Informação setembro 2019

17 out 2019

Mercados Financeiros

Em setembro, os mercados acionistas voltaram a evidenciar os melhores desempenhos, com os principais índices a atingirem rendibilidades positivas.

Em setembro, os mercados acionistas voltaram a evidenciar os melhores desempenhos, com os principais índices a atingirem rendibilidades positivas. Já no rendimento fixo, a subida das yields de referência contribuiu para a ocorrência de retornos maioritariamente negativos, apesar da redução dos prémios de risco em determinados segmentos de soberanos e de crédito. Num contexto em que os dados económicos divulgados confirmaram a tendência de abrandamento global, o BCE anunciou um conjunto de medidas expansionistas onde se destacam um novo programa de aquisição de ativos e meios mitigadores do efeito das taxas de juro negativas na rentabilidade dos bancos.

Enquadramento

No domínio económico, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico divulgou o relatório intercalar de perspetivas económicas, no qual reviu em baixa o PIB global para 2,9% em 2019 e para 3,0% em 2020, o que, a confirmar-se, serão os menores registos desde a crise financeira. As estimativas para a maioria dos países que compõem o G20 foram revistas em baixa, tanto para o ano corrente como para o próximo, especialmente para aqueles mais expostos ao comércio internacional e à indústria. A instituição frisa que a escalada das tensões comerciais e a incerteza envolvente têm impactado a confiança dos agentes económicos e o investimento. Ademais, salienta a dicotomia entre o setor da indústria (mais fraco) e o dos serviços (mais resiliente), contudo considera improvável que esta perdure e, consequentemente, que se repercuta no emprego. Finalmente, para além de mencionar que a política monetária deve continuar acomodatícia nas economias avançadas, a política fiscal terá que assumir o papel preponderante.

No que respeita a indicadores económicos, nos EUA, de acordo com o Bureau of Labor Statistics (BLS), a criação líquida de postos de trabalho observou uma moderação, ao passar de 159 mil postos para 130 mil em agosto e a taxa de desemprego estabilizou a 3,7%. Na Área Euro, segundo o Eurostat, a taxa de desemprego desceu de 7,5% para 7,4% em agosto, o registo mais baixo desde maio de 2008. Em adição, o crescimento homólogo do PIB para o 2ºT foi revisto de 1,1% para 1,2%.

Ao nível dos bancos centrais, nos EUA, a Reserva Federal Americana, na reunião de 17 e 18 de setembro, cortou pela segunda vez em 2019 as Fed Funds, em 25 pontos base (p.b.), para o intervalo [1,75% - 2,00%]. Esta decisão foi justificada pelos desenvolvimentos internacionais, nomeadamente o abrandamento económico global e a escalada das tensões comerciais, e pela inflação baixa. Porém, não existiu unanimidade, com 2 governadores a votarem pela manutenção e 1 por uma redução de 50p.b.. Na conferência de imprensa, o presidente J. Powell frisou a resiliência do consumo e do mercado de trabalho por contraposição à fragilidade do investimento e das exportações. Neste contexto, salientou que o cenário base para a atividade económica continua positivo, mas que os riscos e a incerteza aumentaram. Desta forma, declarou que futuros ajustamentos da política monetária dependeriam da evolução dos dados económicos.

Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE), no conselho de governadores de 12 de setembro, anunciou um novo pacote de medidas expansionistas, designadamente: (i) o corte de 10p.b. da taxa de juro de depósito para -0,50% e a manutenção das taxas relativas às operações principais de refinanciamento (a 0%) e de cedência de liquidez (a 0,25%), afirmando que estas deverão permanecer nos níveis atuais ou mais baixos até que a inflação convirja de forma robusta para o objetivo, devendo refletir-se na inflação subjacente; (ii) o reinício do programa de compra de ativos num montante mensal de 20 mil milhões de euros, que deverá manter-se até pouco antes de uma próxima subida das taxas; (iii) a continuação da política de reinvestimento de ativos; (iv) alterações dos termos para a nova série de operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas (eliminação do spread de 10p.b. sobre a taxa aplicável e extensão do prazo de cada operação de 2 para 3 anos) e (v) a introdução de um sistema de dois níveis para a remuneração de reservas, no qual uma parte dos montantes excedentários serão isentos da taxa de depósito negativa. Estas medidas foram justificadas pelo abrandamento económico da região, mais pronunciado e duradouro do que o anteriormente esperado, e pelo desvio negativo da inflação face ao objetivo.

Mercados Financeiros

Os desenvolvimentos positivos referentes ao comércio internacional e a postura mais acomodatícia dos principais bancos centrais permitiram uma maior propensão por ativos de risco superior, o que, por conseguinte, resultou num desempenho positivo dos mercados acionistas. Desta forma, em setembro, o índice global de ações (MSCI em euros) apresentou uma rendibilidade de 3,2%, expressa em ganhos na generalidade das geografias, com os mercados japonês (Nikkei), da AE (MSCI) e dos EUA (S&P500) a registarem valorizações de 5,8%, de 3,8% e de 1,9%, respetivamente. Já os mercados emergentes (MSCI em euros) valorizaram 3,0% no período.

O referido enquadramento suportou a subida das taxas de juro, resultando em desempenhos maioritariamente negativos dos ativos de rendimento fixo. Neste âmbito, os índices Barclays de referência de dívida pública dos EUA e da AE apresentaram perdas de -0,8% e de -0,4%, respetivamente. Na Europa, o índice italiano destacou-se pela positiva, beneficiando da melhor perceção sobre a nova coligação do governo, que poderá promover uma maior aproximação à União Europeia, e das expectativas sobre o impacto do novo programa de compras de ativos do BCE. Já o mercado de dívida privada, não obstante o estreitamento de spreads, acabou por apresentar também rendibilidades maioritariamente negativas.

No que concerne às matérias-primas, o índice de referência (Bloomberg) apresentou uma valorização de 1,2%, com o contributo positivo de quase todos os segmentos. Em concreto, os agregados de livestock, de agricultura, de energia e de metais industriais valorizaram 7,5%, 4,2%, 1,1% e 0,5%, respetivamente. Inversamente, esteve o de metais preciosos ao descer 4,4%. O comportamento da agricultura foi influenciado pelos receios quanto à oferta de diversos cereais, resultantes das más condições atmosféricas em várias geografias. Já no setor de energia, o preço do petróleo no Mar do Norte (brent) subiu 1,2%, em função da redução temporária da oferta, enquanto o preço nos EUA (WTI) caiu, após a divulgação de inventários neste país.

No mercado cambial, a moeda única foi pressionada pela divulgação de dados económicos fracos, pelo reforço da política monetária acomodatícia e pelas disputas comerciais com os EUA. Desta forma, o euro registou uma depreciação face ao dólar (-0,8%), à libra (-1,9%) e ao renminbi (-1,2%), o que contrastou com a valorização face ao iene (0,9%).

Por seu turno, no mercado monetário a Euribor a 3 meses variou +1p.b. para -0,42%, a de 6 meses +4p.b. para -0,39% e a de 12 meses +5p.b. para -0,33%. Este movimento ocorreu apesar do BCE ter apresentado um novo pacote de medidas expansionistas e reforçado a orientação sobre a evolução das taxas de juro, afirmando que estas permanecerão negativas durante o futuro próximo.

Nota: dados a 30 de setembro de 2019, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.

Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Banco Central Europeu, Banco de Inglaterra, Banco do Japão, Bloomberg, Bureau of Economic Analysis, Bureau of Labor Statistics, Comissão Europeia, Eurostat, Federal Reserve Bank of St. Louis, Fundo Monetário Internacional, Cabinet Office, MSCI, National Bureau of Statistics of China, Nikkei, Office for National Statistics, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, Reserva Federal dos Estados Unidos, Standard & Poor's.

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