Setembro 2022

12 out 2022

Contexto de maior incerteza penaliza os mercados

Os principais mercados voltaram a ser penalizados pela maior aversão ao risco, com os investidores a recearem o impacto negativo na atividade económica do viés mais restritivo das políticas monetárias.

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Em setembro, os desempenhos dos principais mercados voltaram a ser penalizados pelo sentimento de maior aversão ao risco, com os investidores a recearem o impacto negativo na atividade económica do aperto das condições financeiras, gerado pelo intuito dos bancos centrais em controlarem as atuais pressões inflacionistas. Neste contexto, destacou-se a desvalorização da classe acionista, em especial do agregado de mercados emergentes. Também os ativos de rendimento fixo evidenciaram perdas, em resultado da continuação da tendência de subida das taxas de juro, com a yield das obrigações a 10 anos da Alemanha a subir para um valor superior a 2% e a dos EUA a atingir o patamar de 4%.

Enquadramento: setembro 2022

No domínio económico, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou o seu relatório de perspetivas económicas, no qual nota que os indicadores de atividade apontaram para uma perda de dinamismo. Neste âmbito, apesar de ter mantido a estimativa de crescimento do PIB real global de 2022 a 3,0%, reviu em baixa a projeção de 2023, de 2,8% no relatório de junho para 2,2%. Para os EUA, o crescimento de 2022 foi revisto consideravelmente em baixa, de 2,5% para 1,5%, bem como o de 2023, de 1,2% para apenas 0,5%. Já as da Área Euro (AE) foram ajustadas em alta para este ano, de 2,6% para 3,1%, em resultado de um primeiro semestre melhor que o esperado, mas substancialmente em baixa as de 2023, de 1,6% para somente 0,3%.

Ao nível de dados económicos, na AE, vários indicadores continuaram a apontar para o arrefecimento da atividade, em resultado da crise energética que a região enfrenta e da perda de poder de compra das famílias. Neste contexto, destacou-se a leitura preliminar dos dados de atividade da indústria e dos serviços de setembro, que continuaram em território de contração. Ademais, a confiança dos consumidores atingiu um novo mínimo histórico.

Nos EUA, alguns dados mais coincidentes apontaram para a resiliência da atividade no 3ºT, embora outros mais prospetivos sugeriram abrandamento no curto prazo. Com efeito, a estimativa da Fed de Atlanta para o crescimento em cadeia do PIB real do 3ºT, que chegou a apontar para uma estagnação da atividade, recuperou para uma variação de +0,6% no final do mês. Todavia, o indicador avançado de atividade económica dos EUA, que pretende antecipar a direção da economia, registou a sexta queda mensal consecutiva.

Ao nível dos bancos centrais, o Banco Central Europeu (BCE) decretou o aumento em 75 pontos base (p.b.) das taxas diretoras e sinalizou que mais subidas poderão ocorrer nas próximas reuniões, de forma a arrefecer a procura e a prevenir que as expectativas de inflação fiquem desancoradas. Adicionalmente, o staff da instituição atualizou as projeções económicas, com o PIB real previsto para 2022 a ser revisto em alta, de 2,8% para 3,1%, e para 2023 em baixa, de 2,1% para 0,9%. Já as previsões para a inflação foram aumentadas consideravelmente, tanto a de 2022, a passar de 6,8% para 8,1%, como a de 2023, de 3,5% para 5,5%.

Nos EUA, a Reserva Federal americana (Fed) aumentou as Fed Funds (FF) também em 75p.b., para o intervalo [3,00%-3,25%], traduzindo-se já numa subida acumulada de 300p.b. neste ano. Adicionalmente, o presidente da Fed, J. Powell, declarou que a instituição terá de continuar a subir as taxas diretoras até estas atingirem um nível suficientemente restritivo e que deverá ter de permanecer nesse patamar durante algum tempo, de forma a exercer uma pressão de descida forte sobre a inflação. Por fim, também foram divulgadas as projeções macroeconómicas, onde a previsão para o PIB real deste ano (4ºT face ao 4ºT do ano anterior) passou de 1,7% em junho para 0,2% e do próximo ano de 1,7% para 1,2% enquanto a inflação foi ajustada em alta tanto em 2022 como em 2023, para 5,4% e para 2,8%, respetivamente.

Mercados Financeiros: setembro 2022

Na classe acionista foram observadas perdas na grande maioria dos mercados. Neste contexto o agregado de emergentes registou a queda mais expressiva, em resultado da forte desvalorização do mercado da China, tendo-se destacado pela positiva o do Brasil, ao ter permanecido relativamente estável. No compósito de desenvolvidos, os índices de referência do Japão e dos EUA evidenciaram os piores desempenhos, tendo este último, inclusivamente, apresentado a maior desvalorização mensal desde março de 2020. Ao nível setorial a generalidade evidenciou perdas perante os receios de que uma recessão induzida pela subida de taxas diretoras dos principais bancos centrais, culmine na erosão significativa dos resultados empresariais.

Os principais mercados de dívida pública desvalorizaram, afetados pelo contexto de fortes subidas das yields, tanto nos prazos mais curtos como em maturidades mais longas. Para estes movimentos afigurou-se crucial a retórica de maior restritividade monetária dos principais bancos centrais, dada a manutenção da inflação em patamares elevados. As subidas expressivas das taxas de juro de mercado foram em resultado do aumento da componente real, com os prémios de risco da inflação a diminuir tanto nos EUA como na AE. Esta envolvente penalizou também os segmentos de dívida privada, que foram também influenciados pelo impacto negativo do alargamento dos spreads.

A classe de matérias-primas desvalorizou de forma expressiva, pelo contributo negativo de todos os segmentos. Concretamente, o de energia apresentou o pior desempenho, com quedas nas cotações de todos os seus constituintes, em particular os preços dos contratos futuros de gás natural dos EUA, que encerraram o mês em mínimos de dez semanas. Da mesma forma, todos os integrantes do agregado de metais industriais depreciaram, influenciados pela divulgação de indicadores económicos menos favoráveis. No que se refere à agricultura, cujas perdas foram mais modestas, salientaram-se as quedas dos preços do algodão, que caíram para mínimos de mais de um ano, e do óleo de soja, refletindo a revisão em alta da produção.

No mercado cambial, a moeda norte-americana esteve em destaque, ao apreciar face a todas as do G10, as mais transacionadas a nível mundial, bem como face à maioria das moedas de países emergentes. Aliás, o índice dólar, um cabaz que compara a referida moeda contra as de 6 países desenvolvidos, registou uma valorização de cerca de 3,0%. Face à moeda única europeia registou um ganho de 2,5%.

No mercado monetário da AE, a taxa Euribor subiu nos principais prazos de referência, a de 3 meses +52p.b. para 1,17%, a de 6 meses +61p.b. para 1,81% e a de 12 meses +78p.b. para 2,56%.

Nota: dados a 30 de setembro de 2022, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.

As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura.

Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: BCE, BEA, BLS, CME, Comissão Europeia, Eurostat, Fed, OCDE.

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Acesso Caixadirecta

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Contexto de maior incerteza penaliza os mercados

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