Informação junho 2019

15 jul 2019

Mercados Financeiros

Em junho, os mercados voltaram a registar comportamentos positivos.

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Em junho, os mercados voltaram a registar comportamentos positivos. Apesar da trajetória de descida dos indicadores económicos avançados e da ausência de sinais de retoma a nível global, a expectativa quanto à decisão por parte dos EUA e da China, na reunião do G20, de prosseguimento das negociações comerciais e de não imposição mútua de tarifas adicionais, contribuiu para as valorizações atingidas. Por outro lado, a retórica das autoridades monetárias norte-americana e da Área Euro, direcionada para uma nova vaga de medidas expansionistas, gerou uma descida significativa das taxas de juro nos mercados e, deste modo, um aumento da procura por ações.

Enquadramento

No domínio económico, o Banco Mundial divulgou o relatório de perspetivas, no qual reviu em baixa o PIB global de 2019 para 3,3% [-0,3 pontos percentuais (p.p.) face à publicação anterior]. No entanto, antecipa uma retoma gradual do crescimento para 3,5% em 2020 (-0,1p.p.) e para 3,6% em 2021 (sem revisão). Em termos de riscos, considera que continuam negativamente enviesados, mencionando a possibilidade da escalada das tensões comerciais e o abrandamento mais forte do que o antecipado das grandes economias. Em concreto, o crescimento estimado do PIB para os EUA não apresentou alterações, permanecendo a 2,5% em 2019, a 1,7% em 2020 e a 1,6% em 2021. Já a perspetiva para o crescimento da Área Euro (AE) foi ajustada em baixa para 1,2% em 2019 (-0,4p.p.) e para 1,4% em 2020 (-0,1p.p.), sendo mantida a 1,3% em 2021. Por fim, a estimativa do PIB da China permaneceu a 6,2% em 2019. Porém, foi revisto marginalmente em baixa para 6,1% em 2020 e subsistiu a 6,0% em 2021.

Nos EUA, na terceira estimativa do PIB do 1ºT de 2019, compilada pelo Bureau of Economic Analysis, foi confirmado o crescimento homólogo de 3,2%. Já no mercado laboral, a criação de postos de trabalho abrandou significativamente, ao passar de 224 mil em abril para 75 mil em maio, de acordo com o Bureau of Labor Statistics. Contudo, a taxa de desemprego manteve-se em mínimos históricos a 3,6%. Por seu lado, o Eurostat confirmou na terceira publicação o crescimento homólogo de 1,2% para o PIB da AE do 1ºT de 2019. Por seu turno, a taxa de desemprego desceu de 7,7% para 7,6% em abril, o registo mais baixo desde agosto de 2008.

Ao nível dos Bancos Centrais, nos EUA, a Reserva Federal Americana (Fed), na reunião de 18 e 19 de junho, manteve o intervalo das Fed Funds (FF) a [2,25% - 2,50%]. Todavia um dos governadores evidenciou a preferência por um corte de 25 pontos base (p.b.). O comité ajustou a orientação, de “postura paciente sobre futuros ajustamentos das taxas diretoras” para “agir de forma apropriada para sustentar a expansão”, devido ao incremento da incerteza envolvente ao panorama económico. O presidente, J. Powell, referiu que as incertezas aumentaram desde a última reunião, nomeadamente as relacionadas com as tensões comerciais e o abrandamento económico global e, até que ponto, irão condicionar a evolução da atividade, requerendo uma política monetária mais acomodatícia (vários membros consideraram que este cenário ganhou preponderância). Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) na reunião de 6 de junho decretou: (i) a manutenção das taxas diretoras; (ii) a permanência das mesmas aos níveis atuais até ao final do primeiro semestre de 2020 (anteriormente o horizonte correspondia ao final deste ano), (iii) a continuação da política de reinvestimento de ativos e (iv) os termos das novas operações de refinanciamento direcionadas (vulgo em inglês TLTRO - III). O comité informou que está disposto a agir na ocorrência de cenários adversos e a utilizar todos os instrumentos de política monetária (mensagem reforçada pelo presidente M. Draghi no fórum do BCE em Sintra).

No Reino Unido (RU), o Banco de Inglaterra, na reunião de 20 de junho, optou pela manutenção da taxa base a 0,75% e das medidas de política monetária não convencionais. O banco central considerou que os riscos aumentaram desde a última reunião. No domínio global, as tensões comerciais intensificaram-se e, a nível doméstico, a perceção de uma saída sem acordo do RU da União Europeia aumentou. Por seu lado, o Banco do Japão, na reunião de 19 e 20 de junho, manteve a política de controlo da curva de rendimentos e o objetivo de estabilização da taxa de juro a 10 anos em torno de 0%. O programa de aquisição de ativos também não foi sujeito a alterações e a orientação de que as taxas de juro, tanto de curto como de longo prazo, se manterão em níveis extremamente baixos até à primavera de 2020, foi reafirmada.

Mercados Financeiros

A antecipação de desenvolvimentos benignos nas negociações comerciais EUA-China, em virtude do encontro dos presidentes dos dois países na Cimeira do G20, bem como das perspetivas de corte de taxas diretoras, no curto prazo, pela Fed, beneficiaram os mercados de ações. Desta forma, em junho, o índice global acionista (MSCI em euros) apresentou uma rendibilidade de 4,3%, com ganhos na generalidade das geografias. Em particular, as referências dos EUA (S&P500), da AE (MSCI) e do Japão (Nikkei) registaram valorizações de 7,0%, de 5,4% e de 3,5%, respetivamente

Por sua vez, no que respeita aos ativos de rendimento fixo, os índices de dívida pública Barclays, em função do contexto de queda das taxas de juro a nível global, voltaram a registar desempenhos positivos. Em destaque, esteve o da AE que apresentou ganhos de 2,3%, enquanto o dos EUA variou apenas +0,9%. Para estas dinâmicas contribuíram também as evidências da continuação do abrandamento económico, numa envolvente de inflação controlada e em níveis baixos. Esta conjuntura, bem como a recuperação dos mercados acionistas, promoveram uma menor aversão ao risco, favorecendo também o investimento em obrigações de risco de crédito, que evidenciaram rendibilidades globalmente positivas. O índice de grau de investimento (IG) em dólares registou a melhor performance na classe, com ganhos de 2,4%, face a 1,6% em euros, em grande parte devido à sua maturidade média mais elevada.

No que concerne à classe de matérias-primas, o índice de referência (Bloomberg) evidenciou uma rendibilidade positiva de 2,7%, pelo contributo de quase todos os segmentos, com os de metais preciosos, energia, metais industriais e agricultura a valorizarem 7,3%, 4,0%, 2,0% e 0,5%, respetivamente. Em contraposição, esteve o de Livestock, ao descer 3,5%. A componente de energia beneficiou da evolução dos preços do petróleo nos EUA (WTI) e no Mar do Norte (Brent), em virtude do escalar das tensões entre os EUA e o Irão, por possíveis dificuldades no tráfego marítimo no Estreito de Hormuz (ponto vital de transporte de crude oriundo do Médio Oriente).

Já no que se refere ao mercado cambial, o mês caracterizou-se pela depreciação das principais moedas mundiais face ao euro, nomeadamente o dólar (-1,8%), a libra (-1,3%), o iene (-1,4%) e o renminbi (-0,9%). A moeda única beneficiou da expectativa de não escalada das disputas comerciais entre os EUA e a China, posteriormente acordada na Cimeira do G20, e de desenvolvimentos positivos nas conversações entre a CE e o governo italiano no campo orçamental.

Por fim, as taxas dos indexantes de mercado monetário da AE desceram em todos os prazos. Este movimento foi impulsionado pelo discurso do presidente do BCE, em Sintra, no qual afirmou que na ausência de uma melhoria da atividade irá ser necessário a implementação de estímulos monetários adicionais. Assim, a Euribor a 3 meses desceu 2p.b. para -0,35%, a de 6 meses caiu 6p.b. e a de 12 meses diminuiu 5p.b..

Nota: dados a 28 de junho de 2019, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.

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