Novembro 2024

12 dez 2024

Trump 2.0 gera maior otimismo entre os investidores

O controlo da Casa Branca e do Congresso pelo Partido Republicano gerou, em novembro, um maior otimismo em relação à economia, apesar do receio com os impactos negativos da imposição de tarifas, favorecido também pelo corte das taxas diretoras da Fed.

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA e o controlo do Congresso pelos republicanos gerou um maior otimismo quanto às perspetivas económicas, na medida em que durante a campanha eleitoral comprometeu-se a reduzir os impostos e a carga regulatória, o que resultou na apreciação do dólar e das ações. Em contraposição, o receio com a possibilidade de aplicação de tarifas sobre as importações penalizou os índices de outras regiões, casos da Europa e da China. Por outro lado, a antevisão de políticas fiscais expansionistas condicionou a classe obrigacionista que registou, no entanto, ganhos, favorecida pelo corte das taxas diretoras da Reserva Federal Americana (Fed). Neste panorama, reforçámos a exposição à classe acionista, em concreto no Japão, e fechámos a sobre-exposição a dólares.

Enquadramento: novembro 2024

Ao nível económico, após confirmar a ligeira moderação do crescimento do PIB no 3º trimestre do ano nos EUA, de 3,0% para 2,8%, em cadeia e anualizado, o Bureau of Economic Analysis divulgou os primeiros números de atividade real do 4º trimestre, com os indicadores das despesas das famílias e do investimento em equipamento e estruturas a sinalizar um arrefecimento da atividade. Respeitante já a novembro, os dados de sentimento de consumidores e de empresários demonstraram uma forte melhoria, com os do Conference Board e da National Federation of Independent Business a subirem para os níveis mais elevados em dezasseis meses e desde o início de 2022, respetivamente. Na Área Euro (AE), os relatórios de aferição da atividade nas empresas de novembro assinalaram valores associados a uma contração. No caso do setor industrial, o índice acentuou a leitura em terreno negativo, enquanto o dos serviços regressou pela primeira vez desde janeiro a um patamar associado à descida da atividade. Em termos de sentimento, realce igualmente negativo para a confiança dos consumidores, que demonstrou a primeira descida em três meses, para um mínimo de cinco, apesar de, ainda em outubro, a taxa de desemprego da região ter permanecido em 6,3%, a leitura mais baixa desde a criação da União Económica e Monetária. Na Ásia, os indicadores de atividade de outubro da China indicaram uma estabilização da economia, enquanto, pelo contrário, os do mercado imobiliário mantiveram o tom negativo, com os preços das habitações a preservarem o contexto da queda, assim como o investimento residencial. No caso do Japão, a economia registou um ritmo de expansão de 0,2%, em cadeia, depois dos 0,5% nos três meses anteriores, destacando-se novamente os contributos elevados do consumo quer privado, quer público, por oposição ao contributo negativo das exportações líquidas.

Ao nível da inflação, a variação homóloga da métrica global agregada conservou em outubro o registo de 2%, o mais baixo desde abril de 2021. Deste modo, na maioria dos países o número observado persistiu acima do objetivo do respetivo banco central. Nos EUA e na AE, os relatórios mais recentes sustiveram a evidência de um arrefecimento do processo desinflacionista, com o índice harmonizado de preços no consumidor a regressar, no segundo caso, a uma percentagem superior ao objetivo do BCE, embora o resultado fosse já o perspetivado pela instituição.

Relativamente às decisões de política monetária, num mês em que, e em termos líquidos, voltou a aumentar o número de bancos centrais que reduziram as taxas de juro diretoras, o principal destaque vai para a decisão da Fed de reduzir em 25 p.b. a sua taxa diretora, após o Conselho ter salientado que as condições no mercado de trabalho moderaram, e os riscos para o inflação se encontram mais equilibrados.

Num mês em que não decorreu qualquer Conselho do BCE, as restantes principais ênfases prendem-se com descida das taxas de juro em outras economias desenvolvidas, caso do Reino Unido e da Coreia do Sul, neste caso de forma inesperada, a par da Suécia, da Nova Zelândia e da Islândia, países onde os bancos centrais procederam ao ajuste em baixa das mesmas.

Mercados Financeiros: novembro 2024

Os principais mercados acionistas, em novembro, evidenciaram desempenhos distintos destacando-se, pela positiva, os ganhos do índice de referência norte-americano que alcançou inclusive o nível mais elevado de sempre. Nos EUA, a vitória do candidato Republicano, Donald Trump, nas eleições presidenciais e do mesmo partido, no Senado e na Câmara dos Representantes, gerou um maior otimismo sobre as perspetivas do crescimento económico. Este contexto decorreu da provável extensão, em 2025, da Lei de Reduções de Impostos e Emprego de 2017, a maior redução de impostos em 30 anos, e da expectável diminuição da taxa sobre as empresas, de 21% para 15%. No entanto, o receio das tarifas sobre as importações dos EUA penalizou os demais mercados desenvolvidos e emergentes. Em adição, a Área Euro demostrou resiliência à instabilidade política na França perante a expectativa do BCE continuar a flexibilizar a política monetária por forma a estimular a economia.

Na classe de rendimento fixo, os índices de dívida pública evidenciaram ganhos refletindo a diminuição dos receios relacionados com a inflação nos EUA e, por outro lado, a perspetiva do BCE estar em condições de adotar uma política monetária mais flexível na Área Euro. Neste contexto, o movimento de descida das taxas de juro foi mais significativo no bloco do euro. Na dívida privada, os segmentos registaram rendibilidades positivas, ainda que se tenha assistido ao alargamento dos prémios de risco no caso do mercado em euros.

Em novembro, o compósito de matérias-primas denotou um ganho modesto apesar das preocupações relacionadas com o aumento das tarifas às importações dos EUA, da falta de confiança no pacote de estímulos económicos da China e da valorização do dólar. A classe beneficiou da valorização da agricultura e, sobretudo, da energia. O gás natural valorizou quase 15% dados os receios sobre o fornecimento devido à restrição das importações da Rússia e ao encerramento de uma fábrica na Austrália. O preço do petróleo registou uma variação mensal negativa na sequência de no Médio Oriente, Israel e Hezbollah, terem acordado um cessar-fogo. Nos bens agrícolas, por seu turno, destacou-se a subida de quase 30% do preço do café, alcançando o máximo de 47 anos, após o clima adverso para cultivo no Brasil. Em contraposição, os metais industriais e preciosos, incluindo o ouro, registaram perdas no último mês.

No mercado cambial, o euro depreciou face ao dólar e ao iene. A moeda norte-americana foi impulsionada pela vitória eleitoral de Donald Trump uma vez que o novo presidente defende medidas de redução de impostos que deverão contribuir para aumentar o crescimento económico e a inflação. Já o iene, por seu turno, valorizou devido às pressões inflacionistas no Japão.

No que se refere ao mercado monetário, as taxas Euribor reforçaram o movimento de redução já observado em 2024. Nesse âmbito, todos os prazos de referência fixaram no final do mês, pela primeira vez desde novembro de 2022, abaixo de 3%.

Nota: dados a 30 de novembro de 2024, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: BEA, Conference Board, NFIB, Eurostat, Fed, BCE, Central Bank of Sweden, Central Bank of Korea, New Zealand Reserve, China NBS, Japan Cabinet Office.

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Acesso Caixadirecta

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