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Stress em estudantes universitários: como enfrentar o problema?

Formação e Tecnologia

Muitos estudantes sentem na pele o problema, cuja gravidade preocupa pais e comunidade. Deixamos alguns alertas para o enfrentar. 29-11-2021

O stress é um problema cada vez mais comum entre estudantes universitários. Conheça as causas e saiba como lidar com a situação.

Os estudos mostram um aumento de casos de stress em estudantes universitários nos últimos anos. Um problema que pode colocar seriamente em causa não só o sucesso académico, mas também saúde e qualidade de vida.

A incerteza do que os espera no mercado de trabalho, as dificuldades económicas e os efeitos da pandemia de COVID-19 têm impacte emocional significativo entre os futuros profissionais. Neste contexto, surgiram novos recursos de apoio psicológico, dentro e fora das instituições de ensino superior nacionais.

Se é estudante universitário e o stress toma conta de si, saiba como lidar com o problema e a quem recorrer em caso de necessidade.

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O stress entre os alunos das universidades portuguesas

De acordo com o estudo Envolvimento e Burnout no Ensino Superior em Portugal da autoria do professor João Marôco, do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), divulgado no início de 2020 (ainda antes da pandemia), metade dos alunos do ensino superior nacional estavam em burnout.

Tome Nota:

O burnout (ou stress profissional) está, desde 2019, incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID). Não sendo, segundo a Organização Mundial de Saúde, uma “condição médica”, a OMS descreve-o como “uma síndrome resultante de stress crónico no trabalho que não foi gerido com êxito”.

Em 2012, o mesmo inquérito (realizado apenas a estudantes de Lisboa) dava conta de que  apenas 15% apresentavam sintomas de burnout. No espaço de oito anos, a tendência de subida foi acentuada.

A pandemia e os efeitos do confinamento podem, no entanto, ter contribuído para agravar ainda mais a situação. Este estudo da Universidade Católica aponta para um aumento significativo de perturbação psicológica entre os estudantes do superior no período pandémico quando comparado com períodos anteriores.

Leia também: Burnout: como prevenir, diagnosticar e tratar esta síndrome

 

Na investigação foram analisados os níveis de ansiedade, depressão e stress em estudantes universitários portugueses, em dois momentos distintos. Num período normal (fevereiro/março de 2018 e 2019) e no período pandémico (entre a suspensão das aulas a 11 de março de 2020 e a declaração do estado de emergência a 17 de março de 2020).

“Os estudantes que integraram o estudo no período pandémico apresentaram níveis significativamente mais elevados de depressão, ansiedade e stress comparativamente aos que integraram o estudo no período normal”, referem os autores.

Os resultados sugerem que a pandemia teve “um impacto psicológico negativo” provocando “efeitos deletérios na saúde mental dos estudantes universitários.

Sintomas de stress

Há vários sinais a nível psicológico, comportamental e físico, que indiciam que possa sofrer de stress, nomeadamente:

  • Sintomas físicos como dores de cabeça, redução dos níveis de energia, fadiga, oscilações de peso, distúrbios alimentares, tensão muscular, insónia, taquicardia
  • Sintomas comportamentais como aumento de comportamentos de risco, tiques nervosos, agressividade, isolamento
  • Sintomas emocionais como ansiedade, agitação, medo, pessimismo, humor deprimido, irritabilidade excessiva, baixa autoestima, isolamento social, incapacidade de relaxar
  • Sintomas cognitivos como preocupação constante, esquecimento, incapacidade de concentração, dificuldade na tomada de decisões

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Quais os fatores de stress entre os estudantes universitários?

O confinamento e ausência de socialização, os receios em relação ao vírus ou a perda de rendimentos, podem ajudar a justificar uma subida dos níveis de stress durante a pandemia.

No entanto, não só o problema já existia antes da COVID-19, como se vinha acentuando nos últimos anos.

Para o aumento dos níveis de exaustão entre os estudantes portugueses tem contribuído, na opinião de João Marôco, em declarações ao jornal Público, a dúvida relativamente ao que irão fazer depois de concluir os estudos.   

Segundo o investigador do ISPA, em Portugal continua a ser “muito difícil que estes estudantes encontrem colocações compatíveis com as suas qualificações”, o que pode contribuir para a “descrença e o abandono académico”.

Além da incerteza quanto ao futuro profissional, a pressão dos trabalhos e exames, o perfecionismo e uma permanente comparação com os pares podem ser causadores de stress e ansiedade, levando à desmotivação, baixa produtividade e fraco desempenho académico.

Estudar numa grande cidade, longe de casa e do apoio familiar pode ser outro fator, como constata o estudo levado a cabo pelo investigador. Os dados revelam que, é no centro e norte de Portugal, junto ao litoral, nas regiões com maior densidade populacional, que se registam os níveis médios mais elevados de burnout.

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Como podem os estudantes universitários gerir o stress?

O stress profissional pode levar a alterações a nível psicológico, comportamental e físico. Quando ocorre em excesso e não é devidamente controlado pode tornar-se crónico (ou seja, num fenómeno de burnout).

Para prevenir consequências mais sérias a longo prazo, eis algumas estratégias que podem ajudar a gerir ou a reduzir o stress:

  • Definir objetivos alcançáveis e estabelecer prioridades
  • Evitar comparar-se com os outros
  • Ter uma alimentação saudável e variada e manter uma rotina diária de sono adequada às suas necessidades
  • Praticar atividade física regular (as endorfinas libertadas na corrente sanguínea durante o exercício promovem uma sensação de bem-estar). A prática de meditação também é benéfica
  • Envolver-se em atividades que lhe dêem prazer (música, teatro, dança, escrita, leitura, voluntariado,)
  • Manter relacionamentos que promovam a socialização, bem-estar e apoio
  • Evitar usar as redes sociais em excesso, visto que em algumas situações podem causar tristeza, solidão e sensação de insatisfação para com a vida
  • Procurar, sempre que necessário, a ajuda de um especialista para aprender a gerir e ultrapassar momentos de maior stress

 

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Quais os apoios dentro das universidades?

A COVID-19 veio reforçar a necessidade de assegurar respostas no âmbito da saúde mental, o que levou à criação de diversos projetos de apoio, dentro e fora das universidades. Alguns com o objetivo de serem disponibilizados apenas durante a pandemia, outros para um acompanhamento continuado.

Se é estudante do ensino superior, e gostaria de ter apoio psicológico, informe-se junto da Associação de Estudantes ou dos serviços da sua universidade. Muitas destas instituições prestam consultas de psicologia clínica à comunidade académica, de forma gratuita ou a muito baixo custo.

Além das universidades, há outras entidades, como hospitais, associações, autarquias e escolas que disponibilizam linhas telefónicas ou plataformas de apoio psicológico e psiquiátrico. O Serviço Nacional de Saúde, através da linha telefónica do SNS 24 (808 24 24 24), também dispõe de um serviço de aconselhamento psicológico para todos os cidadãos.

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