Janeiro 2023

10 fev 2023

Início de ano com valorizações na maioria dos mercados

O ano de 2023 iniciou-se com desempenhos positivos na maioria dos mercados, suportados pela expectativa que os bancos centrais reduzam o seu ímpeto para implementar políticas monetárias cada vez mais restritivas, em resultado do abrandamento da inflação.

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O ano de 2023 iniciou-se com desempenhos positivos na maioria dos mercados financeiros, suportados pela expectativa que os bancos centrais reduzam o seu ímpeto para implementar políticas monetárias cada vez mais restritivas, em resultado do contexto de abrandamento da inflação. Especificamente, na classe de ações, salientaram-se as valorizações do índice de referência para a Área Euro, de quase 10%. Já ao nível económico, esteve em destaque a divulgação dos índices de preços no consumidor de dezembro, tanto dos EUA como da Área Euro, cujas variações homólogas voltaram a denotar uma tendência de abrandamento.

Enquadramento: janeiro 2023

Ao nível económico, o Fundo Monetário Internacional divulgou o relatório intercalar de perspetivas, que notou que o panorama para a atividade global continuava débil, apesar de ligeiramente melhor face ao de outubro. De facto, o crescimento mundial deverá abrandar de 3,4% em 2022 para 2,9% em 2023 e, posteriormente, acelerar para 3,1% em 2024. Em específico, a projeção de 2023 continuava abaixo da média histórica de 2000-2019, de 3,8%, embora tenha sido revista em alta em 0,2 pontos percentuais (p.p.). O crescimento baixo de 2023 foi justificado pelo endurecimento da política monetária e pela guerra na Ucrânia, que deverão continuar a condicionar a atividade.

Em termos de dados divulgados, na Área Euro (AE), foi publicada a estimativa preliminar do PIB real do 4ºT de 2022, que surpreendeu os analistas, ao registar um crescimento de 0,1% em cadeia, em vez da contração ligeira antecipada, com este desempenho a ser possibilitado pela dinâmica da economia irlandesa. Adicionalmente, os dados avançados e de confiança continuaram a recuperar, embora permanecendo em níveis tradutores de debilidade da atividade.

De forma similar, nos EUA, também foi publicada a primeira leitura do PIB real do 4ºT, que cresceu 0,7% em cadeia, ligeiramente acima do esperado pelos analistas. Porém, a composição evidenciou o arrefecimento da procura interna, em função do abrandamento do consumo privado e da contração do investimento fixo das empresas. Por seu turno, os indicadores avançados da indústria e dos serviços, publicados em janeiro, situaram-se, na sua maioria, em território de contração. Já o mercado de trabalho continuou a pautar-se pela robustez, com a criação de 223 mil postos de trabalho em dezembro e com a taxa de desemprego em níveis historicamente baixos, a 3,5%.

Relativamente aos bancos centrais, foi divulgada a ata da reunião de dezembro do Banco Central Europeu (BCE), onde foi registado o aumento das taxas diretoras em 50 pontos base (p.b.). No documento, foi notado que um grande número de membros havia manifestado uma preferência inicial por um aumento de 75p.b.. No entanto, alguns destes manifestaram vontade de chegar a acordo sobre um incremento de apenas 50p.b., se uma maioria apoiasse uma comunicação reforçada sobre as intenções do BCE de que continuaria a subir as taxas de forma significativa e a um ritmo sustentado. Esta retórica foi reiterada ao longo do mês por alguns governadores e pela presidente, C. Lagarde, que declarou que a instituição manteria o curso da política monetária até ser atingido um território suficientemente restritivo e durante o tempo necessário para que a inflação convergisse atempadamente para 2%. Importa notar que a inflação homóloga de dezembro permaneceu elevada, a 9,2%.

Nos EUA, a Reserva Federal americana (Fed) também publicou a ata da reunião de dezembro, em que subiu as taxas em 50p.b. para o intervalo de [4,25%-4,50%]. Os participantes no Comité de Política Monetária desta autoridade observaram que um abrandamento do ritmo de aumentos permitiria avaliar melhor o progresso em direção aos objetivos, designadamente o de estabilidade de preços. Importa notar que a variação homóloga em dezembro do índice de preços PCE - a métrica de referência da Fed para a inflação - fixou-se a 5,0% em dezembro.

Mercados Financeiros: janeiro 2023

Em janeiro, os mercados de ações evidenciaram ganhos, suportados pela perceção de que os principais bancos centrais poderá estar próximo do fim do ciclo de aumentos das taxas diretoras, apesar da divulgação dos resultados empresariais do 4ºT com números mais fracos que em trimestres anteriores e de, no caso dos EUA, a maioria das empresas ter revisto em baixa as suas perspetivas. Em termos geográficos, no bloco desenvolvido, salientaram-se as valorizações dos mercados acionistas da Área Euro, de aproximadamente 10%, e dos EUA, de mais de 6%. No bloco de emergentes, esteve em destaque o desempenho positivo do índice de referência da China, impulsionado pelo otimismo gerado pela redução das medidas de controlo da Covid-19.

No que respeita à classe de rendimento fixo, os índices de dívida pública averbaram ganhos, num período marcado pela descida das yields, a qual foi mais pronunciada nos prazos mais longos. Para estes desempenhos demonstrou-se relevante a tendência de abrandamento da inflação, tanto nos EUA como na Área Euro, patente nos índices de preços no consumidor de dezembro divulgados. Em paralelo, os mercados de dívida privada foram beneficiados não só pelo contexto queda de taxas de juro de mercado de referência, mas também pela maior propensão dos investidores por ativos de risco, apresentando rendibilidades transversalmente positivas.

A classe de matérias-primas desvalorizou, ao ser penalizada pelo contributo negativo do segmento de energia, apesar de os restantes terem registado ganhos. Em especifico, o desempenho negativo de energia refletiu principalmente a forte queda das cotações do gás-natural, que, nos contratos para entrega nos EUA, chegou a atingir o nível mais baixo desde maio de 2021. Em oposição, destacou-se a valorização do agregado de metais industriais, influenciada pelo aumento da procura por parte da China e pelas restrições na oferta, e de metais preciosos, impulsionado pelo contexto de queda das taxas de juro.

No mercado cambial, o euro apresentou um perfil de apreciação face à maioria das moedas mais transacionadas a nível global, as do G10, como o dólar e o iene, mas de depreciação comparativamente às principais moedas de países emergentes, como o real brasileiro. A moeda única tem sido apoiada pela retórica de maior restritividade por parte do BCE. Já o dólar evidenciou perdas tanto face às do G10 como às de emergentes.

No mercado monetário da Área Euro, a taxa Euribor subiu nos principais prazos de referência, a de 3 meses +38p.b. para 2,51%, a de 6 meses +30p.b. para 2,99% e a de 12 meses +12p.b. para 3,41%.

Nota: dados a 31 de janeiro de 2023, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: FMI, Eurostat, Comissão Europeia, BEA, BLS, BCE e Fed.

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Acesso Caixadirecta

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Início de ano com valorizações na maioria dos mercados

O ano de 2023 iniciou-se com desempenhos positivos na maioria dos mercados, suportados pela expectativa que os bancos centrais reduzam o seu ímpeto para implementar políticas monetárias cada vez mais restritivas, em resultado do abrandamento da inflação.