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Certamente já ouviu falar na Euribor. Se tem um crédito, já terá sentido o seu impacto na prestação que paga ao Banco.
Explicamos-lhe o que é a Euribor, porque oscila e de que forma tem impacto na sua vida financeira.
O que é a Euribor?
A Euribor, ou a Euro Interbank Offered Rate (Taxa de Oferta Interbancária do Euro), é uma taxa de juro média, baseada nos juros que os bancos europeus cobram entre si para empréstimos de curto prazo em euros.
Simplificando, é a média do preço que um conjunto de bancos cobra entre si para emprestar dinheiro, geralmente por prazos mais pequenos, de uma semana até um ano.
A Euribor é calculada diariamente pela European Money Markets Institute (EMMI), com base nas taxas de juro fornecidas por um painel de bancos de referência na Zona Euro. São agora 21 bancos europeus e a Caixa Geral de Depósitos é o único português a integrar este grupo.
Não existe uma Euribor: existem cinco
Ao falarmos na Euribor, temos de ter em conta que na verdade existem cinco taxas Euribor, diferenciando-se entre si pelo prazo (maturidade): uma semana, um mês, três, seis e 12 meses.
Tome Nota:
Para aferir o valor de cada taxa, o EMMI calcula uma média dos juros contratados nos empréstimos entre os bancos, excluindo 15% das taxas mais altas e 15% das mais baixas. O valor final é arredondado a três décimas.
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Qual a relação do BCE e taxas diretoras com a Euribor?
O Banco Central Europeu (BCE) é a instituição responsável pela política monetária da Zona Euro. O seu principal objetivo é manter a estabilidade de preços, ou seja, controlar a inflação para que se mantenha em níveis baixos e previsíveis. Para alcançar este objetivo, o BCE utiliza várias ferramentas, sendo uma das mais importantes as taxas de juro diretoras.
A Euribor, sendo uma taxa de juro de mercado, é influenciada pelas expectativas dos bancos em relação à política monetária do BCE e à economia em geral. Quando o BCE ajusta as suas taxas diretoras, dá indicações ao mercado de quais serão as condições futuras de liquidez e de custo do dinheiro.
No que diz respeito especificamente à Euribor:
- Se o BCE aumenta as suas taxas de juro diretoras, os bancos antecipam que o custo de obter fundos no futuro será mais alto. Como resultado, as taxas Euribor tende a subir, refletindo essa expectativa de maior custo de empréstimo entre os bancos;
- Se o BCE baixa as suas taxas de juro diretoras, os bancos esperam que o custo do dinheiro seja mais baixo no futuro, o que geralmente leva a uma descida nas taxas Euribor.
A Euribor reflete as expectativas dos bancos sobre a saúde económica da Zona Euro. Se os bancos estão confiantes na estabilidade económica e nas políticas do BCE, as flutuações da Euribor tendem a ser mais moderadas. Incertezas, como crises económicas ou choques externos, também podem causar volatilidade na Euribor, mesmo que o BCE mantenha as suas taxas estáveis.
Exemplos práticos de impactos externos na Euribor
- Durante a crise financeira de 2008, o BCE cortou drasticamente as suas taxas diretoras para tentar estimular a economia. Em resposta, as taxas Euribor também caíram, resultando em prestações de crédito habitação mais baixas para muitas famílias;
- Nos últimos anos, com a subida das pressões inflacionistas, o BCE começou a aumentar as suas taxas diretoras para conter a inflação. Este movimento fez com que a Euribor subisse significativamente, levando a um aumento das prestações mensais dos créditos habitação.
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Os efeitos da Euribor nas nossas vidas
A Euribor é uma taxa fundamental porque serve também de referência para uma vasta gama de produtos financeiros. Em vigor desde 1 de janeiro de 1999 (substituindo a Lisbor), é usada como referência em vários produtos financeiros, entre estes o crédito habitação, as contas poupança ou os produtos de dívida pública como os certificados de aforro.
Em Portugal, muitos contratos de crédito habitação estão indexados a uma taxa Euribor, o que significa que as prestações mensais dos empréstimos variam de acordo com as flutuações da taxa.
Por exemplo, se tiver um crédito habitação indexado à Euribor a 6 meses, a sua prestação vai ser recalculada de 6 em 6 meses, de acordo com a Euribor vigente nesse momento. Se a Euribor subir, a prestação aumenta; se descer, a prestação diminui.
Ou seja, a Euribor não é só uma taxa técnica que afeta os bancos. Tem um impacto direto no bolso de milhões de cidadãos na Europa, influenciando o custo dos empréstimos e, consequentemente, o orçamento familiar.
Euribor: evolução e tendência atual
De 2015 a 2022, a Euribor esteve sempre abaixo de zero. Durante este período, as prestações do crédito habitação foram mais baixas. Em 2022, face a um cenário de crise, o BCE aumentou as taxas de referência, o que acabou por se refletir na Euribor. Atualmente, num contexto de incerteza económica, a maioria das pessoas opta por indexar o seu crédito habitação à Euribor a 12 meses. De acordo com o Banco de Portugal, cerca de 37,4% dos empréstimos com taxa variável tiveram este prazo em 2023.
Taxa fixa versus taxa variável e a Euribor
Se contratou um crédito habitação com taxa fixa, as oscilações da Euribor não influenciam a sua prestação. Porém, se tem um crédito habitação com taxa variável, já sentiu, certamente, a influência da Euribor na sua carteira. Senão vejamos.
A taxa de juro que paga ao Banco é resultado da soma destes dois componentes:
- Componente variável: a Euribor, que é revista a três, seis ou 12 meses, consoante o prazo (maturidade) definido no contrato. Por exemplo, se a opção recaiu sobre uma maturidade de três meses, a taxa é revista de três em três meses. Nessa altura, é definido o valor da prestação a pagar nos meses seguintes.
- Componente fixa: o Spread aplicado, ou seja, a margem de lucro do Banco. Este valor tende a manter igual ao longo da duração do contrato. Excetuam-se as situações em que ocorre uma renegociação do crédito.
A taxa de juro do seu crédito habitação sobe ou desce, de acordo com o que ocorrer com a Euribor. Como é a componente variável da taxa de juro, se a média subir, a taxa também aumenta assim como o montante da prestação. Se pelo contrário descer, a sua prestação será mais baixa.
Tenha, portanto, este cenário em conta quando estiver a negociar o seu crédito habitação e mantenha uma margem de segurança no orçamento.
O valor que diz respeito à Euribor surge na sua mensalidade integrada na Taxa Anual Nominal (TAN) que, na prática, decorre da soma da Euribor com o Spread.
Tome Nota:
O Instituto Europeu dos Mercados Monetários (EMMI) é a entidade administradora da Euribor. No site desta entidade pode acompanhar a evolução da taxa.
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Taxa variável associada ao contrato de crédito: devo mudar para taxa fixa?
Antes de tomar qualquer decisão, é importante perceber as vantagens e desvantagens das taxas fixas e das taxas variáveis.
A principal vantagem de ter uma taxa variável associada ao seu crédito habitação é a possibilidade de ser mais baixa do que a fixa, com menor impacto no orçamento.
Caso a taxa Euribor oscile em alta, as diferentes prestações (a três, seis e 12 meses, consoante tenha sido contratado) podem ser mais elevadas. A volatilidade da taxa variável é, simultaneamente, a sua grande vantagem e desvantagem.
A taxa fixa é mais estável. Mesmo sendo mais alta no momento da contratação, o seu valor manter-se-á sempre o mesmo. Esta previsibilidade permite facilitar a gestão do seu orçamento, não obstante as oscilações da Euribor.
Antes de tomar alguma decisão, recolha informação e faça simulações. É importante calcular a sua atual taxa de esforço que, aconselha o Banco de Portugal, não deve exceder 30%.
Como posso baixar as prestações do meu crédito habitação?
As famílias têm visto o valor das suas prestações aumentar e a sua margem de orçamental diminuir. Saiba que existem algumas soluções a avaliar, como renegociar ou alargar o prazo do seu crédito. Neste artigo do Saldo Positivo, encontra 10 opções para controlar a sua prestação de crédito habitação e as vantagens e desvantagens de cada uma.
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A informação deste artigo não constitui qualquer recomendação, nem dispensa a consulta necessária de entidades oficiais e legais.