Outubro 2021

12 nov 2021

Recuperação das ações para máximos históricos

Após um mês em que a classe acionista foi afetada pelas preocupações com o setor imobiliário chinês e com a normalização das políticas monetárias, em outubro assistiu-se a uma recuperação, com alguns mercados a atingirem novos máximos históricos.

Após um mês em que a classe acionista foi afetada pelas preocupações com o setor imobiliário chinês e com a normalização das políticas monetárias face aos crescentes riscos inflacionistas, em outubro assistiu-se a uma recuperação, com alguns mercados a atingirem novos máximos históricos. Para o maior otimismo dos investidores contribuíram o facto de a Evergrande, um dos maiores promotores imobiliários da China, ter evitado um incumprimento obrigacionista e as surpresas positivas dos resultados empresariais do 3ºT de 2021 já divulgados.

Enquadramento: outubro 2021

No domínio económico, o Fundo Monetário Internacional divulgou o seu relatório de perspetivas económicas, no qual considera que a recuperação prossegue, embora notando alguma desaceleração no 3ºT21. Com efeito, aponta para um crescimento do PIB real global de 5,9% para o ano corrente (vs. 6,0% no relatório intercalar de julho) e de 4,9% para 2022 (sem revisão). Todavia, reiterou que a divergência entre países nas taxas de vacinação contra a COVID-19 continua a conduzir a retomas económicas desfasadas. De facto, segundo a instituição, cerca de 58% da população encontra-se vacinada no bloco desenvolvido, o que compara com 36% no bloco emergente e com menos de 5% nos países em vias de desenvolvimento.

Na Área Euro (AE), a primeira estimativa para o crescimento do PIB real do 3ºT21 apontou para uma ligeira aceleração de 2,1% variação em cadeira (v.c.) no 2ºT para 2,2%. No que respeita aos Estados-membros, Alemanha cresceu 1,8% (vs. 1,9% no 2ºT21), França 3,0% (vs. 1,3%), Itália 2,6% (vs. 2,7%), Espanha 2,0% (vs. 1,1%) e Portugal 2,9% (vs. 4,4%). Importa notar que o retorno para os níveis de PIB de pré-pandemia encontra-se bastante desigual, com a França a ter praticamente atingido esse patamar e a Espanha ainda a estar consideravelmente aquém (-6,6%).

Nos EUA, de acordo com a primeira leitura do Bureau of Economic Analysis para o PIB real do 3ºT21, este registou um abrandamento de 1,6% v.c. no 2ºT21 para 0,5%. Este movimento adveio, especialmente, do consumo privado que desacelerou substancialmente de 2,9% v.c. para 0,4%, condicionado pelo aumento de novos casos de COVID-19 no verão e pelas disrupções na oferta.

Ao nível dos bancos centrais, o Banco Central Europeu, na reunião de 28 de outubro, reiterou que as condições de financiamento poderiam ser mantidas em níveis favoráveis mesmo com uma desaceleração moderada das aquisições de ativos do programa PEPP (Pandemic Emergency Purchase Programme) face ao ritmo do 2ºT21 e do 3ºT21. Acerca deste programa, a presidente, C. Lagarde, declarou na conferência de imprensa que deverá terminar em março de 2022, conforme o planeado. Contudo, decisões mais concretas sobre as medidas em vigor só deverão ser anunciadas na reunião de dezembro. No que respeita à atividade económica, descreveu como estando a crescer robustamente, embora as disrupções na oferta estejam a condicionar a produção em alguns setores. No que concerne à inflação, foi mantida a análise que o seu aumento deverá consubstanciar-se em temporário, devendo encetar uma desaceleração no próximo ano.

Nos EUA, a Reserva Federal americana divulgou a ata da reunião de 22 de setembro, na qual foi apresentado um cenário ilustrativo para o processo de redução gradual da compra de ativos (vulgo tapering) a ser anunciado na reunião de novembro, começando em meados de novembro ou de dezembro e terminando em meados do próximo ano. Sob este cenário, ocorreria uma redução mensal de 10 mil milhões (MM) de dólares de títulos do tesouro e 5MM de dólares de títulos de dívida de hipotecária securitizada (sigla inglesa MBS).

Mercados Financeiros: outubro 2021

Na classe acionista foram observados ganhos na maioria dos mercados. Este desempenho foi promovido pela forte época de resultados, pelo enquadramento político benigno e pela divulgação de dados económicos favoráveis, que enfatizam a recuperação económica dos principais blocos desenvolvidos. Relativamente aos mercados de países desenvolvidos, os maiores ganhos ocorreram no dos EUA, que atingiu, inclusivamente, novos máximos históricos. Por seu turno, o agregado de emergentes evidenciou uma performance mais moderada, condicionado pelas perdas em algumas geografias, como foi o caso do Brasil e da Coreia do Sul.

No mês, os principais mercados de dívida pública patentearam dinâmicas negativas, decorrentes da subida das yields, particularmente visível no da AE. Para este comportamento influíram o enquadramento económico benigno, o enviesamento menos acomodatício de vários bancos centrais de países desenvolvidos e a persistência de métricas de inflação em níveis elevados. No que respeita às obrigações de dívida privada, apresentaram rendibilidades maioritariamente negativas, com os segmentos de melhor qualidade creditícia a serem os mais penalizados, em resultado de em média apresentarem uma maturidade média superior e, por conseguinte, uma maior sensibilidade à variação das taxas de juro.

A classe de matérias-primas valorizou, com os contributos positivos de quase todos os componentes, em particular o de metais industriais. De entre estes metais destacou-se a subida dos preços do zinco e do cobre, com a evolução deste último o ser suportada por disrupções na produção no Chile e no Perú, a par com a manutenção de inventários em mínimos de vários anos. No caso especifico de energia, evidenciou-se a apreciação dos preços do petróleo, que atingiram máximos de sete anos. Este comportamento foi influenciado por expectativas de recuperação da procura e da manutenção de aumentos modestos da produção por parte dos membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+).

No mercado cambial, o par euro/dólar pautou-se pela relativa estabilidade e ambas as moedas registaram, na sua maioria, depreciações no universo das mais transacionadas a nível mundial, as do G10. Aliás, de entre estas, só evidenciaram ganhos de relevo face ao iene, de 2,2% no caso do euro e de 2,4% no do dólar. No âmbito das perdas, sobressaíram-se as registadas face ao dólar australiano, ao dólar neozelandês, à coroa norueguesa e ao dólar canadiano.

Por fim, no mercado monetário da Área Euro, a taxa Euribor a 3 meses não variou, permanecendo a -0,55%, a de 6 meses manteve-se a -0,53% e a de 12 meses subiu 3p.b., para -0,46%.

Nota: dados a 31 de outubro de 2021, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.

As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura.
Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Fed, BCE, Eurostat, BEA, FMI, CME, Comissão Europeia.

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Acesso Caixadirecta

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