Apontar baterias a um carro movido a eletricidade traz-lhe vantagens de consumo, no preço do combustível, e ainda nos apoios à compra que já são em maior volume no Norte da Europa
Numa altura em que se fala sobre o futuro da indústria automóvel – com a possível implementação de carros autoguiados e a rápida transformação dos padrões de consumo de uma logica de car proprety passam para uma lógica de car sharing, Portugal e os seus consumidores ainda se mantém bastante fiéis à tradição de possuir a sua viatura.
Fortes tendências de mudança começam, contudo, a consolidar sinais. Sobretudo no que diz respeito à aquisição do automóvel com base em critérios ambientais. Ou seja, existem cada vez mais pessoas a escolher carros elétricos e isso deve-se a fatores que excedem os da mudança de mentalidades ou de consciência ambiental.
O Estado português incentiva a aquisição de viaturas elétricas desde 2016 com a atribuição de uma comparticipação financeira cujos termos de atribuição pode consultar melhor em www.fundoambiental.pt.
Este apoio à compra de veículos elétricos funciona para carros, motos e viaturas de duas rodas com tração exclusivamente elétrica. O limite a atribuir por viatura é de 2 250 euros no caso dos carros e no caso das motos, este valor vai até 20 % do custo total de cada unidade até ao valor máximo de 400 euros.
A dotação global atribuída por ano a este apoio é de 2 650 milhões de euros para um total de máximo de mil candidaturas. Uma medida encorajadora não fosse em agosto deste ano as candidaturas registadas já terem excedido o milhar previsto como limite máximo de atribuições para o caso dos carros.
Incentivos são ainda insuficientes
Ainda assim, o volume de incentivos atribuídos em Portugal compara mal com os que já são atribuídos em países do norte da Europa. Aqui, o impacte percentual de veículos elétricos vendidos no volume total de carros novos tem vindo a aumentar de maneira consistente.
O ranking é liderado pela Noruega, onde a tração elétrica já representa 39 % do volume global de carros vendidos. De acordo com o Global EV Outlook 2018 (publicado em maio deste ano) da Agência Internacional de Energia (IEA), a Islândia e a Suécia seguem este exemplo embora com índices menores, 12% e 6%, respetivamente. O mesmo estudo afirma que nos casos da Alemanha e do Japão, a vendas de elétricos em 2017 dobram as vendas de 2016.
Numa entrevista recente ao Observador.pt, Pedro de Almeida, administrador da SIVA admitia que ainda há muito a fazer no âmbito dos inventivos nacionais à compra desta tipologia de carros. Lembrava ainda que no caso da Noruega, onde estas viaturas podem circular na faixa do BUS, os carros elétricos beneficiam ainda de vários serviços grátis, como o de estacionamento e o de transporte em ferryboats.
Por cá, além do cheque de 2250 euros, atribuído pelo Fundo Ambiental aos primeiros mil unidades candidatas, os carros adquiridos por particulares acedem ainda a uma isenção do imposto sobre veículos (ISV). Já as empresas podem candidatar-se à compra de até cinco viaturas e é lhes ainda concedida uma dedução especifica em sede de IRC, assim como a isenção de tributação autónoma.