A vida de um empresário pode ser muito exigente, principalmente, no caso dos pequenos negócios, onde os desafios podem ser mais complexos. Seja por causa do atraso no pagamento dos clientes, da dificuldade em ter liquidez e portanto fazer face às despesas, seja pela rotatividade dos funcionários, entre outros imprevistos.
Ser um verdadeiro líder significa ter de suportar a responsabilidade e gerir a pressão de tomar decisões, mesmo quando estas são difíceis de tomar.
Naturalmente, as decisões mais complicadas trazem ansiedade. Quando a tomada de decisão tem de ser feita de forma rápida e sob pressão, como garantir o foco e o pensamento estratégico? Para o ajudar, reunimos algumas dicas para decidir em situações de grande pressão.
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Analisar o risco
Analisar o risco de cada decisão pode ser útil para identificar as soluções mais benéficas para determinado problema. Antes de mais, é preciso identificar o risco financeiro, técnico, operacional ou mesmo tributário. Meça a probabilidade do risco acontecer e pense na combinação de factos ou acontecimentos para que este se concretize. Importante é que os identifique em função das características do negócio.
Existe alguma probabilidade desse cenário acontecer? Qual é o risco? Ao fazer este exercício, estará a colocar de parte cenários demasiado pessimistas, cuja probabilidade de acontecer é muito reduzida, focando-se assim nos cenários que realmente poderão colocar a sua empresa em risco.
O atraso de pagamentos é um risco que deve ser acautelado desde o início. Além de um bom fluxo de caixa que permita gerir momentos críticos de atraso, é importante que invista em processos que facilitem o pagamento por parte dos clientes. A automatização de emissão e envio de faturas, a flexibilidade nos pagamentos e a existência de um sistema para pagamentos recorrentes são pontos importantes para que o atraso nos pagamentos nunca passe de risco a ameaça.
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Planear e antecipar cenários
Para evitar imprevistos, é importante planear e prever todas as situações. Muitos empresários falham no planeamento, o que pode, mais tarde, provar ser um grande erro. Os simulacros são exercícios bastante conhecidos na indústria de serviços de emergência. Médicos, enfermeiros, bombeiros e polícias estão habituados a receber treino prévio para situações de crise através da simulação.
Tal como nos serviços de emergência, também o seu negócio pode tirar partido da simulação de situações de emergência. Pense nos potenciais cenários que podem colocar o seu negócio em perigo. Envolva a equipa para tirar conclusões sobre as ações necessárias. Na maioria das situações, os cenários mais negros nunca se concretizarão mas, o conforto de saber como reagir caso algo aconteça dar-lhe-á mais confiança.
- Identificar potenciais problemas;
- Desenvolver uma lista de potenciais soluções;
- Avaliar a relação custo/benefício da implementação de cada solução;
- Selecionar a solução mais viável;
- Construir um plano de implementação.
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Tomar decisões com base nas evidências
O termo “Evidence-based” surgiu no final dos anos 90, associado principalmente à área da medicina, mas depressa se estendeu a outras indústrias, como a educação, a criminologia e, recentemente, a gestão. Nasce assim o “Evidence-based Management” (EBM). O princípio base do EBM é que as decisões devem ser tomadas com base na combinação do pensamento crítico com as informações, os factos ou os dados disponíveis no momento. O EMB foca-se na obtenção do melhor resultado possível, com o menor risco.
Embora a experiência pessoal e a intuição sejam importantes para decidir, não devem ser critérios exclusivos. É muito importante também que os gestores saibam procurar, avaliar e interpretar a informação e os dados para suportar a decisão.
As fontes de informação dependerão sempre da indústria mas, atualmente, com acesso à Internet, é muito fácil encontrar artigos científicos, académicos e estudos aprofundados sobre uma grande variedade de temas. Cada vez mais empresas contratam profissionais dedicados à investigação e análise de dados, integrados no departamento estratégico e comercial.
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Saber estabelecer prioridades
Numa situação de pressão, é fácil sentirmo-nos paralisados. Muitas vezes, o excesso de informação é mais prejudicial do que benéfico porque coloca-nos à disposição mais soluções do que aquelas que somos capazes de analisar.
Evite distrair-se com o excesso de informação, especialmente aquela que é irrelevante para a decisão. Descarte as informações não relevantes perguntando a si mesmo, “será este um fator crítico, neste momento?”. Desta forma, conseguirá identificar e eliminar informações e elementos menos urgentes para decidir sobre o que realmente importa com maior clareza.
Vejamos um caso concreto. Se a rotatividade de funcionários é um problema, então, o reforço dos recursos humanos é uma prioridade para o seu negócio. As soluções podem passar por rever os salários e benefícios que proporciona aos funcionários ou criar um plano de treino e formação, por exemplo. Implementar uma solução para a rotatividade será o seu principal foco até que este fator deixe de ser um problema.
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Como lidar com a pressão
Enquanto Coacher, Catarina Mendes, depara-se frequentemente com gestores e empresários que necessitam de tomar decisões sob pressão. A estes profissionais, Catarina recomenda alguns passos para minimizar o impacto:
- Definir o problema
- Definir o objetivo
- Procurar opções
- Escolher uma opção e consolidar argumentos a favor
- Implementar e medir os impactos
Ao seguir uma estrutura definida para a tomada de decisão, mitiga-se o risco e o foco desvia-se do problema para a solução. Minimiza-se o stress e garante-se melhores resultados.
"As decisões tornam-se difíceis se houver mais do que duas opções de resposta e se as mesmas apresentarem um elevado grau de imprevisibilidade. Ora, se além destes fatores, forem tomadas em momentos de grande ansiedade, nervosismo e pressa, a dificuldade aumenta", refere Catarina.
É essencial manter o foco e a estabilidade, mesmo em momentos de grande tensão.
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