgo, do “Empréstimo BEI-CGD”, destinado às PMEs. Em Fevereiro de 1982 voltaria a estar presente nas reuniões de negociação com o FMI.

A sua actividade na CGD revestiu-se de uma grande actividade reformadora em vários domínios: reorganização de serviços, remodelação e criação de instalações e reestruturação e valorização dos recursos humanos.

Ao nível da reorganização dos Serviços promoveu uma profunda transformação, com a criação de diversas Direcções vocacionadas para as áreas do crédito, funcionamento de agências, relações com os clientes e novas operações. A descentralização de algumas competências permitiu uma maior operacionalidade e qualidade dos serviços prestados.

Ao nível da rede de agências, além de uma profunda renovação de instalações, apostou numa instalação de novos balcões. Refira-se que durante a sua administração foram instaladas 230 novas agências.

Outra grande aposta de Oliveira Pinto foi a modernização dos Serviços, através da adopção das novas tecnologias, tanto nos Departamentos Centrais como nas agências. Em 1988 a rede de teleprocessamento cobria já o país inteiro. Para desenvolver e apoiar estas novas tecnologias e normalizar procedimentos foi criada a Direcção de Organização e Informática (DOI), a qual passou a centralizar os centros de processamento de dados, bem como todas as funções relacionadas com a informatização da Caixa.

Outra preocupação de Oliveira Pinto foi a valorização dos recursos humanos, promovendo a melhoria das condições de trabalho, de remuneração (mais equiparadas ao sector bancário), apoio ao serviço social e na formação, intensificando as acções com vista ao desenvolvimento pessoal e profissional dos empregados.

Reconhecendo os inconvenientes que a dispersão das Direcções por vários edifícios de Lisboa trazia para o bom funcionamento dos Serviços, desde cedo procurou uma solução que tendesse à centralização num único local de todos os Departamentos Centrais. Em 1981 Oliveira Pinto propõe ao governo a aquisição de um terreno, sito no Campo Pequeno, para aí se construir a futura sede da CGD. Após um concurso de ideias e projectos, foi seleccionado aquele que melhor parecia responder às necessidades.
Oliveira Pinto, e a sua administração, envolveram-se empenhadamente, e com forte entusiasmo neste projecto, indo por vezes contra opiniões públicas contrárias. Não veria, contudo, a sua conclusão na qualidade de Administrador-Geral, pois em Agosto de 1989 foi exonerado, “por conveniência de serviço” e nomeado para o seu lugar Emílio Rui Vilar.

A exoneração de Oliveira Pinto está envolta em alguma polémica provocada por um certo mal-estar existente nas hostes governativas, da época, pela sua posição, algo critica, relativamente à aquisição da maioria do capital do BNU pela Caixa. Um convite, em vão, em 1988 por parte do Ministro das Finanças, para que Oliveira Pinto presidisse a outra instituição de crédito, seria uma forma “airosa” do poder se livrar dele na Administração da CGD e prosseguir a sua politica financeira sem oposição.

Em carta de despedida aos trabalhadores, datada de 17 de Julho de 1989, Oliveira Pinto dizia: “A emoção que sinto no momento em que cesso as funções de Presidente da Caixa Geral de Depósitos, sobretudo pelas circunstâncias que determinaram o meu afastamento, não me deixa ainda assim cair na imodéstia de pensar que o vasto trabalho realizado está finalizado ou é apenas meu … a todos os trabalhadores da CGD manifesto o meu reconhecimento pela colaboração que me foi prestada e endereço os mais cordiais cumprimentos de despedida.”

A actividade de Oliveira Pinto após a sua saída da Caixa, e como reconhecimento do seu valor, continuaria ligada a outras instituições financeiras, ocupando, até à actualidade, os mais altos cargos nas suas administrações.

Zacarias Dias
Gabinete do Património Histórico da CGD
Abril de 2012

Acesso Caixadirecta

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