Dificuldades de aprendizagem

Dificuldades de aprendizagem: como podem os pais ajudar

Formação e Tecnologia

As dificuldades de aprendizagem podem afetar o desempenho escolar. É muito importante um diagnóstico preciso e os apoios certos. 12-06-2023

Tempo estimado de leitura: 7 minutos

As dificuldades de aprendizagem constituem-se de um conjunto de problemas capazes de afetar a capacidade de uma criança aprender e realizar tarefas escolares como ler, escrever, fazer cálculos matemáticos ou até mesmo socializar.

É importante referir que um déficit de aprendizagem não é, regra geral, o resultado de falta de capacidade ou esforço. Na grande maioria dos casos carece apenas de um acompanhamento especializado para ajudar a criança a superar as dificuldades.

O que são e como identificar as dificuldades de aprendizagem

O conceito de dificuldades de aprendizagem nasce da necessidade de se perceber o motivo pelo qual alunos com potencial intelectual médio ou acima da média não conseguiam ter sucesso escolar em áreas como a leitura, a escrita e o cálculo. Hoje em dia, de acordo com um estudo do ISPA, estas dificuldades são entendidas como uma questão que requer programas educacionais individualizados.

A Mayo Clinic, que também investiga esta temática, refere que a dificuldade de aprendizagem está presente quando o cérebro recebe e processa informações de uma forma atípica, impedindo a criança de aprender uma competência e de a usar adequadamente. Não há, assim, uma correspondência entre as competências esperadas com base na idade e inteligência da criança e o seu desempenho escolar real.

 

Dificuldades de aprendizagem mais comuns

  • Dislexia: dificuldade de leitura;
  • Discalculia: dificuldade com números e cálculos;
  • Disgrafia: dificuldade em escrever e soletrar;
  • Dislalia: dificuldade em articular corretamente as palavras.

 

 

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    Como identificar aprendizagem

    O diagnóstico deve ter em consideração as informações dos pais, professores e profissionais de saúde.

    As crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem, como não conseguir ler ou aprender ao nível do que é esperado para a sua idade, devem realizar avaliações educacionais, médicas e psicológicas. Estas avaliações têm critérios estabelecidos para identificar se a criança possui algum distúrbio de aprendizagem.

    A avaliação educacional inclui testes de competências académicas na leitura, escrita e matemática. São também realizados exames físicos para descartar qualquer problema de saúde que possa interferir na aprendizagem, como problemas de audição ou de visão.

    Uma avaliação psicológica pode ser realizada para determinar se a criança possui problemas emocionais ou distúrbios de desenvolvimento, como transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), que frequentemente coexistem.

    Também podem ser realizados testes para descartar alguma incapacidade intelectual ou outros distúrbios do neurodesenvolvimento como causa das dificuldades de aprendizagem.

     

    Tome Nota:
    O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), também conhecido como perturbação de hiperatividade com défice de atenção (PHDA), caracteriza-se por comportamentos que incluem falta de atenção, hiperatividade ou impulsividade.

     

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    Que soluções existem para crianças com dificuldades de aprendizagem

    Existem várias abordagens que podem ser usadas para ajudar crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem. Essas abordagens envolvem a adaptação das formas de educação para maximizar a aprendizagem e superar as dificuldades.

    As estratégias de tratamento podem ser diferentes, dependendo do tipo de dificuldade e das suas manifestações específicas mas, de forma geral, devem envolver família, professores e equipas especializadas.

    Que estratégias podem os pais adotar

    É importante que os pais detetem o mais precocemente possível as dificuldades da criança. O primeiro passo a dar será falar com o professor ou professores para conseguir mais informações sobre o desempenho da criança na sala de aula e encaminhá-la, por exemplo, para um psicólogo escolar ou outro especialista.  

    Em alternativa, os pais podem também falar com o pediatra ou médico de família para despistar problemas de saúde capazes de afetar a aprendizagem ou para que sejam encaminhados para um psicólogo ou outro profissional de saúde especializado.

    Além disso, os pais podem recorrer a estratégias de incentivo aos interesses e pontos fortes da criança. Podem ainda atribuir-lhe tarefas acessíveis e regulares, fornecer brinquedos e atividades para estimular o desenvolvimento e acompanhar a aprendizagem através da leitura e discussão de livros.

     

    O QUE A CAIXA PODE FAZER POR SI?
    A formação dos nossos filhos será sempre uma prioridade não obstante todas as dificuldades. Pode conseguir superá-las com mais ou menos determinação,
    mas o importante é que comece por escolher o apoio adequado - mediante os seus objetivos e perfil. Para isso, opte por uma simulação prévia.
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    E o que oferece a escola?

    Com a publicação do Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho, ficou estabelecido o regime jurídico da educação inclusiva em Portugal. Tem como objetivo garantir a inclusão de todas as crianças e jovens, independentemente das suas diferenças e necessidades, no sistema educativo português.

    O decreto-lei define a educação inclusiva como um processo que promove a participação, a aprendizagem, a realização pessoal e o bem-estar de todos os alunos, especialmente daqueles que enfrentam barreiras à aprendizagem e à participação.

    Algumas das medidas previstas incluem:

    • O direito de todos os alunos a frequentar uma escola inclusiva, onde as suas necessidades educativas são atendidas de forma individualizada;
    • A criação de equipas multidisciplinares nas escolas para apoiar o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos com necessidades educativas especiais;
    • A promoção de medidas de acessibilidade física, comunicacional e pedagógica nas escolas para garantir a participação plena e efetiva de todos os alunos;
    • O estabelecimento de um sistema de monitorização e avaliação da inclusão educativa para garantir a qualidade e a eficácia das medidas implementadas.

     

    Boas práticas nas escolas

    Agregando a informação de diferentes estudos nacionais e internacionais que se debruçam sobre esta temática, reunimos estas que são consideradas as melhores práticas a adotar nas escolas:

    • É importante implementar avaliações formativas regulares para identificar precocemente as dificuldades individuais de cada aluno;
    • As escolas podem desenvolver programas de intervenção personalizados, que incluam recursos adicionais de ensino e suporte especializado, de acordo com as necessidades específicas de cada aluno;
    • A promoção de uma cultura de apoio emocional, oferecendo serviços de aconselhamento e psicologia escolar, é essencial para auxiliar os alunos;
    • Capacitar os professores com formação contínua sobre estratégias de ensino diferenciadas, métodos de aprendizagem adaptativos e uso de tecnologias educacionais;
    • Envolver os pais e responsáveis, fornecendo recursos e orientações para que possam apoiar o desenvolvimento académico dos seus filhos em casa;
    • Ao implementar estas ações, as escolas podem fazer uma diferença significativa no combate às dificuldades de aprendizagem e no apoio ao sucesso educacional de todos os alunos.

     

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