Preço da energia

Energia: reagir à subida de preço do gás e da eletricidade

Casa e Família

Apesar das notícias de revisão em baixa, o preço da energia pode subir. Saiba reagir para evitar desequilíbrios na carteira familiar. 16-01-2025

Tempo estimado de leitura: 8 minutos

O início do ano trouxe novidades nos preços da energia, independentemente do comercializador. A subida de 2,1% prevista para os preços do  mercado regulado será absorvida pela baixa de IVA.  Passará de 21% para 6% na generalidade dos consumos nacionais. 

Mas atenção, nem sempre é assim. O custo da energia pode mesmo subir. Por isso é importante saber  como escolher a melhor tarifa e quais os apoios com que pode contar para fazer face à subida de preços.

O sobe e desce do preço da energia

Os consumidores de eletricidade que estão no mercado regulado (cerca de 940 mil), começaram o ano de 2025 com uma descida no preço da eletricidade. De acordo com a ERSE, "regista-se em média, uma variação de 2,1% tanto em termos anuais, quanto em termos mensais". 

Esta descida resultaria num incremento  entre 0,64€ e 1,60€ na fatura mensal, sem contabilizar as taxas e impostos. Porém, uma alteração legislativa veio aumentar o valor do consumo de energia sujeito à taxa reduzida de IVA. Ou seja, os preços em vez de aumentar descem. 

Na prática, isto quer dizer que para o padrão de consumo da generalidade das familias portuguesas  -   com uma potência de 6,9 kVA e consumo 5000 kWh/ano - a taxa de IVA passou de 21% para 6%. Ou seja, estas familias  poupam entre  0,85 e 0,91 euros. 

Por contraste, em 2024,  o ano começara  com um aumento de cerca de 3% no preço da eletricidade, em consequência de dois fatores:

  • A subida de 316% que ocorreu na tarifa de acesso às redes, comum a todos os operadores;
  • Com esta alteração considerável, a subida acabou por não ser tão elevada porque existiu uma redução no preço previsto da energia adquirida pelo Comercializador de Último Recurso (CUR).

 

O que é o Comercializador de Último Recurso (CUR)?
Em cada área geográfica existe um Comercializador de Último Recurso (CUR), empresa licenciada pela Direção Geral de Energia e Geologia. A sua missão é garantir o fornecimento de gás natural aos consumidores mais vulneráveis em segmentos de mercado ou zonas onde não existem propostas no mercado livre ou cujo fornecedor de energia em mercado livre ficou impedido de operar. Se tiver acesso a gás natural, pode solicitar o fornecimento ao CUR da sua zona geográfica. Para descobrir qual o mais próximo de si, utilize o simulador da ERSE.

 

O aumento de 316% nas tarifas de acesso às redes (que abrange todos os operadores)  resultava num impacto direto na fatura dos clientes do mercado liberalizado (cerca de 5,5 milhões).

Cada operador apresenta tarifário ajustada à sua estrutura de custos, mas estimava-se (em 2024) que os aumentos na fatura mensal pudessem vir a rondar, em alguns casos, 20%.

 

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Tarifa de acesso às redes: o que é e porque muda de valor?

A tarifa de acesso às redes é o custo das infraestruturas e dos serviços utilizados por todos os consumidores de forma partilhada. É paga por todos os utilizadores dos mercados regulado e liberalizado. O seu custo é a soma das tarifas de Uso da Rede de Transporte, de Uso Global do Sistema e de Uso da Rede de Distribuição, fixadas pela ERSE.  

Em 2022 e 2023, Portugal teve tarifas negativas. Ou seja, muitos consumidores chegaram a receber dinheiro por usar a rede elétrica. Durante esse período, as tarifas de acesso às redes tinham como objetivo contrariar a tendência de subida dos preços de eletricidade e aliviar o seu impacto nas faturas. Em 2024, a ERSE decidiu repor as tarifas em valores positivos. Daí o registo em alta dos preços no início de 2024. 

Em 2025, a tendência inverteu-se com a descida que explicamos. Mas se voltar a subir, há que saber reagir.

 

Tome Nota:
As alterações de tarifário – que não podem ocorrer durante um período de fidelização - devem ser comunicadas aos clientes com 30 dias de antecedência, se fundamentadas por circunstâncias previstas no próprio contrato.

 

Como escolher a melhor tarifa?

Se está no mercado liberalizado, analise a sua fatura e tente perceber quanto pagaria se tivesse a tarifa regulada. Se compensar, mude.

As faturas emitidas pelos comercializadores do mercado liberalizado têm obrigatoriamente de apresentar o valor que o consumidor pagaria por aquele consumo no mercado regulado. Consulte esta informação na sua última fatura.

Verifique as opções de tarifa condicionada das empresas que implicam condições como ser um novo cliente ou recomendado por um cliente atual. Podem ser vantajosas.

A tarifa indexada interessa, à partida, a quem esteja atento à evolução dos preços, para poder mudar se as condições deixarem de interessar. Em vez de uma tarifa fixa mensal, os clientes pagam um valor que reflete as flutuações do mercado de eletricidade, conforme pode confirmar neste artigo do Saldo Positivo sobre o tarifário indexado.

 

Tome Nota:
Quando comparar fornecedores de eletricidade, deve ter também em conta o preço da potência contratada, em função do número de eletrodomésticos a funcionar em simultâneo. Existem 13 escalões de potência contratada, de 1,15 kVA até 41,4 kVA. Os mais frequentes em Portugal são 3,45 kVA e 6,9 kVA.

 

O QUE A CAIXA PODE FAZER POR SI?
Poupar nos custos passa também por controlar os pagamentos. Se optar pela sua domiciliação, pode sempre acompanhar, autorizar ou suspender essa modalidade através dos canais digitais da Caixa.

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Como mudar de comercializador de energia?

Regra geral, os contratos de fornecimento de eletricidade não implicam um período de fidelização. Mas alguns contratos podem englobar serviços adicionais e estes podem estar sujeitos a fidelizações anuais. À partida, este facto não impedirá a mudança de fornecedor, mas pode significar um custo de saída.

Se planeia mudar de comercializador de eletricidade ou de gás natural, siga estes passos:

  • Passo 1: Analise a lista de comercializadores de eletricidade e de gás natural. Contacte-os e tente obter propostas de fornecimento com critérios iguais ou consulte a lista das ofertas comerciais disponibilizada pela ERSE;
  • Passo 2: Compare as ofertas comerciais e decida qual é a mais vantajosa, de acordo com os critérios que definiu (preços, condições de pagamento, periodicidade de faturação, serviços oferecidos, qualidade comercial, condições gerais e particulares dos contratos, sua duração e condições de denúncia, cláusulas de fidelização) e as condições oferecidas pelo comercializador. Para comparar todas as ofertas disponíveis para os consumidores de eletricidade (em baixa tensão normal) e de gás natural (em baixa pressão) consulte o simulador disponibilizado pela ERSE;
  • Passo 3: Celebre contrato com o novo comercializador vai tratar de todos os procedimentos necessários à mudança (incluindo rescisão do contrato anterior). Antes de assinar o novo contrato, solicite e leia com atenção todos os detalhes e condições da ficha contratual padronizada. É importante que confira as condições contratuais que o esperam antes de as subscrever.

Em caso de dúvida, consulte o vídeo da ERSE: Como mudar de comercializador.

 

Sabia que…

  • Mudar de comercializador não tem custos, nem interrompe o fornecimento de energia. O novo comercializador trata de tudo por si;
  • Deve ajustar a potência contratada ao número de aparelhos que liga ao mesmo tempo;
  • Se tiver tarifa bi-horária ou tri-horária, deve escolher os horários de vazio para os grandes consumos de energia;
  • Se a fatura abranger um período maior do que o habitual, pode pagar em prestações mediante um acordo prévio;
  • A leitura do contador comunicada por si tem o mesmo valor do que a realizada pela empresa;
  • Se suspeita que o contador está avariado, pode pedir a sua verificação por um laboratório acreditado, no portal do IPAC.

 

 

Tome Nota:
Consulte o simulador de eletricidade da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) e descubra qual é a empresa mais barata para si.

 

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Com que apoios posso contar?

Estes são alguns dos apoios com que pode contar para fazer face aos aumentos dos preços da energia.

Tarifa social de eletricidade em 2025: o que temos?

As famílias mais vulneráveis ou em situação de desemprego podem continuar a beneficiar de um desconto de 33,8% na eletricidade, no âmbito da tarifa social de eletricidade e de 31,2% na fatura do gás.

A 1 de janeiro de 2024 entrou em vigor um novo modelo de financiamento da tarifa social da eletricidade. A tarifa social passou a ser comparticipada pelos comercializadores e restantes agentes no mercado de consumo de eletricidade. Os contratos anteriores a 2024 não são afetados por esta alteração.

 

Tome Nota:
A tarifa social é atribuída de modo automático. Caso cumpra com os requisitos e não receba qualquer aviso do seu fornecedor, dando-lhe conta desse direito, o cliente deve contactar a empresa e enviar um comprovativo obtido junto da Autoridade Tributária ou da Segurança Social.

 

IVA de 6% na eletricidade para famílias numerosas

As famílias numerosas (agregados com, pelo menos, cinco pessoas) podem ter um alargamento da taxa de 6% na eletricidade até aos primeiros 150 kWh consumidos em cada mês. O restante consumo de eletricidade continua a estar sujeito à taxa de IVA de 23%. Estas condições são válidas para quem tem uma potência contratada igual ou abaixo de 6,9 kVA.

No site da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas pode consultar informação adicional.

Nesta infografia, reunimos os apoios com que pode contar para fazer face aos preços da energia e o que deve fazer para lhes aceder.

E se quiser mudar para o mercado regulado?

Pode fazê-lo no curso ainda de 2025. A tarifa manter-se-á até ao final do ano.   

Trata-se de um procedimento relativamente simples e que deve solicitar junto do seu fornecedor. Caso o seu não garanta este tarifário, então tem mesmo que recorrer a um Comercializador de Último Recurso (CUR).

Tenha atenção à sua fatura porque será sempre ali que pode ter ideia da comparação entre o preço que paga e o que pagaria se estivesse no mercado regulado. Trata-se de uma obrigação legal imposta a todos os fornecedores.

Lembre-se sempre de poupar no consumo

Por muito que dobre a atenção sobre potenciais apoios e medidas que o defendam dos aumentos nos custos da luz e do gás, vale a pena insistir na fórmula que resultará sempre. Ou seja, poupe no consumo de energia.

Na eletricidade, por exemplo, é importante que adeque a potência contratada às suas reais necessidades. Ter uma potência acima do que precisa é um desperdício. Recorra ao simulador da ERSE para identificar a escala certa de consumo.

Depois, pondere as vantagens de um tarifário bi-horário para rentabilizar o uso dos eletrodomésticos nas horas de vazio para maior poupança. Racionalize o uso de máquinas de lavar louça e roupa e ponha-as a funcionar com carga máxima. 

Procure usar máquinas com certificação energética adequada - nunca abaixo da classe A. O uso de lâmpadas LED também ajuda. Aposte no conforto térmico da sua casa sem gastos adicionais de energia.

 

Mais dicas para poupar

  • Evite deixar os aparelhos em stand-by;
  • Desligue o forno momentos antes do momento ideal de cozedura;
  • Evite baixar excessivamente a temperatura do frigorífico;
  • Diminua o número de vezes que abre a porta do frigorífico ou do congelador;
  • Tente assegurar a leitura do contador para evitar estimativas.

 

 

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