Abril 2022

13 mai 2022

Políticas monetárias mais restritivas impulsionam as yields

Em abril, os mercados acionistas e de rendimento fixo apresentaram desempenhos negativos, ao serem penalizados pelas preocupações dos bancos centrais quanto à permanência da inflação em níveis elevados.

Em abril, a manutenção da inflação em níveis elevados, para a qual contribuíram as disrupções criadas pelo conflito na Ucrânia, constituiu um dos fatores dominantes nos mercados financeiros. No período, salientaram-se também as preocupações dos bancos centrais quanto à subida dos preços, os quais voltaram a evidenciar a preferência por medidas de maior restritividade. Assim, a maioria dos mercados acionistas registou desvalorizações, com destaque para o dos EUA. Igualmente, os ativos de rendimento fixo apresentaram desempenhos negativos, tanto em função da subida das yields de referência como pelo alargamento dos spreads de crédito, no caso da dívida privada.

Enquadramento: abril 2022

No domínio económico, o Fundo Monetário Internacional publicou o seu relatório de perspetivas, no qual nota que o crescimento global deverá abrandar significativamente este ano, mais precisamente de 6,1% em 2021 para 3,6% tanto em 2022 como em 2023, o que corresponde a uma revisão de -0,8 pontos percentuais (p.p.) e de -0,2p.p. face a janeiro, respetivamente. Este movimento deriva em grande parte da ofensiva russa na Ucrânia. No que respeita à análise sobre a inflação, esta deverá persistir elevada por mais tempo do que o anteriormente esperado. A guerra aumentou ainda mais os preços das mercadorias e intensificou as ruturas de abastecimento impulsionando a inflação.

Na Área Euro (AE), salientou-se a primeira leitura do crescimento do 1ºT de 2022, que permaneceu em território positivo apesar do conflito na Ucrânia iniciado a 24 de fevereiro. De facto, o PIB real da AE moderou para 0,2%, em cadeia, após 0,3% no 4ºT de 2021. De entre os Estados-membros, de realçar, face ao trimestre anterior, os registos positivos de Alemanha (de 0,2% após -0,3%), de Espanha (de 0,3% após 2,2%) e de Portugal (de 2,6% após 1,7%), a estagnação de França (de 0,0% após 0,8%) e a contração de Itália (de -0,2% após 0,7%).
Nos EUA, também se realçou a divulgação da estimativa preliminar do PIB real do 1ºT, que surpreendeu os analistas ao ter registado uma contração. Com efeito, a atividade económica norte-americana apresentou uma queda de 0,4%. Porém, este número mascara uma procura interna positiva, uma vez que o consumo privado e o investimento empresarial evidenciaram desempenhos sólidos.

Ao nível dos bancos centrais, o Banco Central Europeu (BCE), na reunião de abril, não alterou as taxas de referência nem o plano para o programa de compra de ativos, que se encontra a 40 mil milhões (MM) de euros em abril, sendo reduzido para 30MM em maio, para 20MM em junho, permanecendo em aberto o que será efetuado no 3ºT. Porém, foi notado que os dados recebidos desde a reunião anterior reforçaram a expectativa de que a aquisição de ativos deverá terminar no 3ºT. Ademais, foi salientado que o BCE encontra-se preparado para ajustar todos os instrumentos, incorporando flexibilidade se necessário, de forma a assegurar que a inflação estabiliza a 2,0% no médio prazo. Neste âmbito, o índice de preços continuou a subir, ao ter passado de 7,4% v.h. em março para 7,5% em abril, segundo a estimativa preliminar do Eurostat. No mesmo sentido, a métrica que exclui as componentes mais voláteis, também aumentou, de 2,9% v.h. para 3,5%.

Nos EUA, a Reserva Federal americana (Fed) publicou a ata da reunião de março, na qual tinha aumentado as FF em 25 pontos base (p.b.) para o intervalo [0,25%-0,50%]. Muitos participantes observaram que um ou mais aumentos de 50p.b. poderiam ser adequados em reuniões futuras. Aliás, consideraram que seria apropriado mover a política monetária para um patamar neutro (um nível de taxas que não estimula nem restringe a atividade) de forma expedita. Ademais, apresentaram uma proposta para a redução do balanço.

Mercados Financeiros: abril 2022

A classe acionista terminou o mês com um registo negativo, penalizada pela manutenção do conflito bélico na Europa de Leste e pelas preocupações que a permanência da inflação em níveis elevados possa obrigar a uma postura monetária de maior restritividade por parte dos principais bancos centrais. A desvalorização do índice de referência dos EUA foi uma das mais substanciais, tendo caído para os valores mais baixos desde maio de 2021. Não obstante estes desempenhos, a época de divulgação de resultados em curso tem-se demonstrado favorável, na medida em que surpreenderam pela positiva e permitiram a revisão em alta das estimativas de lucros para o ano.

Os principais mercados de dívida pública desvalorizaram, condicionados pelo contexto de fortes subidas das yields. Em específico, nos EUA, para a subida das taxas de juro contribuiu sobretudo o aumento da componente real, motivada pela expectativa de implementação mais célere de uma política monetária com um viés mais restritivo. A trajetória das yields germânicas, por seu turno, resultou principalmente do aumento dos prémios de risco de inflação, para os quais influíram os receios da agudização das pressões inflacionistas, agravados pelas disrupções nas cadeias de distribuição global. Neste contexto, os segmentos de dívida privada apresentaram rendibilidades negativas, penalizados também pelo alargamento de spreads de crédito.

A classe de matérias-primas valorizou em abril, suportada pelos desempenhos positivos nos agregados de energia e de agricultura, que colmataram, inclusivamente, as perdas registadas nos de metais industriais e de metais preciosos. Para as subidas dos bens energéticos afiguraram-se como relevantes as disrupções criadas pelo conflito militar na Europa de Leste. Já a dinâmica do compósito de agricultura refletiu, na maioria, as valorizações da soja, cujo preço esteve próximo dos máximos históricos, e do milho. Em oposição estiveram os metais industriais, com perdas transversais a todos os constituintes, condicionados pela queda expressiva da procura por parte da China.

No mercado cambial, o dólar patenteou um perfil de apreciação tanto face às moedas mais transacionadas a nível mundial, as do G10, como face às de emergentes. Já o euro evidenciou um comportamento misto face às moedas do G10, mas de depreciação quase generalizada face às de emergentes. Concretamente, o par cambial euro/dólar encerrou o mês com uma desvalorização em torno de 5,0%.

No mercado monetário da AE, a taxa Euribor subiu nos principais prazos de referência, a de 3 meses +3p.b. para -0,43%, a de 6 meses +14p.b. para -0,23% e a de 12 meses +24p.b., para 0,17%.

Nota: dados a 30 de abril de 2022, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.

As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura.

Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Fed, BCE, Eurostat, BEA,CME, FMI.

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Acesso Caixadirecta

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