Dezembro 2023

10 jan 2024

Expectativa de corte de taxas impulsiona mercados

Em dezembro a maioria dos principais bancos centrais manteve as taxas diretoras, evidenciando, contudo, um aumento da predisposição para reduzir a restritividade das políticas monetárias em 2024, contribuindo para a valorização dos mercados financeiros.

No último mês de 2023, a maioria dos principais bancos centrais manteve as taxas diretoras inalteradas evidenciando, contudo, um aumento da predisposição para reduzir o grau de restritividade das políticas monetárias em 2024. Nos EUA, a mediana das projeções dos membros da Fed para as taxas de referência foi revista em baixa, o que, a confirmar-se, representará um corte de 0,75 p.p. das Fed Funds até dezembro. Este contexto, a par da resiliência da atividade, impulsionou os mercados obrigacionistas, com as yields a atingirem nos EUA e na Área Euro mínimos de vários meses, e acionistas, com os das referidas geografias a situarem-se próximos ou mesmo nos máximos históricos.

Enquadramento: dezembro 2023

Ao nível económico, salientou-se a divulgação dos relatórios de inflação de novembro que revelaram uma moderação mais acentuada que o esperado do crescimento dos preços no consumidor, quer nos EUA, quer na Área Euro. Efeitos de base associados à energia voltaram a contribuir para esta evolução, a par da desaceleração dos preços da componente subjacente. Em termos homólogos, o crescimento dos preços no consumidor diminuiu de 3,2% para 3,1%, e de 2,9% para 2,4%.

No que respeita aos indicadores de atividade divulgados, estes continuaram a transmitir sinais de um contexto mais benigno nos EUA e no Japão que na Área Euro e na China. No caso norte-americano, a criação de emprego aumentou em novembro mais do que o esperado, tendo a taxa de desemprego recuado para um valor próximo do mínimo das últimas cinco décadas, impulsionando, no final de 2023, a confiança dos consumidores, facto que não deverá ter sido alheio à descida dos preços dos combustíveis. Na Área Euro, os dados conhecidos ilustraram um claro arrefecimento da economia, sugerindo uma nova contração no último trimestre. Adicionalmente, a atividade nas empresas diminuiu, em virtude da deterioração a que se assistiu no setor dos serviços. Na Alemanha, estes demonstraram uma particular debilidade, com os números respeitantes ainda a outubro a evidenciarem quedas quer das exportações, quer das encomendas dirigidas ao setor industrial, onde a atividade contraiu pelo quinto mês sucessivo. Na Ásia, enquanto na China, onde o risco de deflação aumentou, a Moody’s reviu de “estável” para “negativo” o “outlook" para a dívida soberana daquele país, no Japão as vendas a retalho voltaram a demostrar em novembro que o consumo atravessa uma das fases mais favoráveis em três décadas.

No que respeita aos bancos centrais, destacou-se a realização dos Conselhos de Governadores (CG) das quatro principais instituições, nos quais a decisão de manter inalteradas as taxas de juro diretoras não constituiu surpresa. Realce para o do Banco Central Europeu (BCE) e o da Reserva Federal dos EUA (Fed) que adotaram posições contrastantes em relação às orientações futuras de política monetária. Embora o primeiro tenha reconhecido progressos na descida da inflação, manteve uma posição prudente relativamente à incorporação prematura de cortes das taxas de referência, sublinhando que os riscos em torno dos preços permanecem enviesados no sentido ascendente. Para além disso, voltou a advertir para a expetativa de agravamento da inflação nos próximos meses, sublinhando que o CG não debateu qualquer cenário de alteração das taxas diretoras. Votou ainda a favor da antecipação em seis meses, para julho de 2024, do início do processo de redução dos montantes dos reinvestimentos dos ganhos com os títulos adquiridos ao abrigo do programa de compra de emergência da pandemia (PEPP) e da sua descontinuidade no final do ano. Nos EUA, para além de ter reconhecido que o crescimento da inflação se encontram em abrandamento, o Presidente da Fed admitiu que as taxas diretoras já se situam em níveis restritivos, e que o CG debateu abertamente o tema da redução. Nesse contexto, a mediana das projeções dos membros do Fed passou a antecipar um corte das Fed Funds de 75 p.b. em 2024 e de 100 p.b. no seguinte.

Mercados Financeiros: dezembro 2023

O final do ano foi marcado pela consolidação das expetativas de cortes de taxas de juro em 2024 pelos principais bancos centrais, o que beneficiou a generalidade dos mercados acionistas. De realçar que várias geografias atingiram ou situaram-se próximos dos máximos históricos, espelhando também uma perspetiva económica mais favorável que a descontada anteriormente. No bloco desenvolvido, esteve em evidência os EUA, cujo desempenho refletiu as apreciações substanciais dos títulos das empresas denominadas como as “sete magnificas” - Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon, Tesla, Meta e Nvidia. O agregado de emergentes, por seu turno, averbou ganhos mais modestos, penalizado pela desvalorização dos títulos da China, por sua vez, pressionados por perspetivas económicas menos benignas para 2024 e pela dificuldade financeira do setor imobiliário.

Na classe de rendimento fixo, os principais mercados de dívida pública voltaram a valorizar, numa conjuntura generalizada de queda de taxas de juro. Para tal foram cruciais a moderação das métricas de inflação e as reuniões de política monetária, na maioria pautadas por uma retórica percecionada como menos restritiva.

Também os segmentos de dívida privada evidenciaram ganhos transversais, mais vincados no caso dos emitentes denominados em dólares, beneficiando do estreitamento de prémios de risco creditício das empresas.

A classe de matérias-primas desvalorizou, com a maioria dos componentes a denotar perdas. A exceção foram os metais industriais, impulsionados pelas subidas dos preços do alumínio e do zinco, em função do aumento das importações da China. Em oposição, no compósito de bens energéticos, cuja queda foi a mais acentuada, destacaram-se as variações negativas dos preços do gás natural e do petróleo, este último influenciado pela divulgação de dados que revelaram um aumento das reservas no mês, bem como da produção nos EUA para níveis recorde. Já no segmento agrícola, a maioria dos bens desvalorizou, em particular o açúcar, que atingiu mínimos de 8 meses. Por fim, o agregado de metais preciosos, não obstante a apreciação do ouro, registou perdas em função da depreciação expressiva da cotação da prata.

Já no mercado cambial, o euro apreciou face ao dólar e depreciou face ao iene. O dólar, por seu lado, apresentou um perfil maioritariamente de depreciação tanto face às moedas mais transacionadas globalmente, bem como face às dos principais países emergentes.
No mercado monetário, o reforço da perspetiva de redução das taxas diretoras do BCE, em 2024, conduziu ao segundo mês de queda da taxa Euribor no caso do prazo dos 3 meses, enquanto nos prazos dos 6 meses e dos 12 meses foram observados decréscimos pelo terceiro mês consecutivo.

Nota: dados a 31 de dezembro de 2023, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Conference Board, BEA, BLS, Fed, Eurostat, BCE, METI, NBS e Moody’s.

Disclaimer:
Esta informação é realizada com um objetivo informativo. Não constitui uma recomendação de investimento e não pode servir de base à compra ou venda de ativos nem à realização de quaisquer operações nos mercados financeiros assim como não deve ser considerado a base de qualquer tipo de contrato ou investimento que possa ser realizado.
A Caixa Gestão de Ativos, SGOIC, S.A. (empresa do Grupo Caixa Geral de Depósitos) defende o princípio da diversificação de investimentos, por diferentes classes de ativos, geografias e setores de atividade e o acompanhamento da evolução dos diferentes mercados financeiros.
A visão apresentada na presente informação reflete apenas o posicionamento da Caixa Gestão de Ativos, SGOIC, S.A., não constitui uma recomendação de investimento e não pode servir de base à compra ou venda de ativos nem à realização de quaisquer operações nos mercados financeiros.
A presente informação incorpora a visão desenvolvida pela Caixa Gestão de Ativos e baseia-se em informação pública disponível e nas condições de mercados à data, proveniente de várias fontes que se creem credíveis, não sendo possível garantir que a mesma esteja completa ou precisa, estando sujeita a revisões, atualizações e alterações futuras sem aviso prévio. Não pode, assim, ser imputada qualquer responsabilidade à Caixa Gestão de Ativos por perdas ou danos causados pelo seu uso.
As rendibilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rendibilidade futura.
Salvo autorização expressa da Caixa Gestão de Ativos, não está autorizada a publicação, duplicação, extração e transmissão destes conteúdos informativos. A Caixa Gestão de Ativos não se responsabiliza por qualquer facto suscetível de alterar a integridade do conteúdo desta mensagem, resultante da sua transmissão eletrónica.

Acesso Caixadirecta

Acesso Caixadirecta

Dezembro 2023

Expectativa de corte de taxas impulsiona mercados

Em dezembro a maioria dos principais bancos centrais manteve as taxas diretoras, evidenciando, contudo, um aumento da predisposição para reduzir a restritividade das políticas monetárias em 2024, contribuindo para a valorização dos mercados financeiros.