Abril 2020

15 mai 2020

Mercados Financeiros

Os índices de ações e de crédito evidenciaram fortes valorizações, recuperando parte das quedas de março, suportados pelas políticas macroeconómicas em curso e pela perceção de que em vários países a crise epidemiológica possa ter já atingido o seu pico.

Em abril, os índices de ações e de dívida privada evidenciaram fortes valorizações, recuperando parcialmente das quedas significativas de março. Apesar da visibilidade do atual contexto negativo na atividade e nos resultados empresariais divulgados, as políticas macroeconómicas globais em curso e a perceção de que em vários países do bloco ocidental a crise epidemiológica possa ter atingido o seu pico, suportaram a maior apetência pelo risco.

Enquadramento em abril 2020

No domínio económico, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou o relatório de perspetivas económicas, no qual espera para 2020 a pior contração da atividade global desde a Grande Depressão de 1929-1933, seguida por uma recuperação parcial em 2021. Em resultado da pandemia, a instituição aponta para uma contração de 3% da economia global no corrente ano, pior que o registo de 2009 (-0,1%), aquando da Crise Financeira. Em 2021, o PIB global poderá registar um crescimento de 5,8%, com a normalização da atividade a ser auxiliada pelas políticas implementadas. O bloco desenvolvido poderá apresentar uma contração de 6,1% em 2020, com registos bastante negativos nos principais países: EUA (-5,9%), Área Euro (-7,5%) Reino Unido (-6,5%) e Japão (-5,2%). Analisando as algumas economias da Área Euro (AE): Alemanha (-7,0%), França (-7,2%), Itália (-9,1%), Espanha (-8,0%) e Portugal (-8,0%).

No que respeita a indicadores económicos, nos EUA, segundo o Bureau of Economic Analysis, no 1ºT de 2020 o PIB real registou uma forte contração, de 4,8% (variação em cadeia e anualizada ou de -1,2% não anualizada), a maior desde o 4ºT de 2008. Já a taxa de desemprego evidenciou o maior aumento mensal desde 1975, ao passar de 3,5% em fevereiro, para 4,4% em março, segundo o Bureau of Labor Statistics.
Na AE, o PIB real no 1ºT de 2020 registou a maior quebra desde o início da série em 1995, de 3,8% em cadeia, segundo o Eurostat. Com efeito, de acordo com os institutos nacionais de estatística, este indicador apresentou variações negativas historicamente elevadas, nomeadamente em França, com 5,8%, em Itália, com 4,7% e em Espanha, com 5,2%.
Na China, o PIB real do 1ºT de 2020 contraiu numa dimensão sem precedentes, 9,8% em cadeia, segundo o National Bureau of Statistics. Importa notar que o pico do surto do COVID-19 e o respetivo impacto mais significativo no país deverá ter ocorrido nesse trimestre.

Ao nível dos bancos centrais, a Reserva Federal americana (Fed), manteve-se muito ativa na condução da política monetária, tendo apresentado novos programas de concessão de crédito e procedido a ajustes nos já anunciados. Com efeito, no dia 9 de abril tomou medidas adicionais para proporcionar até 2,3 biliões de dólares de crédito à economia. O comité antecipa manter o intervalo atual das Fed Funds a [0%-0,25%] até estar confiante que a atividade económica já terá ultrapassado esta situação e se encontre em convergência para os objetivos de máximo emprego e de estabilidade de preços. Ademais, o presidente, J. Powell, mencionou que o PIB deverá contrair a um ritmo sem precedentes no 2ºT, afirmando contudo que a Fed tem poderes de concessão de crédito e que irá utilizá-los de forma vigorosa e proactiva.

Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE), no dia 7 de abril, anunciou um conjunto temporário de regras que flexibilizam significativamente os requisitos dos colaterais das operações de refinanciamento. Posteriormente, no dia 22 de abril, tomou medidas para mitigar o impacto de possíveis revisões em baixa de ratings nos colaterais elegíveis. No final do mês, na reunião do dia 30 de abril, melhorou significativamente as condições das operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas (vulgo em inglês TLTRO-III) que ocorrerão entre junho de 2020 e junho de 2021. Em adição, anunciou uma nova série de operações de refinanciamento de prazo alargado não direcionadas, devido à emergência pandémica (sigla em inglês, PELTRO). Por fim, na conferência de imprensa, a presidente, C. Lagarde, enfatizou que o BCE irá utilizar na totalidade a flexibilidade que se encontra inerente ao programa de compra de ativos para combate à pandemia (PEPP).

Mercados Financeiros

Os mercados de ações beneficiaram da melhoria do sentimento dos investidores, suportados pelas indicações de que alguns países poderiam moderar as medidas de contenção da pandemia já no curto prazo, em função da tendência de diminuição do número de novas infeções. Para este maior otimismo terão sido também relevantes a atuação fortemente acomodatícia dos principais bancos centrais e a aprovação de novas medidas de estímulo fiscal em vários países. Desta forma, o índice global (MSCI em euros) apresentou uma rendibilidade de 11%, com valorizações na generalidade das geografias, com destaque para a dos EUA (S&P 500), de 13%. No mês, teve início a divulgação de resultados empresariais do 1ºT 2020, sendo notório o impacto nos lucros da pandemia.

Os índices de dívida pública Barclays, patentearam desempenhos favoráveis em abril, com ganhos em torno dos 0,5%, tanto nos EUA como na AE. Nesta última região, perante a incerteza causada pelas divergências entre os vários Estados-membros quanto à forma de financiamento do Fundo de Recuperação Europeu, verificou-se um aumento dos diferenciais entre as yields das obrigações soberanas dos países europeus e as da Alemanha. Já nas obrigações de dívida privada, a rendibilidade foi transversalmente positiva, principalmente em resultado do forte estreitamento dos spreads, por sua vez beneficiados pela redução da aversão ao risco e pelas medidas monetárias anunciadas.

O índice de matérias-primas Bloomberg, em dólares, evidenciou uma desvalorização de 1,5%, com o contributo negativo dos segmentos de energia e de agricultura penalizados pela contração da procura decorrente do abrandamento global. No que respeita ao setor de agricultura, este apresentou a maior desvalorização, de 5,7%, com quase todos os bens agrícolas a registarem quedas na sequência de expectativas mais favoráveis quanto aos níveis de produção na Austrália. Já o de energia foi penalizado pela queda do preço do petróleo que, perante os receios quanto à capacidade de armazenamento, transacionou nos EUA, pela primeira vez na história, a valores negativos. O segmento de metais industriais, por seu turno, beneficiou dos indícios de reabertura da economia da China, o maior consumidor mundial de metais.

No mercado cambial, o mês foi marcado pela inversão da tendência de aumento da volatilidade, após ter atingido em março os máximos desde 2010, e pela depreciação transversal do euro face às moedas do G10. Com efeito, a moeda única denotou uma queda de 0,7% vs. o dólar, de 1,0% vs. o iene e de 2,1% vs. a libra.

Por fim, no mercado monetário da AE, a taxa Euribor a 3 meses variou +9p.b. para -0,27%, a 6 meses 12p.b. para -0,17% e a 12 meses +5p.b para -0,12%.

Nota: Dados a 30 de abril de 2020, as rendibilidades obtidas constituem performances totais em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura.

Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Banco Central Europeu, Banco de Inglaterra, Banco do Japão, Bloomberg, Bureau of Economic Analysis, Bureau of Labor Statistics, Comissão Europeia, Eurostat, Federal Reserve Bank of St. Louis, Fundo Monetário Internacional, Cabinet Office, MSCI, National Bureau of Statistics of China, Nikkei, Office for National Statistics, Reserva Federal dos Estados Unidos, Standard & Poor's.

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Acesso Caixadirecta

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