emissões de carbono

O que são as emissões de carbono e como ajudar a reduzir?

Sustentabilidade

As emissões de carbono são prejudiciais ao ambiente. Mas sabe em que consistem e o que pode fazer para que diminuam? 08-04-2022

Tempo estimado de leitura: 10 minutos

Emissões de carbono, pegada de carbonoe descarbonização são expressões que nos habituámos a ouvir. No entanto, e para que possamos ajudar a reduzir estas emissões, é importante perceber o que são, como são nocivas e o que está a ser feito para as contrariar.

Certamente já percebeu que existe um esforço a nível global para travar as alterações climáticas e que, a uma escala mais pequena, empresas e pessoas tentam, diariamente, diminuir a sua pegada de carbono. Ou seja, procuram reduzir o impacte das suas ações na emissão de gases com efeito de estufa, responsáveis por um aumento da temperatura com consequências sérias para o planeta. 

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O que são as emissões de carbono?

Afinal, o que é o carbono e como se enquadra nos gases com efeito de estufa (GEE), que tanto prejudicam o planeta? O dióxido de carbono é o principal responsável pelo aquecimento global.

Embora seja emitido em processos naturais, como a respiração e decomposição das plantas e animais, é através de ações humanas que se torna prejudicial. A queima de combustíveis fósseis, as queimadas e a desflorestação são processos que se tornaram cada vez mais frequentes, com as consequências que conhecemos e levaram já a medidas como a Lei do Clima, que procuram reverter esta destruição da camada de ozono.

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O dióxido de carbono é o principal responsável por estes efeitos, mas há outros GEE, como o metano. No entanto, e para que fosse mais fácil medir as emissões destes gases, criou-se uma medida internacionalmente padronizada, o dióxido de carbono equivalente (CO2e). Assim, os outros gases são convertidos em CO2 e, desta forma, é mais fácil analisar o seu impacto no aquecimento global.

Gases com efeito de estufa e aquecimento global: qual a relação?

Os gases com efeito de estufa são assim chamados porque absorvem uma parte da energia e calor dos raios solares e os distribuem pela atmosfera, evitando que escapem para o espaço. Sem eles, a Terra não teria calor e a vida não seria possível. No entanto, quando estas emissões são excessivas, o calor retido na Terra é maior. Por isso se fala em aquecimento global e alterações climáticas. Quando a temperatura aumenta, as massas de gelo derretem e o nível do mar sobe, a desertificação intensifica-se e os desastres naturais, como furacões, tornam-se mais frequentes.

 

E o que tem tudo isto a ver com a pegada de carbono? É uma forma de medir as emissões de carbono de qualquer pessoa ou organização. Esta avaliação tem em conta, por exemplo, o lixo que produz ou a forma como se desloca, mas também outros hábitos. Por exemplo, se beber um café, a medição tem em conta as emissões geradas pela plantação, maquinaria usada na transformação, transportes e preparação da bebida. 

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O que está ser feito para diminuir as emissões de carbono?

Como as emissões de carbono estão a prejudicar seriamente o planeta, nos últimos anos intensificaram-se os esforços para as reduzir. Em 2015, pelo Acordo de Paris, todos os países do mundo concordaram em tomar medidas para manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC e combater os efeitos das alterações climáticas, traçando metas para a redução das emissões de carbono.

Os Estados-membros da União Europeia (UE) assinaram esse acordo e a UE assumiu compromissos para uma redução de pelo menos 55% das emissões até 2030. A Lei do Clima estabelece como meta a neutralidade carbónica, isto é, fazer com que a Europa seja o primeiro continente a atingir zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa.

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Entre as medidas em vigor na UE está, por exemplo, o Regime de Comércio de Licenças de Emissão da União Europeia (RCLE-UE) que tem como objetivo reduzir as emissões de carbono da indústria. As empresas devem ter licenças de autorização por cada tonelada de CO2 que emitem. Estas licenças são adquiridas através de leilões, existindo alguns incentivos para estimular a inovação no setor que contribua para indústrias menos poluentes.

Tome Nota:

O Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE) abrange os setores com um grande peso nas emissões de carbono, como centrais térmicas, refinarias, cimento, pasta de papel, vidro, entre outras. 

A UE pretende também implementar um Mecanismo de Ajustamento das Emissões de Carbono nas Fronteiras, aplicando um preço do carbono às importações de bens provenientes de países menos ambiciosos em termos climáticos. O objetivo é evitar a fuga de carbono, isto é, que as indústrias da UE desloquem a sua produção para países com regras menos rigorosas em matéria de redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Outra medida da UE passa por preparar as florestas para as alterações climáticas, aproveitando o facto de as florestas europeias absorverem anualmente o equivalente a 8,9% das emissões de GEE na UE. A legislação europeia quer prevenir as emissões causadas pela desflorestação e obrigar os Estado-Membros a compensar as mudanças no uso do solo melhorando a gestão de emissões ou aumentando a sua área florestal.

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A redução das emissões provocadas pelos carros (que representam 15% das emissões de CO2 da UE) é outra meta a nível europeu. Para a atingir estão a ser tomadas medidas para  facilitar a transição para os veículos híbridos e elétricos.

Portugal participa neste esforço conjunto e tem obviamente indicadores ambientais a cumprir. Um dos pilares do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é a transição climática e inclui medidas como a descarbonização da indústria ou a eficiência energética dos edifícios. Os apoios à mobilidade sustentável são outro exemplo dos contributos nacionais para reduzir as emissões de carbono.

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As 3 formas de reduzir as emissões de CO2 

Se à escala mundial, europeia e nacional estão a ser tomadas medidas para reduzir as emissões de carbono, esta é a altura certa para que cada um, nos pequenos gestos do dia-a-dia, possa dar o seu contributo.

Se a sua pegada de carbono é elevada, pode fazer a chamada compensação carbónica, isto é, ter comportamentos que possam, de alguma forma, compensar as suas emissões de co2.

Veja algumas formas de reduzir ou compensar a sua pegada de carbono:

 

Compras sustentáveis

  1. Use sacos reutilizáveis;
  2. Leve as suas próprias embalagens para o supermercado ou take away em vez de recorrer a plásticos de uso único;
  3. Opte pela recarga de produtos;
  4. Combata o desperdício alimentar ao comprar apenas as quantidades que precisa;
  5. Escolha produtos da época e de produção local;
  6. Prefira produtos orgânicos;
  7. Reduza o consumo de carne;
  8. Adira às hortas comunitárias e produza os vegetais que consome.

 

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Tenha uma casa mais verde

  1. Melhore a eficiência energética da casa; pode recorrer a apoios como o Casa Eficiente ou optar por soluções low-cost como lâmpadas economizadoras;
  2. Escolha eletrodomésticos com melhor desempenho energético;
  3. Recicle móveis;
  4. Repare os eletrodomésticos e equipamentos eletrónicos; se avariarem, descarte-os nos locais corretos para deposição de lixo eletrónico.

 

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Viaje com menos emissões

  1. Nas suas deslocações prefira os transportes públicos ou a bicicleta;
  2. Aproveite os incentivos do Fundo Ambiental para a compra de viaturas elétricas;
  3. Nas deslocações para o trabalho ou em lazer, partilhe carros e boleias;
  4. Ligue o motor do carro imediatamente antes do início da viagem e desligue sempre que o carro fique imobilizado mais do que um minuto;
  5. Retire toda a carga desnecessária do porta-bagagens e bancos traseiros.

 

Tome Nota:

Para saber como poupar combustível e o ambiente, veja as dicas de eco-condução dadas pelo IMT e perceba qual o potencial de poupança de cada pequeno gesto.

Leia também: Conduzir para poupar o ambiente

Qual a pegada ecológica do seu voo?

Se está a planear férias ou uma “escapadinha” num fim-de-semana prolongado, já pode calcular a pegada de carbono dessa deslocação. Basta aceder ao site da Organização Internacional da Aviação Civil e usar a calculadora ali disponível. Esta ferramenta mede as emissões de carbono por passageiro e seu percurso, com base no aeroporto de origem e de destino de cada passageiro.

 

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