subida das taxas de juro

Taxas de juro: como posso defender-me de uma subida?

O Banco e Eu

Um cenário de subida das taxas de juro tem consequências no seu orçamento e crédito habitação. Eis as dicas para se defender. 05-12-2024

Tempo estimado de leitura: 5 minutos

 

Uma subida das taxas de juro pode ocorrer em determinadas circunstâncias. O assunto é estudado e o contexto recente prova-o.   O Banco Central Europeu (BCE) e a Reserva Federal dos Estados Unidos (FED) são as entidades que o podem desencadear. 

A Euribor é a taxa de referência do crédito à habitação. E apesar de não ser determinada pelo BCE, o certo é que qualquer alteração nos juros que este cobra para emprestar dinheiro aos bancos comerciais (as chamadas taxas diretoras) traduz-se depois numa alteração da Euribor. Se a Euribor subir, o impacto será sentido na prestação do crédito habitação de muitas famílias.

 

Tome Nota:

A Taxa Euribor é usada para calcular os juros de empréstimos pessoais, depósitos bancários ou crédito à habitação. Em Portugal, a indexação à Euribor a seis meses ainda predomina nos empréstimos para compras de casa.

 

As consequências da subida das taxas de juro

O valor das taxas diretoras depende da política monetária seguida pelo Banco Central Europeu e relaciona-se, ainda que de forma indireta, com a taxa de inflação.
 

Se a taxa de inflação subir para níveis que façam perigar o equilíbrio macroeconómico, pode haver necessidade de recorrer à subida das taxas de juro diretoras, emanadas do BCE, para controlar a taxa de inflação.

Sempre que assim ocorre, os bancos comerciais têm mais custos para se financiar e passam a cobrar uma taxa de juro mais alta nos empréstimos concedidos às famílias e às empresas.

Taxas de juro versus Euribor

Com taxas de juro mais elevadas, a economia reage com menor consumo e menor margem de subida dos preços. Face a um fenómeno inflacionista que destabilize preços; níveis de consumo e investimento, há necessidade de controlar as taxas de juro que ditam o preço do dinheiro. Daí que uma tendência de subida da inflação pode  provocar uma subida das taxas de juro diretoras do BCE e portanto da Euribor. A consequência mais direta será o aumento da prestação mensal do seu crédito habitação.

 

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Tome atenção. Uma subida das taxas de juro não se fará sentir apenas no crédito habitação, mas em todos os créditos indexados à Euribor. Isto significa que - a menos garanta um aumento no seu rendimento -, o orçamento mensal disponível será necessariamente menor.

 

Tome Nota:

A maioria dos créditos à habitação em Portugal são de taxa variável e estão indexados à Euribor (a três, seis ou doze meses).

  

5 estratégias para enfrentar uma subida dos juros

Se já tem um crédito habitação, com taxa variável, o primeiro passo é calcular a sua taxa de esforço. O ideal é que o peso de todas as prestações de créditos (crédito habitação, crédito automóvel ou cartão de crédito) não ultrapasse um terço dos seus rendimentos.

Se ficar perto desse limite, e apesar de neste momento não estar em risco de incumprimento, deve tentar baixar as suas despesas com créditos. Lembre-se que é importante ganhar alguma margem para acomodar um acréscimo que uma subida da Euribor pode implicar. Eis o que deve ter em conta.

 

Olhe para o spread

O spread é a margem de lucro do banco no empréstimo que contraiu e é livremente definido pela instituição. Se há muito que não fala com o seu banco, pode ser uma boa altura para entrar em contacto e tentar negociar uma descida.

Antes de o fazer, compare com os spreads praticados por outras instituições. Obtenha uma ideia do que o mercado está a oferecer e até onde pode ir.

 

 

Analise se vale a pena mudar para taxa fixa

Se o seu empréstimo tem taxa variável, considere a hipótese de mudar para taxa fixa. Coloque essa questão ao seu Banco e analise se vale a pena. Lembre-se que com taxa fixa fica protegido de uma subida das taxas de juro (mas também não irá beneficiar de eventuais descidas).

 

Tome Nota:

Crédito habitação com taxa fixa ou variável?

No crédito habitação com taxa fixa, a taxa de juro mantém-se igual durante todo o prazo do empréstimo. Já no crédito habitação com taxa variável, a taxa de juro e, consequentemente, a sua prestação alteram-se ao longo do tempo refletindo as subidas ou descidas da Euribor.

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O QUE A CAIXA PODE FAZER POR SI?

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Reveja o seguro de vida associado ao crédito habitação

O seguro de vida associado ao crédito habitação tem um capital ajustado ao montante em dívida. Mas a partir de uma certa idade o seu valor sobe exponencialmente. E se não pode impedir a subida da prestação a pagar pelo crédito, caso os juros aumentem, pode sempre tentar baixar o que paga mensalmente pelo seguro. 

Mais uma vez, faça uma análise aos preços praticados pela concorrência. Se subscreveu um seguro proposto pelo banco quando contratou o crédito, é provável que tenha uma bonificação no spread. Ainda assim faça as contas. Se encontrou uma opção de seguro mais barata, e o que poupa compensa a perda do desconto no spread, pode ser vantajoso mudar.

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Amortize parcialmente o seu crédito

Se tem algum dinheiro de parte, além do que está guardado no seu fundo de emergência, pondere usá-lo na amortização da dívida. O valor da prestação baixará e será menor o impacto do aumento das taxas de juro.

Lembre-se, no entanto, que a amortização também tem um custo, salvo em casos excecionais como, por exemplo, uma situação de desemprego ou de deslocação por razões profissionais. Por isso, convém perceber se o que vai poupar com a diminuição da prestação compensa os gastos relacionados com a amortização.

     

    Consolide créditos

    Se tem outros créditos com taxa variável, equacione consolidá-los. Ao juntar todos os créditos, é possível baixar o valor a pagar mensalmente, o que pode ser particularmente útil se a sua taxa de esforço já for elevada.

    Embora o prazo de pagamento se vá tornar mais longo, a verdade é que a consolidação lhe dá mais liquidez todos os meses, permitindo-lhe suportar uma eventual subida da prestação do crédito habitação.

    Cautelas para quem ainda vai contratar um crédito habitação

    Agora mais do que nunca, há cuidados acrescidos ao contratar um crédito habitação. Nomeadamente:

    • Calcule a sua taxa de esforço atual e veja qual a prestação máxima que poderá pagar (a soma das prestações de todos os créditos não deve ultrapassar 30% do seu orçamento);
    • Peça propostas a várias entidades financeiras com taxa fixa e taxa variável (embora no imediato o custo possa ser superior, com a taxa fixa sabe que o valor se mantém igual mesmo que os juros subam);
    • Ao comparar as propostas olhe para a Taxa Anual Efetiva Global (TAEG) e para o Montante Global imputado ao Crédito (MTIC);
    • Tenha em atenção o prazo do empréstimo. Um prazo mais curto, significa normalmente uma prestação mais elevada;
    • No final da Ficha de Informação Normalizada (FINE), encontra alguns quadros que lhe dão conta do impacto da subida da taxa de juro na prestação. Considere esta informação ao decidir;
    • Se optar pela taxa variável, crie uma almofada financeira para eventuais alterações nas taxas de juro;
    • Tenha em conta as determinações do Banco de Portugal que apontam para uma maturidade máxima de 30 anos para o crédito habitação. O limite máximo de 40 anos aplica-se apenas a clientes com menos de 30 anos de idade.
    • Lembre-se ainda que quanto maior for o valor da entrada, menor será o valor a pedir emprestado e menores o efeito das taxas de juro neste seu pacote de despesas.

     

    Sempre que se verifica uma subida dos juros com risco de vir a falhar o pagamento das prestações, fale com o seu Banco para, em conjunto, chegarem a uma solução.

    As instituições de crédito estão vinculados a planos de ação para estes casos. No âmbito desses mecanismos, poderá ser-lhe apresentada uma proposta para negociação do crédito, adequada à sua situação financeira, evitando assim que entre em incumprimento.

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    A informação deste artigo não constitui qualquer recomendação, nem dispensa a consulta necessária de entidades oficiais e legais.