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Com o preço das casas a subir, especialmente nas grandes cidades, muitos jovens optam por dividir casa para poupar dinheiro. Partilhar um apartamento com amigos, colegas ou até pessoas desconhecidas (incluindo pessoas mais velhas) tornou-se uma realidade cada vez mais comum em Portugal. Nomeadamente por estudantes universitários que, uma vez deslocados, assim conseguem minimizar os custos de habitação.
Neste artigo explicamos o que é o coliving, quais são as principais vantagens e desvantagens, e deixamos algumas dicas práticas para facilitar a convivência no dia a dia.
Porquê partilhar casa?
A resposta mais imediata é simples, para poupar dinheiro. O custo de vida tem vindo a aumentar e, com os preços da habitação em alta, viver sozinho está fora do orçamento de algumas pessoas. Partilhar uma casa permite dividir a renda; as contas e até as responsabilidades do dia a dia.
Mas não só. Quem vive em coliving ou partilha casa com outras pessoas, muitas vezes também valoriza a dimensão social, o sentimento de comunidade e o apoio mútuo, especialmente em fases de mudança como a entrada na universidade ou o início da vida profissional.
O que é o Coliving?
Coliving é um modelo de habitação partilhada onde várias pessoas vivem no mesmo espaço, com quartos privados e áreas comuns, como cozinha ou sala. É pensado para promover a convivência e a partilha de custos, sendo comum entre jovens, estudantes e profissionais em mobilidade.
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Solução temporária ou modo de vida?
Partilhar casa pode começar como uma solução temporária, mas para muitos acaba por se tornar um verdadeiro estilo de vida. Com a instabilidade no mercado imobiliário, o que era para durar alguns meses ou poucos anos, transforma-se, muitas vezes, numa escolha prolongada.
Hoje, a partilha de casa já não é exclusiva dos estudantes. Cada vez mais jovens profissionais,freelancers, nómadas digitais e trabalhadores-estudantes optam por viver em conjunto, seja para poupar ou para usufruir de um estilo de vida mais social e flexível.
Tome Nota:
Em Portugal, o perfil de quem partilha casa é cada vez mais diversificado e abrange pessoas de diferentes idades. Para muitos, especialmente os mais jovens, os benefícios sociais, como criar laços, contar com apoio emocional e sentir-se parte de uma comunidade, são tão importantes como poupar dinheiro.
O coliving é um reflexo desta mudança. Esta nova forma de habitar combina espaços pensados para a partilha com uma forte aposta no bem-estar e nas experiências comunitárias. Já existem empresas especializadas que oferecem soluções adaptadas a diferentes perfis, como jovens em início de carreira, provando que este modelo veio para ficar.
5 regras de ouro para partilhar casa
Seja em sistema coliving ou num apartamento partilhado mais tradicional, há regras essenciais para manter a paz e o respeito entre todos. Apresentamos algumas das mais importantes.
1. Comunicação aberta
Falar é a base de tudo. Quando se partilha casa, é importante que cada um se sinta confortável para expor o que o incomoda ou sugerir melhorias. Evitar acumular ressentimentos evita discussões maiores no futuro.
2. Definição de responsabilidades
Desde o lixo à limpeza da casa de banho, é importante dividir tarefas e garantir que todos contribuem. Criar um calendário ou esquema de turnos pode ajudar a manter o equilíbrio.
3. Respeito pelo espaço e tempo dos outros
Nem todos têm o mesmo ritmo. Uns podem estudar à noite, outros acordar cedo para trabalhar. O respeito pelos horários, pelo silêncio e a necessidade de descanso ou trabalho de cada um, assim como de liberdade de acesso aos espaços comum é fundamental.
Como gerir o espaço sem criar conflitos?
A gestão do espaço deve ser justa e equilibrada. Cozinhas, casas de banho e salas comuns podem tornar-se fontes de atrito se não houver organização. Por isso é importante dividir os armários, usar etiquetas para identificar alimentos ou produtos, e manter cada um a sua parte limpa. Respeitar os objetos pessoais também é essencial. Por exemplo, evitar invadir espaços ou a propriedade de outra pessoa poupa muitos aborrecimentos. Hoje, muitas casas estão já pensadas para a partilha, com quartos com casa de banho privativa, mobiliário funcional e zonas comuns bem equipadas. Quando os espaços estão bem definidos e organizados, a convivência torna-se mais simples e harmoniosa.
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4. Partilha com limites
Partilhar casa não significa que tudo tem de ser comum. É importante definir o que é de uso partilhado (produtos de limpeza, comida, eletrodomésticos, etc.) e o que é pessoal.
5. Contrato ou acordo
Mesmo que informal, é útil fazer um acordo escrito com regras básicas. Ou seja, com valores, prazos de pagamento, utilização dos espaços, visitas, entre outros. Assim evitam-se mal-entendidos.
Tome Nota:
Há cada vez mais plataformas e projetos para quem quer partilhar casa, com imóveis pensados para comunidades jovens, em que as rendas já incluem limpeza, internet e despesas gerais.
Partilhar casa com idosos: uma solução benéfica para todos
Cada vez mais projetos em Portugal aproximam jovens e idosos para resolver dois problemas em simultâneo. A dificuldade de acesso à habitação e o isolamento na terceira idade. O Programa Aconchego, no Porto, junta estudantes universitários e idosos que vivem sozinhos e têm um quarto livre. Em troca de alojamento acessível, os jovens oferecem companhia e apoio no dia a dia. Também o projeto Partilha Casa incentiva este tipo de partilha intergeracional ao promover a solidariedade e a convivência entre gerações.
Conselhos práticos para uma convivência tranquila
Se vai partilhar casa (ou já o faz), aqui ficam alguns conselhos essenciais:
1. Conheça os companheiros de casa antes de se mudar. Converse sobre expectativas, horários, hábitos e estilos de vida para perceber se são compatíveis.
2. Mantenha as contas claras. Use aplicações ou folhas de cálculo para registar as despesas comuns e evitar mal-entendidos.
3. Evite acumular objetos nas zonas comuns. Respeite os espaços partilhados e mantenha-os organizados.
4. Crie momentos de convívio. Uma pizza ao fim de semana, um filme ou simplesmente conversar pode fortalecer o espírito de grupo.
5. Garanta a privacidade. Ter tempo e espaço para si também é importante e o mesmo se aplica aos outros.
6. Saiba quando seguir em frente. Nem sempre é fácil. Às vezes, os conflitos não se resolvem ou os estilos de vida são demasiado diferentes. Nestes casos, o melhor é procurar outra solução do que insistir numa convivência que prejudica o seu bem-estar.
Conflitos são inevitáveis, mas podem ser resolvidos de forma saudável. O segredo está na escuta ativa e no diálogo. Não deixe os problemas acumularem, resolva-os com respeito e espírito de equipa.
Tome Nota:
A partilha de casa pode reduzir até 50% os custos mensais com habitação.
Partilhar casa é mais do que dividir contas
Partilhar casa é uma experiência rica em aprendizagens. Ajuda a poupar, é certo, mas também desenvolve competências como a empatia, a organização e a comunicação. Seja com amigos, desconhecidos ou até com idosos, é possível criar um ambiente acolhedor e equilibrado desde que haja respeito e regras bem definidas.
Na verdade, partilhar casa pode ser uma excelente escola de vida. Aprende-se a negociar, a respeitar o outro e a viver em comunidade. Acima de tudo, a cuidar do espaço comum e das relações humanas.
É uma opção que exige alguma flexibilidade, mas que oferece benefícios financeiros, emocionais e sociais. Para quem está a começar uma nova fase da vida, é uma boa forma de viver melhor, com menos custos.
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A informação deste artigo não constitui qualquer recomendação, nem dispensa a consulta necessária de entidades oficiais e legais.