Maio 2022

21 jun 2022

Perspetiva de aumento significativo das taxas diretoras

O comportamento dos mercados financeiros continuou a ser caracterizado pela elevada volatilidade, com os principais índices acionistas a evidenciarem uma forte correção nas duas primeiras semanas, mas a terminarem o mês com performances positivas.

O comportamento dos mercados financeiros continuou a ser caracterizado pela elevada volatilidade, com os principais índices acionistas a evidenciarem uma forte correção nas duas primeiras semanas, mas a terminarem o mês com performances positivas. Para esta dinâmica voltaram a contribuir as preocupações dos investidores com a implementação de políticas monetárias substancialmente mais restritivas que as vigentes e as potenciais consequências de abrandamento da atividade. Contudo, os últimos dados de inflação divulgados, nos EUA, apontam para que as variações de preços possam já ter atingido o seu valor mais elevado no ciclo atual.

Enquadramento: maio 2022

No domínio económico, a Comissão Europeia publicou o seu relatório de perspetivas económicas de primavera, no qual observou que a guerra na Ucrânia alterou o panorama, trazendo novas perturbações nas cadeias de abastecimento global, impulsionando ainda mais as pressões nos preços de mercadorias e aumentando a incerteza. Perante este enquadramento, ajustou em baixa as projeções de crescimento da Área Euro (AE) para 2,7% em 2022 (vs. 4,0% no relatório de inverno) e para 2,3% em 2023 (vs. 2,7%).
Em termos de indicadores económicos, na AE, a evolução dos mesmos continuou a ser impactada pela ofensiva militar da Rússia na Ucrânia, pelas disrupções na oferta e pela perda de poder de compra causada pelo aumento dos preços. Contudo, alguns dados continuaram a demonstrar resiliência. Efetivamente, a leitura preliminar do indicador avançado dos serviços de maio manteve-se em níveis robustos, ainda a beneficiar do relaxamento das medidas relacionadas com a COVID-19. O congénere para a indústria também permaneceu em território de expansão, mas em valores mais moderados.
Nos EUA, a procura interna manteve-se robusta, apesar da persistência da inflação elevada e do processo de normalização da política monetária. De facto, o mercado laboral continuou bastante sólido, ao ter evidenciado uma criação de 428 mil postos de trabalho em abril e a taxa de desemprego a ter-se situado a 3,6%, um valor historicamente baixo.
Na China, a manutenção da política de COVID zero refletiu-se em dados fracos da atividade. Com efeito, em abril, as vendas a retalho caíram 11,1% em termos homólogos, a produção industrial -2,9% e o investimento fixo moderou para 6,8%.

Ao nível dos Bancos Centrais, destacou-se no Banco Central Europeu (BCE) a publicação no blogue da instituição pela presidente, C. Lagarde, em que delineou um roteiro para a condução monetária. De facto, C. Lagarde informou que as compras de ativos deverão terminar logo no início do 3ºT de 2022, permitindo que o primeiro aumento das taxas diretoras ocorra na reunião de julho e que pelo final do 3ºT deverão ter saído de território negativo. Posteriormente, dependerá do panorama para a inflação, mas que se este for de 2,0%, será apropriado a continuação do ajustamento até à taxa neutral (nível de taxas que não estimula nem restringe a atividade). Importa ainda referir a evolução da inflação, em que a leitura preliminar do índice de preços de maio voltou a atingir um novo máximo histórico de 8,1%, em termos homólogos.

Nos EUA, a Reserva Federal americana (Fed) decretou um aumento de 50p.b. das FF, o maior desde 2000, para o intervalo [0,75%- 1,00%], após o incremento de 25p.b. realizado em março. Em adição, oficializou que o início da redução do balanço, que se encontrava próximo de 9 biliões de dólares, decorrerá a partir de 1 junho, com o não reinvestimento mensal dos títulos do tesouro num montante inicial de 30 mil milhões (MM) de dólares, aumentando para 60MM após três meses e, de forma similar, de 17,5MM de títulos garantidos por crédito hipotecário (sigla em inglês MBS) numa fase inicial, subindo para 35MM depois de três meses.

Mercados Financeiros: maio 2022

O comportamento da classe de ações continuou a ser caracterizado pela elevada volatilidade, com os principais índices a evidenciarem uma forte correção nas primeiras semanas, mas a terminarem o mês com performances positivas. Esta dinâmica refletiu a continuação do conflito bélico e a expectativa de implementação de políticas monetárias mais restritivas que as vigentes. De referir que, apesar de a maioria dos principais mercados ter registado performances positivas, os agregados de emergentes e de desenvolvidos, quando expressos em euros patentearam perdas em resultado da desvalorização de grande parte das principais moedas face à moeda única.

Os principais mercados de dívida pública patentearam dinâmicas divergentes, com o dos EUA a apresentar ganhos, o que comparou com a desvalorização da generalidade dos da Área Euro, penalizadas pelo aumento das taxa de juro, com a yield a 10 anos da Alemanha a atingir o valor mais elevado desde 2014, superior a 1%. Neste contexto, os segmentos de dívida privada apresentaram dinâmicas distintas, com os ganhos verificados nos segmentos de emissões em dólares a contrastarem com as perdas nos de em euros. Esta divergência resultou fundamentalmente da trajetória diferente das taxas de juro sem risco em ambas as regiões, com as obrigações em euros a serem penalizadas pela subida destas taxas.

A classe de matérias-primas valorizou em maio, suportada pelo desempenho positivo do segmento de energia, que compensou as perdas registadas nos remanescentes. Para a dinâmica deste último contribuíram as subidas das cotações do gás natural e do petróleo. Este último foi suportado pela redução, acima do esperado, das reservas de petróleo nos EUA, num contexto de aumento das suas exportações, bem como pela perspetiva do embargo, pela UE, do petróleo russo, algo que se veio a verificar no final do mês. Pela negativa evidenciaram-se os metais industriais, com quedas de preços em todos os constituintes, em particular o cobre, que atingiu mínimos de sete meses, penalizado pela redução da procura por parte da China.

No mercado cambial, o euro denotou um comportamento, na sua maioria, de apreciação tanto face às moedas mais transacionadas a nível mundial, as do G10, como face às de emergentes. Já o dólar apresentou um desempenho de depreciação face às moedas do G10 e um perfil misto face às moedas emergentes. Deste modo, o par cambial euro/dólar encerrou o mês com uma valorização em torno de 1,8%.

No mercado monetário da AE, a taxa Euribor subiu nos principais prazos de referência, a de 3 meses +9p.b. para -0,34%, a de 6 meses +18p.b. para -0,05% e a de 12 meses +22p.b., para 0,39%.

Nota: dados a 31 de maio de 2022, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.

As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura.

Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Fed, BCE, BEA, BLS, Comissão Europeia, Eurostat, CME.

Disclaimer:
Esta informação é realizada com um objetivo informativo. Não constitui uma recomendação de investimento e não pode servir de base à compra ou venda de ativos nem à realização de quaisquer operações nos mercados financeiros assim como não deve ser considerado a base de qualquer tipo de contrato ou investimento que possa ser realizado.
A Caixa Gestão de Ativos, SGOIC, S.A. (empresa do Grupo Caixa Geral de Depósitos) defende o princípio da diversificação de investimentos, por diferentes classes de ativos, geografias e setores de atividade e o acompanhamento da evolução dos diferentes mercados financeiros.
A visão apresentada na presente informação reflete apenas o posicionamento da Caixa Gestão de Ativos, SGOIC, S.A., não constitui uma recomendação de investimento e não pode servir de base à compra ou venda de ativos nem à realização de quaisquer operações nos mercados financeiros.
A presente informação incorpora a visão desenvolvida pela Caixa Gestão de Ativos e baseia-se em informação pública disponível e nas condições de mercados à data, proveniente de várias fontes que se creem credíveis, não sendo possível garantir que a mesma esteja completa ou precisa, estando sujeita a revisões, atualizações e alterações futuras sem aviso prévio. Não pode, assim, ser imputada qualquer responsabilidade à Caixa Gestão de Ativos por perdas ou danos causados pelo seu uso.
As rendibilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rendibilidade futura.
Salvo autorização expressa da Caixa Gestão de Ativos, não está autorizada a publicação, duplicação, extração e transmissão destes conteúdos informativos. A Caixa Gestão de Ativos não se responsabiliza por qualquer facto suscetível de alterar a integridade do conteúdo desta mensagem, resultante da sua transmissão eletrónica.

Acesso Caixadirecta

Acesso Caixadirecta

Maio 2022

Perspetiva de aumento significativo das taxas diretoras

O comportamento dos mercados financeiros continuou a ser caracterizado pela elevada volatilidade, com os principais índices acionistas a evidenciarem uma forte correção nas duas primeiras semanas, mas a terminarem o mês com performances positivas.