Moratórias

Prepare-se para pagar as moratórias: dicas para ajustar o orçamento

Casa e Família

O momento de pagar as suas moratórias chegará em breve. Está preparado para o agravamento das suas despesas? Saiba como fazê-lo. 24-08-2020

O momento em que terá de pagar as suas moratórias pode parecer distante, mas quanto mais cedo se preparar, menor será o impacto.

Pagar as moratórias que pediu devido à quebra de rendimentos causada pela pandemia é algo que pode começar a preparar desde já. Tente redefinir o seu orçamento para que, quando chegar a altura, os efeitos sejam menores.

Ao aderir às moratórias para os créditos ou seguros adiou, por algum tempo, despesas que, devido a uma eventual quebra de rendimentos, poderia estar a ter dificuldade em pagar.

Esta medida, que começou por abranger os créditos à habitação, mas que acabou por ser alargada a outros créditos, foi a solução encontrada por muitos portugueses, afetados por uma quebra de rendimentos, para ultrapassar esta fase mais complexa.

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Como funcionam as moratórias

Durante ochamado período de carência, ou seja, a fase em que a moratória está em vigor, pode deixar de pagar capital e juros, ou só o capital, mantendo o pagamento de juros.

A moratória aplica-se apenas à prestação, pelo que os prémios de seguros e as comissões associadas ao crédito têm de continuar a ser pagos.

As moratórias como mecanismo de apoio

Segundo dados obtidos pelo Banco de Portugal (BdP) ainda na fase inicial deste regime - quando existia ainda uma diferenciação entre as moratórias públicas (que eram só para crédito à habitação) e as privadas (que incluíam os restantes créditos), associadas habitualmente à carência de capital, foram requeridas moratórias públicas para cerca de 195 mil contratos de crédito a particulares. Cerca de 90% dos pedidos de moratória de particulares solicitava a suspensão total do pagamento de capital e juros.

Já no que diz respeito às moratórias privadas, dos cerca de 300 mil contratos abrangidos por moratórias, 174 mil diziam respeito ao crédito ao consumo. E também neste regime, os pedidos incidiram sobre a suspensão do pagamento de capital e juros.

 

Prazos a ter em conta nas moratórias

Se fez um contrato de crédito até 26 de março de 2020, pode pedir aderir às moratórias até 30 de setembro.

No caso do crédito à habitação, esta suspensão no reembolso do empréstimo termina a 31 de março de 2021. Se tiver um crédito pessoal, pode beneficiar de um máximo de 12 meses de moratória. Este benefício termina a 30 de junho de 2021.

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E quando terminar a moratória?

Certamente que já pensou no momento em que voltará a pagar o empréstimo, mesmo que este pareça ainda estar distante. Na verdade, a moratória não constitui um perdão da dívida, mas apenas um adiamento do seu reembolso. Se a prestação foi suspensa durante seis meses, o prazo do seu empréstimo foi prolongado por igual período.

Para quem perdeu o emprego ou tem um negócio próprio cujas receitas foram bastante afetadas pelas medidas para conter a propagação da Covid-19, pode existir alguma incerteza quanto ao futuro. Será que nessa altura a sua situação financeira vai estar melhor?

Esta preocupação, comum a muitos portugueses, é partilhada pelo BdP. No Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado em junho de 2020, o regulador alertava: “As consequências económicas e financeiras desta pandemia poderão prolongar-se muito além do fim previsto do período de vigência dos regimes de moratórias, pelo que, após o seu término, poderá ocorrer um aumento do incumprimento das obrigações de crédito tanto dos particulares, como das empresas”.

Há por isso que antecipar o problema com a criação de mecanismos de poupança e alguma salvaguarda financeira.

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Estratégias para preparar o seu orçamento para o pós-moratória

Embora para muitas famílias a situação possa ser ainda bastante complicada, por não terem ainda recuperado empregos ou rendimentos, para quem tem ainda alguma margem, apesar dos cortes sofridos, o melhor é preparar, desde já, o retomar do pagamento das prestações.

Se perdeu rendimentos devido, por exemplo, ao desemprego ou lay-off de um dos elementos do agregado familiar, é importante reorganizar as finanças pessoais para que se adequem a esta nova realidade.

Se está a receber menos, mesmo com a folga concedida pela adesão às moratórias, é importante reduzir outros gastos além das prestações.

Uma boa forma de perceber em que ponto estão as suas contas é elaborar o orçamento familiar, percebendo a relação entre as despesas e as receitas. Pode ter uma ideia aproximada, mas por vezes pode esquecer-se de pequenos gastos que, ao fim do mês, fazem uma grande diferença na carteira.

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Aponte todos os gastos, mesmo os mais baixos, não deite fora faturas e talões dos cartões de crédito e débito e analise atentamente o seu extrato bancário para perceber como está a gastar o seu dinheiro e onde pode cortar.

O portal Todos Contam tem disponível um simulador de orçamento familiar que lhe permite registar despesas e rendimentos e ter uma ideia bastante concreta de como estão as suas finanças.

Nesta fase, é importante ter algum rigor na forma como é gerido o dinheiro disponível, poupando sempre que conseguir. Se possível, além de reduzir a despesa, tente aumentar a receita, vendendo artigos de que não precisa ou transformando um hobby num part-time, por exemplo.

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Três ideias para poupar

  • Renegociar contratos com operadores de telecomunicações e energia, ou procurar ofertas mais vantajosas em empresas concorrentes;
  • Se durante o confinamento passou mais tempo na cozinha e fez mais refeições em casa, percebeu certamente quanto é possível poupar se mantiver esse hábito. Cozinhe mais;
  • Quantas vezes, enquanto esteve em casa, sentiu vontade de dar um grande passeio a pé para apanhar ar? Reduza a utilização do automóvel e, sempre que possível, caminhe ou ande de bicicleta.

 

Uma App para ajudar a poupar

Ter um personal trainer financeiro no seu telemóvel pode ser uma excelente motivação para a poupança tão importante nesta altura. A app Dabox pode ser uma alternativa capaz de lhe dar esse apoio.

Agrega as suas contas e categoriza os seus gastos além de lhe ir dando dicas e alertas personalizados. Saiba Mais Aqui.

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Juntar para quando começar a pagar as moratórias

No caso de conseguir poupar, ou de os rendimentos que recebe serem ainda suficientes para mais ajustes, mesmo que mínimos, pode optar por ir juntando algum dinheiro que poderá vir a ser útil na altura em que começar a amortizar a sua divida.

Se estiver a trabalhar, pode usar uma parte do subsídio de férias ou de Natal para abrir ou reforçar uma conta poupança. Qualquer rendimento extra que receba nesta fase pode constituir uma oportunidade para por dinheiro de lado. Mesmo que seja um exercício difícil de conseguir, é importante ir salvaguardando este pé-de-meia.

Por menor que seja o valor que conseguir juntar, será certamente uma ajuda para aquele momento em que as despesas voltem a aumentar.

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Não consegue pagar? Peça ajuda

Se, mesmo recorrendo a moratórias de crédito sente que está a ter dificuldades para cumprir todos os compromissos financeiros, não deixe que o problema se agrave.

Numa situação financeira mais delicada, é importante não deixar que as dívidas se acumulem e não deve pedir mais créditos para cobrir as despesas que não consegue pagar.

É igualmente importante perceber que pode pedir ajuda e que existem entidades vocacionadas para dar apoio nesta situação.

A Rede de Apoio ao Consumidor Endividado abrange todo o país. As entidades que a integram estão aptas a dar-lhe apoio e aconselhamento. Saiba mais no Portal do Cliente Bancário.

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