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O preço de ser verde: afinal quanto custa a sustentabilidade?

Sustentabilidade

Ter uma atitude verde, amiga do ambiente, é um desafio que pode sair caro mas, é essencial para combater os impactos climáticos 17-06-2022

Tempo estimado de leitura: 8 minutos

Ser verde, respeitar o ambiente e reduzir as emissões poluentes na atmosfera é um desafio decisivo para a humanidade. Mas a sustentabilidade também tem um preço. E será que está ao alcance de todas as carteiras?

A temperatura média do planeta aumentou 1,1°C, até 2019, face aos níveis pré-industriais e as alterações climáticas são já uma realidade. Secas, tempestades, inundações e outros fenómenos meteorológicos extremos são manifestações frequentes do aquecimento global. Tomar medidas para combater as alterações climáticas e para preservar a saúde e o bem-estar de todo o nosso planeta é urgente.

A Comunidade Europeia definiu o Ambiente como prioridade política. Pretende-se alcançar a neutralidade climática até 2050. Esta transição implica custos em termos sociais, económicos e financeiros.

E enquanto cidadãos e consumidores? Qual o nosso papel no combate às alterações climáticas? Descubra, neste artigo, como pode ter uma atitude mais verde e quanto é que isso lhe pode custar.

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Como ser mais sustentável e a que preço?

Cada um de nós pode adotar medidas para uma vida mais eco friendly, optando por um estilo de vida mais sustentável, com escolhas de consumo conscientes e responsáveis.

Se algumas destas atitudes implicam custos e obrigam a uma adaptação do orçamento familiar, outras nem tanto.

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Mobilidade sem emissões poluentes

Trocar o carro por transportes públicos, andar mais a pé, ou de bicicleta, são excelentes formas de reduzirmos a nossa pegada ambiental. Para quem não consegue abdicar do automóvel, trocar o veículo movido a gasolina ou gasóleo por um movido a fontes limpas de energia é a solução mais amiga do ambiente.

Mas, enquanto trajetos regulares a caminhar ou andar de bicicleta são excelentes formas de poupar dinheiro em combustível, adquirir um carro elétrico é mais caro do que comprar um automóvel movido a gasolina ou gasóleo.

Se fizermos uma rápida comparação entre alguns dos carros elétricos mais acessíveis em Portugal, verificamos que a sua versão equivalente com motor de combustão interna é mais barata. Para um automóvel citadino a gasolina os preços começam, de um modo geral, nos 17 mil euros. Já as versões 100% elétricas, ainda têm um custo a partir de 30 mil euros.

Apesar desta tendência, o mercado dos carros elétricos tem vindo a aumentar o que começa a refletir-se em preços cada vez mais atrativos. Além disso, a longo prazo, o carro elétrico oferece algumas vantagens:

  • Poupança em combustível de, pelo menos, 30% face ao carro a gasóleo, e 45% face ao carro a gasolina;
  • Menor ruído nas estradas, cidades e vilas;
  • Melhor desempenho ambiental;
  • Menores custos de manutenção;
  • Redução da emissão de gases de efeito de estufa;
  • Diminuição da dependência energética do país.

 

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Eficiência energética em casa

Usar a energia doméstica de modo eficiente é outra forma relativamente fácil de contribuir para a sustentabilidade ambiental. Impõe, contudo, um investimento que embora possa ser recuperado mais tarde, exige algum esforço inicial.

No que diz respeito à eficiência energética, para poder poupar é fundamental medir o que se gasta. Por isso, equipamentos de monitorização dos consumos de energia são excelentes aliados para uma redução na fatura energética. O custo destes equipamentos começa nos 20 euros, aproximadamente.

Numa fatura anual de 1200 euros, a instalação destes equipamentos de monitorização dos consumos pode levar a uma poupança de energia no valor de 48 euros por ano, segundo dados da Agência para a Energia, ADENE.

Instalar janelas novas em sua casa é um investimento bastante elevado. No entanto, com janelas eficientes de classificação “A” ou superior, as poupanças energéticas podem rondar 200 euros e 850 euros por ano. A substituição de uma janela vulgar, de vidro simples e sem corte térmico, por uma janela com etiqueta CLASSE+ com classificação “A+” pode significar uma redução de, pelo menos, 50% nas perdas de energia associadas às janelas, refere a Agência de Energia ADENE.

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Outra forma de garantir a eficiência energética em casa é optar por eletrodomésticos com classe energética mais eficiente (A até A+++), principalmente nos equipamentos que funcionam 24 horas por dia, como por exemplo, o frigorífico. Embora dispendioso, comprar eletrodomésticos novos com melhor desempenho compensa a médio, longo prazo. Ao substituir o seu frigorífico antigo por um de classe A, por exemplo, poderá obter reduções anuais nos custos energéticos na ordem dos 70 euros.

Investir em painéis fotovoltaicos para produzir energia elétrica, numa casa unifamiliar, pode representar um custo entre os 1 000 a 3 000 euros, dependendo do número, watts, empresa que comercializa e instala os painéis. Também aqui não parecem existir dúvidas de que a recuperação do investimento acabará por chegar.

Segundo a ADENE, a instalação do kit fotovoltaico para autoconsumo, numa fatura anual de 720 euros, pode reduzir a fatura de energia em 285 euros, por ano. O autoconsumo pode levar à redução da fatura de energia elétrica até 80%, garante a associação.  

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Alimentação sustentável

Os alimentos e fibras têxteis obtidos através da agricultura biológica provêm de um método de produção mais amigo do ambiente e que respeita o bem-estar animal. No seu cultivo, os produtos biológicos não utilizam pesticidas, adubos químicos ou Organismos Geneticamente Modificados (OGM).

Quando comparamos o preço dos produtos biológicos com os produtos obtidos através da agricultura convencional, é evidente que o custo dos alimentos biológicos é mais caro. Num cabaz de supermercado, uma dúzia de ovos biológicos tem um custo de 4,38€, enquanto uma dúzia de ovos de classe M/L convencionais tem um preço de 2,78€.

Passando para a fruta, um quilograma de maçãs biológicas custa cerca de 3,58€, enquanto um quilograma de maçãs de Alcobaça custa 1,59€ e um quilograma de maçãs reineta custa 2,29€. Nas batatas a diferença de preços não é tão acentuada. Mesmo assim, verifica-se que as biológicas têm um custo ligeiramente superior. Ou seja, 1,48€/Kg (bio) e 0,64€/Kg (batata branca).

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É preciso ter em conta que a agricultura biológica é proveniente, sobretudo, de pequenos produtores locais que não utilizam químicos e pesticidas na sua produção.

Por esse motivo, acrescem as despesas com mão-de-obra. Simultaneamente, o tempo de produção agrícola e de criação dos animais é mais demorado. Também a certificação biológica exige investimentos elevados e tudo isto acaba por se repercutir no preço que o consumidor final paga.

Além disso, quando estamos a pagar um valor baixo por alguns produtos originários do cultivo intensivo, estamos a pagar um preço caro pelos efeitos da expansão das áreas de produção agrícola de matérias-primas. Ou seja, a desflorestação e a degradação florestal.

Segundo a Associação Zero é necessário “fazer compras conscientes”. A desflorestação “está a ocorrer a um ritmo alarmante, agravando as alterações climáticas e a perda de biodiversidade”.

Custo da transição energética em Portugal

Um dos objetivos do Plano de Recuperação e Resiliência Português (PRR) é ajudar Portugal a cumprir a sua parte em alcançar as metas climáticas e atingir a neutralidade carbónica até 2050. O PRR é repartido pelas três áreas, resiliência, transição climática e transição digital. A transição climática prevê a aplicação de 3 mil milhões de euros. O Fundo Ambiental, do Ministério do Ambiente, também aumentou as verbas destinadas a apoiar a transição energética para 1125 milhões, agora previstos no Orçamento de Estado para 2022.

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