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A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), considera que depois da crise causada pela pandemia de COVID-19, a atual guerra irá desacelerar a recuperação global da economia e aumentar ainda mais a inflação em todo o mundo. Por cá, também o Banco de Portugal já advertiu que a taxa de inflação deverá aumentar 4% este ano.
Combustíveis, energia, transportes, produtos alimentares, são alguns dos setores onde os portugueses já começam a sentir os efeitos do atual cenário de guerra. Descubra 8 produtos que lhe vão pesar mais na carteira, nos próximos tempos.
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1. Pão
A Rússia e a Ucrânia são dois dos maiores fornecedores de cereais a nível mundial. Um dos efeitos visíveis do clima que se vive em ambos os países é a escassez de trigo. Esta situação já levou a um aumento de cerca de 30%, no preço deste cereal, nos mercados internacionais.
Portugal importa 90% do trigo que consome, o que coloca o país numa situação de maior dependência e vulnerabilidade. Com a subida de preço dos cereais e, consequentemente, da farinha, ocorre um aumento do custo do pão e outros produtos de panificação.
Helder Pires, da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares admite que devido ao aumento do custo da farinha, da eletricidade e do gasóleo “o pão pode chegar ao mercado 20% mais alto”.
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2. Óleo de girassol
Cerca de 60% da produção mundial das sementes de girassol pertence à Rússia e à Ucrânia. Além disso, o maior exportador mundial de óleo de girassol é a Ucrânia, que exportou 5,27 milhões de toneladas durante os anos de 2020 e 2021.
Esta situação traduz-se, inevitavelmente, numa escassez e subida de preço já visível nalguns supermercados portugueses.
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3. Produtos de origem animal
Portugal importa da Ucrânia quase metade do milho usado nas rações para animais. A falta de matéria-prima faz com que haja uma maior escassez na produção das rações para alimentação animal e torna, simultaneamente, o seu preço mais elevado. Esta situação afeta vários produtos de origem animal, como por exemplo, o leite, a carne e os ovos.
A Associação dos Produtores de Leite de Portugal já veio alertar para “os acontecimentos dramáticos da guerra na Ucrânia que agravam a difícil situação dos produtores de leite portugueses”, acrescentando que “o aumento do preço do leite registado em Portugal a partir de 1 de janeiro já foi anulado pelos aumentos dos custos em 2022”.
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4. Fatura da eletricidade
O aumento do preço da eletricidade e do gás natural está relacionado com a volatilidade dos mercados e com a incerteza no que concerne ao abastecimento. A tendência já era de subida, mas é provável que se possa agravar.
Muito embora a ERSE esteja a prever medidas, capazes de mitigar esta curva ascendente nos custos das matérias-primas e portanto no nível de preços pago pelos consumidores, é natural que o consumidor final continue a sentir o peso deste encargo na gestão familiar.
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5. Encher o depósito
Também no setor dos combustíveis, a debilidade da União Europeia é evidente. Cerca de 27% do petróleo consumido na Europa é importado da Rússia. Esta situação, além de colocar em causa o cumprimento das metas de descarbonização, tem feito disparar o preço dos combustíveis e levantado questões como uma possível escassez de gasóleo no mercado, caso a Rússia deixe de exportar.
Prepare-se para que o valor a pagar para encher o depósito do seu carro se mantenha elevado, até que os circuitos económicos do petróleo estabilizem e a incerteza diminua.
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6. Transportes
Com o aumento da gasolina e do gasóleo todo o setor dos transportes acaba igualmente por ser afetado.
A Uber, por exemplo, já aumentou os preços das viagens em Lisboa. Na UberX, a modalidade low-cost da plataforma, a tarifa base subiu de 90 para 95 cêntimos, enquanto o preço por quilómetro se alterou de 59 para 62 cêntimos.
No setor da aviação, a Associação Representativa das Companhias Aéreas em Portugal deixou o aviso de que, caso o preço do jet fuel se mantenha elevado, é razoável esperar que isso se reflita nos resultados das companhias aéreas e nos preços cobrados aos clientes.
A TAP, por sua vez, também admitiu que devido à subida da cotação do combustível para aviões, é provável haver aumento no preço dos voos.
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7. Vestuário e indústria
No setor têxtil, o incremento nos custos energéticos e das matérias-primas trazem igualmente efeitos para o consumidor final. O setor antecipa preços mais altos a pagar pelas famílias porque as matérias-primas são igualmente mais escassas e caras. Mas não só.
O agravamento dos custos de transporte nas cadeias de distribuição favorecem a instabilidade e a tendência inflacionista.
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8. Habitação
Devido a este agravo inflacionista, e para níveis pouco habituais na nossa história recente, o Banco Central Europeu prevê subir as taxas Euribor que servem de indexante no crédito à habitação.
Para quem tem ou vai fazer um crédito à habitação, com uma taxa Euribor a 3, 6, ou 12 meses, isto pode representar um aumento significativo no valor a pagar pelas prestações da casa.
Este contexto, aliado ao impacte do conflito na Ucrânia no setor da construção, pode tornar mais difícil o processo de compra de habitação própria. Os preços das matérias-primas têm disparado, nos últimos tempos, nomeadamente no mercado dos metais, onde o preço do alumínio, por exemplo, teve um incremento de 20%, desde o início do ano.
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