Agosto 2021

17 set 2021

Possibilidade da Fed iniciar o tapering até final do ano

O mercado acionista global atingiu novos máximos, suportado por resultados empresariais do 2ºT de 2021 acima do esperado e pelo contexto económico robusto, apesar da moderação observada em alguns indicadores e do aumento de casos de COVID-19 nos EUA.

O mercado acionista global atingiu novos máximos, as yields das obrigações do tesouro mantiveram-se próximas dos níveis mínimos dos últimos meses e os spreads de crédito permaneceram estáveis. Estes comportamentos foram suportados por resultados empresariais do 2ºT de 2021 acima do esperado e pelo contexto económico robusto, apesar da moderação observada em alguns indicadores e do aumento de casos de COVID-19 nos EUA. No mês, salientou-se o discurso do presidente da Fed, no Simpósio de Jackson Hole, no qual J. Powell reiterou que, se a economia evoluir como o previsto, poderá ser apropriado começar a reduzir o ritmo de aquisição de ativos (tapering) ainda este ano.

Enquadramento: agosto 2021

No domínio económico, na Área Euro (AE), a atividade prolongou a trajetória de recuperação, embora esta continue a ser condicionada por disrupções na oferta e a evolução da pandemia de COVID-19 se mantenha como um risco latente. Com efeito, as vendas a retalho, referentes ao mês de junho, registaram um crescimento mensal de 1,5%, após 4,1% em maio, de acordo com o Eurostat. Já a produção industrial, para o mesmo período, observou uma queda pelo segundo mês consecutivo, de 0,3%, após -1,1% em maio. A indústria continuou impactada por condicionamentos nas cadeias de produção, nomeadamente a escassez de alguns componentes. Os dados qualitativos, baseados em inquéritos, relativos a agosto, denotaram alguma moderação, porém continuando em patamares robustos.

Nos EUA, assistiu-se ao aumento significativo de novos casos de COVID-19, que, inclusivamente, influenciou negativamente alguns indicadores de confiança. De facto, o indicador de sentimento dos consumidores da Universidade de Michigan apresentou uma das maiores quedas desde 1978. Outros indicadores relacionados com o setor industrial e dos serviços, divulgados em agosto, também registaram descidas, embora não tão significativas, permanecendo ainda em níveis favoráveis. Assim, apesar destes desenvolvimentos apontarem para alguma moderação, a atividade norte-americana manteve-se sólida, com os efeitos económicos da pandemia a serem cada vez menores. Neste seguimento, de mencionar que foram criados 943 mil postos de trabalho em julho e que a taxa de desemprego registou uma descida considerável, ao passar de 5,9% para 5,4%, segundo o BLS.

Ao nível dos bancos centrais, o Banco Central Europeu (BCE), divulgou a ata da reunião de política monetária de julho, na qual tinha sido decidida a nova orientação para as taxas diretoras, que define que estas deverão manter-se nos níveis atuais, ou inferiores, até se observar que durante o horizonte de projeções a inflação atinge de forma duradoura os 2,0% e se considerar que os progressos realizados na inflação subjacente estão consentâneos com objetivo de estabilidade de preços. Porém, a ata mostra que esta decisão não foi unânime, embora tenha sido suportada por uma larga maioria. As reservas de alguns membros relacionaram-se com a probabilidade de registos de inflação acima do objetivo e de fornecer perspetivas de taxas de juro muito baixas durante um período de tempo muito longo. Importa notar que a estimativa preliminar do índice de preços de agosto situou-se a 3,0% v.h., o máximo desde 2011.

Nos EUA, no simpósio de política monetária de Jackson Hole, o presidente da Fed declarou que, na sua opinião, o requisito de progressos substanciais na inflação se encontra cumprido. Quanto ao máximo emprego, têm havido desenvolvimentos claros. Deste modo, reiterou que, se a economia evoluir como o previsto, poderá ser apropriado começar a reduzir o ritmo de aquisição de ativos ainda este ano. Porém, sinalizou que o calendário para a redução da compra de ativos não acarretará um sinal direto para as alterações futuras das taxas de juro.

Mercados Financeiros: agosto 2021

Na classe acionista, foram observados ganhos na maioria dos mercados, suportados pelo contexto económico favorável, pela época de divulgação de resultados do 2ºT de 2021 dominada pelas surpresas positivas e pela manutenção de uma retórica prudente relativamente à normalização das medidas acomodatícias em vigor, por parte dos principais bancos centrais. Em mercados de países desenvolvidos evidenciaram-se os da AE e dos EUA, que atingiram novos máximos históricos. Relativamente aos de emergentes, destacaram-se, pela positiva os mercados da Índia, da Rússia e de Taiwan, e pela negativa o do Brasil, penalizado pela queda dos preços do petróleo e do cobre, a par com a instabilidade política no país.

Os principais mercados de dívida pública registaram perdas, num contexto de subida de yields, influenciadas pelo ambiente económico positivo e de métricas de inflação relativamente elevadas, quando comparadas com as dos últimos anos. Adicionalmente, para estes comportamento foi relevante a expectativa de redução dos programas de compras de ativos da Fed, após ter sido afirmada a possibilidade do processo ter início este ano, tanto nas atas da última reunião como no discurso de J.Powell em Jackson Hole. No que respeita às obrigações de dívida privada, foram negativamente impactadas pela subida das taxas de juro sem risco, que causou, inclusivamente, rendibilidades negativas nos segmentos de melhor qualidade creditícia.

A classe de matérias-primas desvalorizou em termos agregados, penalizada pelas perdas do segmento de energia e de metais preciosos. A evolução do compósito de energia espelhou a queda dos preços do petróleo, que registaram uma volatilidade significativa no mês, penalizados por expectativas de aumento de produção da OPEP em 400 mil barris por dia, a partir de outubro. Já as perdas do compósito de metais preciosos ocorreram pelas fortes quedas da prata, cujo preço esteve próximo dos mínimos de 8 meses. No caso do segmento de metais industriais, cuja performance foi marginalmente positiva, a apreciação do alumínio colmatou as perdas dos restantes constituintes, influenciado por disrupções no transporte, por redução na oferta e por expectativas de aumento do consumo.

No mercado cambial, o euro evidenciou um comportamento de depreciação tanto face à maioria das moedas de países desenvolvidos como de emergentes. Esta dinâmica encontra-se relacionada com a postura relativamente mais prudente do BCE face à de outras autoridades monetárias. De facto, alguns bancos centrais já iniciaram o processo de aumento das taxas de juro ou anunciaram a possibilidade de as aumentar no curto prazo, iniciaram o tapering ou estão a ponderar faze-lo em breve, ao contrário do BCE.

Por fim, no mercado monetário da Área Euro, a taxa Euribor a 3 meses manteve-se a -0,55%, a de 6 meses a -0,52% e a de 12 meses a -0,50%.

Nota: dados a 31 de agosto de 2021, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura.

Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Fed, BCE, Eurostat, Universidade de Michigan, U.S. BUREAU OF LABOR STATISTICS, CME, Comissão Europeia.

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Acesso Caixadirecta

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