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Há novos apoios para aliviar a pressão sentida no crédito habitação. Uma das medidas consiste na redução e fixação do valor da prestação durante dois anos, evitando as subidas e garantindo um período de folga para que as famílias possam reorganizar a sua vida financeira. Trata-se de uma nova via de negociação do crédito habitação, semelhante às moratórias.
Desde logo, é fundamental perceber que o valor que não é pago agoraserá pago mais à frente. Ora, isso pode implicar o adiamento da sobrecarga que agora sente mas não a elimina.
Descubra como funciona este novo apoio e os cuidados a ter para quando tiver de enfrentar o cenário da divida no final dos dois anos em que a medida vigorará
Fixação da prestação da casa: avaliar antes de avançar
Esta fixação é uma medida temporária e extraordinária que os clientes podem solicitar aos seus bancos com vista a congelar a prestação mensal durante dois anos, tendo como referência 70% da taxa Euribor a 6 meses, acrescida do spread contratado. Isto sem mudar as restantes condições contratuais. Na prática, o indexante é revisto em baixa e durante dois anos não pagará cima daquela prestação.
Desde logo, entenda que esta redução temporária da prestação não é um perdão da dívida, é antes uma moratória parcial. Está a adiar o pagamento de parte do valor que deve em juros durante os próximos dois anos.
Tome Nota:
A diferença entre o que deveria pagar no contrato inicial e o que pagará ao abrigo desta nova taxa é amortizado nos últimos dois anos do contrato, para maturidades até seis anos após o período de fixação ou, para períodos remanescentes superiores, a partir do quarto ano.
Concluído este período, em que beneficia de prestação fixa e mais reduzida, pode começar logo a amortizar o valor que ficou por pagar. Ou, em alternativa, tem possibilidade de começar a amortizar o valor no quarto ano após o pedido.
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Os cuidados a ter depois de avançar
Este período funcionará como uma espécie de balão de oxigénio capaz de o fazer ganhar folgo para acomodar o impacto financeiro do momento em que retomar o pagamento das prestações em falta. Deixamos alguma dicas para o ajudar a preparar-se convenientemente.
Mantenha um orçamento mensal
Registe todos os gastos, mesmo os mais baixos. Analise atentamente o seu extrato bancário para perceber como está a gastar o seu dinheiro e onde pode reduzir as despesas.
Defina um plano de poupança
Se for possível ir colocando algum dinheiro de parte, ainda que pouco, pode constituir uma almofada financeira, capaz de minimizar os efeitos da previsível subida de prestação. Os meses em que recebe o subsídio de férias e o subsídio de de Natal podem ser uma boa altura para colocar algum dinheiro numa conta poupança.
Tente amortizar o crédito durante o tempo da moratória
Apesar de estar previsto que os bancos retomem a cobrança do valor em falta ao fim do período que explicamos atrás (ver Tome Nota), há possibilidade de amortização antecipada.
Isto significa que o montante diferido (igual à diferença entre a prestação contratada e a prestação renegociada ao abrigo das condições temporárias) pode ser amortizado antecipadamente sem encargos adicionais. Isto ajudá-lo-á a poupar no esforço financeiro.
O QUE A CAIXA PODE FAZER POR SI?
Fale com o banco e estabilize um plano de ação para resolver o seu problema concreto. Ao mínimo sinal de que pode cair em incumprimento deve alertar o seu gestor e procurar alternativas que evitem essa circunstância
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E quando terminar o período de taxa fixa?
Quando este período de taxa fixa terminar, é preciso ter alguns cuidados. Pode ser ser mais difícil responder à subida do valor da prestação. Analise a sua situação financeira antecipadamente para antever eventuais dificuldades.
Se concluir que não conseguirá retomar o pagamento da prestação contratada de início, pode tentar negociar com o seu banco, no âmbito do PERSI.
Lembre-se que seu Banco é um parceiro junto de quem deve expor as suas circunstâncias de modo transparente. E quanto mais cedo o fizer melhor. Os mecanismos de negociação podem ser um recurso e devem ser usados para evitar situações extremas. Preserve o modo como banco o vê e atue sempre com prudência.
Três apoios para quem tem crédito habitação
Fixação da prestação
Em vigor desde 2 de novembro de 2023, permite a prestação fique indexada a 70% da Euribor a 6 meses durante esse período. É possível aderir até 31 de março de 2024 e suspender a qualquer momento.
Bonificação de Juros
É possível beneficiar da bonificação temporária de juros que se traduz num apoio mensal do Estado quando a taxa de referência do crédito à habitação (Euribor a 3, 6 ou 12 meses) ultrapassar os 3%. Este apoio pode chegar até aos 800 euros por ano (66,6€ por mês).
Suspensão da Comissão de Reembolso Antecipado
Normalmente, esta comissão corresponde a 0,5% do valor amortizado e já tinha sido suspensa em 2022. Mantém-se assim até final de 2024.
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