Informação outubro 2018

15 out 2018

Mercados financeiros

Em 2018, no final do 3º Trimestre, verificava-se um perfil de rendibilidades positivas dos índices acionistas de referência desenvolvidos com destaque para o americano.

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Em 2018, no final do 3º Trimestre, verificava-se um perfil de rendibilidades positivas dos índices acionistas de referência desenvolvidos com destaque para o americano e, mais recentemente, o japonês, por contraposição dos emergentes. Ao nível das obrigações, a maioria dos principais mercados apresentava desempenhos negativos, dada a forte subida das yields da dívida pública americana e o seu impacto nos restantes segmentos da classe. Esta dinâmica foi claramente influenciada pelo momento económico e de resultados empresariais favoráveis dos países desenvolvidos, associado a subidas de taxas de juro principalmente nos EUA, que contrastou com as incertezas das políticas comerciais e as vulnerabilidades fundamentais em alguns países emergentes. Adicionalmente, a continuação da instabilidade política em Itália, com o anúncio das novas metas para a evolução do défice orçamental, contribuiu para uma subida dos prémios de risco dos ativos domésticos, não gerando, no entanto, um contágio significativo dos mercados financeiros globais.

Economia
Em setembro, a OCDE publicou o relatório intercalar de perspetivas económicas, no qual se destacam as revisões em baixa para o crescimento. O PIB mundial deverá crescer 3,7% tanto em 2018 como em 2019, o que representa um ajuste em baixa em ambos os anos face à publicação anterior. A organização salienta que o crescimento económico se tornou menos sincronizado e que os riscos se intensificaram. Relativamente ao bloco desenvolvido, a instituição nota que a robusta criação de emprego conjugada com uma política fiscal e monetária favorável deverão continuar a suportar a procura doméstica a curto prazo. No que respeita às economias emergentes, a OCDE refere que o cenário económico é menos positivo, particularmente nos países que enfrentam pressões significativas dos mercados financeiros e incertezas relativamente à implementação de reformas. Nos EUA, o mercado de trabalho permaneceu sólido, segundo o Bureau of Labor Statistics (BLS), o número de postos de trabalho, em agosto, aumentou em 201 mil e a taxa de desemprego manteve-se a 3,9%. Na componente salarial, a remuneração média por hora, em termos homólogos, acelerou de 2,7% para 2,9%, em agosto, o registo mais elevado desde 2009. Na área euro, a comissão europeia divulgou o Indicador de Sentimento Económico de setembro, o qual prolongou a tendência decrescente iniciada em janeiro deste ano, com quedas nas vertentes de confiança dos consumidores e dos industriais. Adicionalmente, segundo o Eurostat, a produção industrial de julho, para o mesmo bloco económico, registou uma variação mensal negativa pelo segundo mês, de 0,8%. Em Portugal, o Conselho de Finanças Públicas divulgou o relatório “Finanças Públicas: Situação e Condicionantes 2018-2022”, as projeções para o PIB mantiveram-se, face à publicação de março, a 2,2%, em 2018, a 1,9%, em 2019, a 1,7%, em 2020 e em 2021 e a 1,6%, em 2022.

Mercado Monetário
Em setembro, os principais fatores explicativos dos movimentos das taxas de curto de prazo dos EUA e da Área Euro (AE) estiveram associados às reuniões dos respetivos bancos centrais. No bloco europeu, a continuação da orientação futura do Banco Central Europeu (BCE) sobre as taxas de juro, que se manterão aos níveis atuais até pelo menos ao verão de 2019, tem limitado potenciais variações nas taxas de maturidades mais curtas. Neste contexto, as taxas Euribor a 3 e a 6 meses mantiveram-se estáveis a -0,32% e a -0,27%, respetivamente. Por seu turno, no caso americano as taxas de mercado monetário reagiram positivamente ao terceiro aumento das Fed Funds (FF) deste ano (oitavo desde 2015) e à divulgação do sumário das projeções de cada membro do comité da Fed continuando a apontar para subidas graduais das FF nos próximos anos. Com efeito, indica um novo aumento das FF no decorrer deste ano, para o intervalo [2,25% - 2,50%], três durante 2019, para [3,00% - 3,25%] e um em 2020, para [3,25% - 3,50], estabilizando nesse patamar em 2021 para convergir, posteriormente, para o nível de FF estimado para o longo prazo (próximo de 3,00%). Em resultado, as taxas Libor aumentaram para os prazos de referência, designadamente o de 3 meses, de 2,32% para 2,40%, o de 6 meses, de 2,54% para 2,60% e o de 12 meses, de 2,84% para 2,92%. Dado este enquadramento, as expectativas de mercado relativamente à trajetória das FF, as taxas implícitas nos futuros subiram em consonância. Assim sendo, a taxa subjacente ao futuro com vencimento em dezembro de 2018 subiu 3 pontos base., para 2,26%, estando em sintonia com as projeções para o final deste ano.

Bancos Centrais
Nos EUA, a Fed, na reunião de 25 e 26 de setembro, decretou o terceiro aumento, de 25 pontos base (p.b.)., do intervalo das FF para [2,00% -2,25%], no ano. Na declaração introdutória foi sublinhada a solidez do crescimento económico e do mercado de trabalho e a permanência da inflação em torno do objetivo. Neste enquadramento, o comité removeu do comunicado a menção que a política monetária continua acomodatícia. Paralelamente, foi mantida a mensagem de que aumentos graduais das FF serão consistentes com uma expansão sustentada da atividade económica, um mercado de trabalho robusto e uma inflação próxima do objetivo (2%). Na AE, o BCE, na reunião de 13 de setembro, decidiu a manutenção das taxas diretoras e a não alteração das mesmas até, pelo menos, ao verão de 2019, que o programa de compras de ativos em outubro passará para 15 biliões de euros, situando-se nesse valor até ao final de dezembro e que a prossecução da política de reinvestimento de capital dos títulos vincendos continuará por um período prolongado, após o termo das aquisições e enquanto for considerada necessária.

Mercado de obrigações – dívida soberana
Os mercados de dívida pública americano e alemão foram pressionados pela continuação do contexto económico favorável e de políticas monetárias tendencialmente menos acomodatícias, tendo apresentado rendibilidades negativas no mês. No caso dos EUA, a conjuntura económica favorável culminou na desvalorização do respetivo índice em 1,1%, enquanto o germânico caiu 0,9%. No que respeita ao agregado da área euro, dada a redução dos prémios de risco italianos, este manteve-se relativamente inalterado. Em setembro, a evolução das taxas de juro alemãs foi influenciada não só pela envolvente política europeia, mas também contagiada pelo contexto de subida generalizada das yields a nível global. Desta forma, a variação mensal da taxa de juro a 10 anos, não obstante a volatilidade registada, foi de +14 pontos base. Nos restantes países da área euro, verificou-se uma redução do diferencial entre as yields da maioria dos emitentes soberanos, as dinâmicas da postura do governo italiano permitiram uma redução dos spreads a 10 anos face à Alemanha, em 23p.b. para 2,68%, ainda que, em termos anuais este registo se situe em +109p.b.. No que concerne às emissões portuguesas e espanholas para as mesmas maturidades, o estreitamento foi de 19p.b. e 12p.b., para 1,41% e 1,03%, respetivamente.

Mercado de obrigações – dívida empresarial
No último mês, a classe de crédito, em consequência do impacto negativo da subida das yields, apresentou rendibilidades divergentes entre os segmentos de melhor e pior qualidade creditícia. Os índices de referência Barclays para os agregados de maior qualidade creditícia (IG- investment grade) registaram desvalorizações de 0,3% em euros e de 0,4% em dólares. Os compósitos de pior qualidade creditícia (HY- high yield), por seu lado, evidenciaram valorizações em ambas as moedas. Este último segmento, de títulos denominados na moeda americana, poderá ter beneficiado do maior peso relativo das empresas do setor de energia, num mês em que o preço do petróleo se destacou pela positiva. No que concerne aos volumes de novas emissões na Europa e nos EUA, em virtude do supracitado contexto, manteve-se o dinamismo positivo, em termos homólogos, com o mês a apresentar, inclusivamente, o melhor registo do ano. Comparativamente a setembro de 2017 o volume global cresceu 11%, com as emissões do setor financeiro a aumentarem apenas 2% face à variação dos restantes setores, de 18%.

Cambial
No mês de setembro, apesar da manutenção de uma envolvente global caracterizada pela instabilidade em torno do comércio internacional e do projeto europeu, a taxa de câmbio da moeda europeia face ao dólar permaneceu relativamente inalterada. Por outro lado, à depreciação do iene e do renminbi de 2,3% e 0,6%,respetivamente, versus o euro, contrapôs-se a valorização da libra, de 0,5%. Neste contexto, o comportamento do euro foi marcado por volatilidade, embora tenha encerrado o mês quase inalterado face ao dólar.

Mercado de ações
Em setembro, os mercados acionistas destacaram-se pela positiva, influenciados pela perceção da redução das tensões comerciais, em resultado da introdução de novas tarifas, por parte dos EUA sobre importações chinesas, abaixo das expectativas. Desta forma, o índice global de ações (MSCI em dólares) apresentou uma rendibilidade positiva de 0,6%, continuando a verificar-se uma divergência em termos regionais, entre os ganhos nos EUA (S&P500) e no Japão (Nikkei), a estabilidade na área euro (MSCI), e as perdas nos mercados emergentes (MSCI em dólares), de -0,5%. As ações nipónicas estiveram em evidência no mês transato, com o índice Nikkei a atingir o valor mais elevado em quase 27 anos. O mercado acionista americano manteve uma evolução favorável face à maioria dos seus congéneres, tendo o S&P 500 e o Dow Jones, inclusivamente atingido novos níveis máximos históricos. Para tal têm sido determinantes os dados divulgados, particularmente os referentes à atividade, como o indicador Institute for Supply Management da indústria a registar máximos de 14 anos e os de sentimento económico, tais como o Otimismo dos Pequenos Empresários, a verificar o valor mais alto de sempre, e a Confiança dos Consumidores, próximo dos seus máximos históricos. Na Europa, os vários índices apresentaram tendências distintas, com os ganhos de França e de Itália, cujas valorizações contrastaram com as perdas de Portugal e de Espanha. No caso específico do índice português, a maioria dos seus constituintes a registarem rendibilidades negativas.

Matérias-Primas
O índice de matérias-primas da Bloomberg, em dólares, evidenciou uma rendibilidade positiva, em setembro, em especial pelo contributo de energia e de metais industriais, os quais valorizaram 5,2% e 2,2%, respetivamente. Os restantes segmentos apresentaram desvalorizações, com o de agricultura a variar -2,1% e o de metais preciosos -0,3%. No mês de setembro, foram especialmente os fatores de índole fundamental (oferta e procura) a dominarem o mercado, gerando assim comportamentos mistos nos subsegmentos de matérias-primas. O compósito de energia foi o principal contribuidor positivo para o desempenho da classe, em função das primeiras evidências de redução das exportações do Irão com o aproximar do início das sanções norte americanas (novembro) aos países que continuem a importar petróleo deste país. No que respeita ao agregado de metais industriais, estes beneficiaram da queda dos inventários de cobre durante o mês de setembro, por seu turno; o segmento agrícola foi prejudicado pelas perspetivas mais otimistas em relação às produções de milho e de trigo nos EUA; no sub-índice de metais preciosos, a performance do ouro foi penalizada pelo contexto de subida generalizada de taxas de juro.

Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Bureau of Economic Analysis, Bureau of Labor Statistics, Comissão Europeia, Eurostat, Institutos Nacionais de Estatística, Bancos Centrais, MSCI, Bloomberg, FRED, Moodys, S&P, Ficth, FMI, OCDE, Banco Mundial, Comissão Europeia, CBO, Markit, ISM.

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