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Sustentabilidade: sabe o que está por detrás deste conceito?

Sustentabilidade

Quando falamos de sustentabilidade, de que falamos exatamente? Na verdade, de um conjunto de áreas de ação que aqui explicamos 24-06-2021

Tempo estimado de leitura: 20 minutos

Sustentabilidade é uma palavra cada vez mais em voga. Mas, afinal, o que é significa exatamente? Fique a saber.

Nos últimos tempos, a palavra sustentabilidade entrou no nosso léxico quotidiano. Porém, o seu alcance pode, nem sempre, ser claro. Para o explicar, temos de recuar a 1987, ao relatório Our Common Future ou Brundtland, da World Commission on Environment and Development.

Esse documento usava a expressão “desenvolvimento sustentável” e definia-o como uma forma de “atender às necessidades das gerações atuais, sem comprometer a possibilidade de satisfação das necessidades das gerações futuras”.

Em termos práticos e objetivos, o conceito de sustentabilidade refere-se à boa gestão de recursos e meios, preservando a sua continuidade. Ou seja, integra atitudes, ideias, estratégias ou formas de atuar, de pessoas ou organizações, que contribuam para a sobrevivência ecológica, económica, social e cultural do planeta, e no limite da humanidade.

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Os três pilares da sustentabilidade

A sustentabilidade permite por isso uma abordagem transversal e global, onde se avalia o impacte de três fatores essenciais, capazes de, em conjunto, contribuírem para os objetivos de continuidade e equilíbrio no uso e gestão dos recursos.

Mais, quando falamos de modelos que se regem por critérios de sustentabilidade, falamos na capacidade de os pôr em prática e de os ter em conta - na vida das comunidades, das famílias e das empresas que, por sua vez, e cada vez mais, integram este conceito nos seus padrões de gestão.

Ou seja, com base nos bons princípios ESG (acrónimo inglês para as palavras ambiental; social e de governação com bons principio de gestão e de ética).

E isto não só por exigência crescente dos clientes, investidores, reguladores e colaboradores, mas também porque aqueles fatores contribuem para a sua eficiência operativa, gestão de riscos e diferenciação positiva face à concorrência.

Exploremos um pouco mais cada um destes fatores que na prática coincidem com uma dimensão ambiental, social e económica.

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Fatores ambientais

Os recursos naturais devem ser conservados e geridos pela sociedade, pelas comunidades e pelas empresas, de modo equilibrado e sustentável no tempo. E isto consegue-se com modelos de produção e consumo responsáveis que, além dos seus efeitos a longo prazo, permitem defender a qualidade do ambiente de maneira mais imediata.

Há, por isso, que adotar no dia-a-dia medidas que reduzam os impactes negativos das nossas ações no ar, na água e no solo e com isso contribuir para preservar a biodiversidade. O Ambiente representa por isso um dos três pilares do conceito de sustentabilidade e pelo seu impacte no equilíbrio global do planeta é, por si, muito importante.

Consulte mais detalhes sobre este assunto no portal do BCSD Poprtugal.

Exemplos de medidas ambientalmente sustentáveis

  • Evitar o desperdício de água;
  • Utilizar fontes de energias renováveis e limpas (geotérmica, eólica e hidráulica);
  • Moderar a exploração dos recursos minerais (carvão mineral, petróleo, minérios);
  • Privilegiar a produção e o consumo de alimentos orgânicos;
  • Privilegiar o uso de tecnologias que recorrem a fontes de energias renováveis;
  • Reciclar;
  • Preferir os produtos biodegradáveis;
  • Preservar as áreas verdes.

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Fatores sociais

O conceito de sustentabilidade pressupõe igualmente um cuidado particular com a defesa dos direitos humanos e da igualdade de oportunidades. Esta dimensão social - igualmente integrada no conceito global de Sustentabilidade - assenta muito diretamente numa preocupação permanente com as pessoas e com as suas condições de vida, em vetores como a educação, a saúde, a segurança ou o lazer.

Um dos seus propósitos passa por promover uma sociedade mais justa, que permita e defenda a inclusão social e distribuição equitativa dos bens, de modo a erradicar a pobreza. Além disso, defende como fundamental o respeito pela diversidade cultural das comunidades locais, cujos direitos de cidadania devem ser garantidos.

Exemplos de medidas socialmente sustentáveis

 

  • Projetos educativos e sociais gratuitos, nomeadamente para pessoas com baixos rendimentos;
  • Ensino público e de qualidade;
  • Programas de inclusão social, destinados a pessoas com necessidades especiais;
  • Qualificação profissional dos jovens, através de cursos gratuitos;
  • Saneamento básico, garantindo esgotos e água potável a todos os cidadãos;
  • Acesso generalizado à energia elétrica;
  • Acesso gratuito ou a preços reduzidos à Internet a pessoas com baixos rendimentos;
  • Qualificação profissional dos trabalhadores ou de desempregados;
  • Programas de sensibilização dos jovens para comportamentos de risco;
  • Programas de apoio para as pessoas mais carenciadas.

 

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Fatores económicos

A dimensão económica é uma terceira alavanca essencial no conceito holístico de sustentabilidade. Integra toda a rede de atividade económica que - de modo eficaz e sem contrariar os bons princípios da gestão e do rigor ético - gere riqueza e, mais uma vez, garanta sustentabilidade económica futura.  

O papel das empresas e dos seus órgãos de gestão é determinante neste campo. Daí que os fatores ESG tenham necessariamente que ser tido em conta. Ou seja, a gestão das empresas deve, ao mesmo tempo, criar benefícios sociais e ambientais para trabalhadores e para a sociedade em geral, ao mesmo tempo que guia a sua atuação no mercado pelos bons princípios de transparência ética e legal.

Isso implica que, além de cumprir as leis ambientais, a empresa invista nas pessoas, num código de conduta consistente e em modelos de gestão verdadeiramente alinhados com os interesses da comunidade de stakeholders (colaboradores, acionistas; clientes; concorrentes; comunidade; entre outros). E isto pode implicar mudanças significativas nos modelos de gestão das instituições mas traz muitos benefícios para sua sobrevivência futura.   

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Algumas destas medidas podem ser o consumo eficiente de recursos naturais, com tecnologia adaptada; a prevenção da poluição com políticas de gestão ambiental; o lançamento de produtos e de serviços ambiental e socialmente responsáveis; medidas de promoção do emprego digno; medidas de apoio social junto dos empregados e da comunidade local; dinamização de boas práticas de voluntariado; entre muitas outras.

 

Exemplos de medidas economicamente sustentáveis

  • Uso de energias limpas e renováveis, como a eólica e a solar;
  • Tratamento de resíduos orgânicos, nomeadamente através da reciclagem;
  • Uso racional dos recursos energéticos e hídricos;
  • Transportes de mercadorias mais económicos e menos poluentes, como os meios ferroviários e marítimos;
  • Incentivos fiscais para empresas com práticas sustentáveis;
  • Sistemas de tratamento e de reaproveitamento de água;
  • Uso de materiais reciclados ou biodegradáveis.

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Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável

Em 2015, a nova Agenda das Nações Unidas para 2030 definiu como o seu objetivo final a erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável. Para isso, traçou 17 objetivos, chamados de Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) e que podem ser consultados aqui. Estes 17 objetivos refletem as 3 dimensões do desenvolvimento sustentável (económica, social e ambiental), o combate às desigualdades e a promoção dos Direitos Humanos.

Os ODS devem ser integrados nas políticas, nos processos e nas ações desenvolvidas nos planos regionais, nacionais e globais, tanto nos países desenvolvidos, como em desenvolvimento. Para isso, é importante a participação de todos, nomeadamente Governo, Parlamento, autoridades regionais, autarquias locais, ONG (organizações não-governamentais), setor empresarial, academia, parceiros sociais e restante sociedade civil.

Estes ODS têm vindo a ser alavancados por múltiplas ações levadas a cabo pela própria ONU. Nomeadamente, no âmbito das decisões estratégicas no âmbito do United Nations Global Compact que pode conhecer melhor neste artigo Saldo Positivo.  

O QUE A CAIXA PODE FAZER POR SI?

Em Portugal, bancos como a Caixa Geral de Depósitos integram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na sua Cultura e na sua estratégia de atuação. Fazem-no de modo consistente ao longo da sua história de gestão e por isso, constituem exemplo de boas práticas no respeito pelas várias dimensões da Sustentabilidade.

Saiba Mais Aqui.

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O contributo nacional

Portugal teve uma participação ativa na elaboração deste documento, defendendo a cooperação entre os vários atores envolvidos na execução desta Agenda. O nosso país ressaltou ainda a importância de problemáticas como:

  • A paz, a segurança e a boa governação, principalmente nos Estados frágeis;
  • A conservação e a utilização sustentável dos oceanos;
  • Os Direitos Humanos e o combate às desigualdades, sobretudo no que concerne às questões da igualdade e de género.

 

Avaliação e implementação

Para avaliar a implementação desta Agenda, é usado um conjunto de 230
indicadores globais, que permite concluir quais destes objetivos globais já foram ou não concretizados, assim como as lacunas e os desafios a enfrentar.

A nível europeu e nacional, a execução desta Agenda passa, entre outras medidas, pela criação de instrumentos de financiamento, como Fundos Europeus Estruturais e de Investimento, e de comissões responsáveis pela articulação interministerial da política externa e da política de cooperação.

Alguns números que importa reter

Só em Portugal são…

  • desperdiçadas anualmente cerca de 1 milhão de toneladas de alimentos;
  • produzidos 484kg de resíduos domésticos por habitante, sendo que apenas uma pequena percentagem é reciclada;
  • gastos com o transporte pessoal e de produtos, 25% do total das emissões de gases com efeito de estufa.

Para reduzir estes números devemos…

  • reaproveitar as sobras de comida e evitar a compra excessiva de alimentos;
  • reciclar e evitar o uso de embalagens desnecessárias;
  • reduzir a pegada ecológica, privilegiando o uso de transportes públicos, de bicicletas ou andar a pé.

Fonte: Deco Proteste

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