Viajar para fora do país pode ser uma oportunidade única de crescimento pessoal e descoberta, mas também traz desafios. Por exemplo, numa gestão eficaz e segura dos pagamentos sempre que faça compras em viagem. É fundamental estar preparado e conhecer as melhores práticas para pagar e gerir despesas com toda a segurança e sem surpresas nos custos.
Reunimos dicas e cuidados essenciais para quem tem de pagar despesas fora do país. Descubra-as e faça boa viagem.
Antes de viajar:4 dicas importantes
Antes de sair do país, é fundamental planear todos os aspetos relacionados com as suas finanças e pagamentos no país de destino.
1. Informe-se sobre os métodos de pagamento disponíveis no país para onde vai viajar e quais os custos associados.
2. Confirme se os seus cartões bancários estão válidos e se funcionam nesse país. Regra geral, se os seus cartões tiverem uma marca internacional, como por exemplo Visa ou Mastercard, não terá problemas, mas confirme sempre.
3. Defina um orçamento para as despesas diárias e para emergências e imprevistos, tendo sempre em conta as variações cambiais.
4. Leve consigo os contactos de emergênciado seu banco, no caso de eventuais perdas, roubos ou bloqueio de cartões.
Pode ser útil: conversor de moeda
O conversor de moeda disponibilizado pelo Banco de Portugal pode ser bastante útil se viajar para países que não utilizam o Euro como moeda oficial. Os cálculos são feitos com base nas taxas de referência diárias publicadas pelo Banco de Portugal e pelo Banco Central Europeu. Nos fins de semana e feriados, em que não existe cotação, é apresentado o câmbio do último dia útil anterior.
Pagamentos e levantamentos nos países da União Europeia (UE)
O seu banco deve cobrar a mesma taxa (em euros) que cobra em Portugal, pela realização de operações noutros países da União Europeia, sejam elas:
- Transferências entre contas bancárias de diferentes países da UE;
- Levantamentos em caixas automáticas nos países da UE;
- Pagamentos com cartão de débito ou de crédito na UE;
- Operações de débito direto.
Os bancos sediados em países da UE que não pertencem à Zona Euro também não podem cobrar mais por pagamentos em euros entre países da UE do que cobram em operações nacionais na moeda local.
Mas atenção, se levantar dinheiro com o cartão de crédito (cash advance) está sujeito a comissões, tal como acontece em Portugal. Além disso, lembre-se de que se não saldar a dívida no prazo previsto, terá de ter em conta o pagamento de juros.
O que é a SEPA - Single Euro Payments Area?
A Área Única de Pagamentos em Euros integra os Estados-Membros da União Europeia, Andorra, Islândia, Liechtenstein, Mónaco, Noruega, Reino Unido, San Marino, Suíça e o Vaticano, entre outros num total de 41 países. Dentro da SEPA, os particulares, as empresas e os organismos da Administração Pública podem fazer transferências a crédito, débitos diretos e pagamentos em euros com as mesmas regras, custos e usando uma conta de pagamento localizada em qualquer daqueles países.
Valores bloqueados no cartão para confirmar reservas
Quando aluga um carro ou reserva um quarto de hotel, através do seu cartão de crédito, pode ter de autorizar o bloqueio de determinado valor no cartão. Quando isto acontece, o comerciante reserva um montante (do seu limite de crédito ou do saldo da sua conta bancária para cobrir eventuais despesas, como uma caução. O comerciante deve sempre informá-lo previamente e pedir a sua autorização para o fazer. Esse montante deve ser libertado imediatamente após o serviço, por exemplo após a estada no hotel ou quando devolver o carro alugado.
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Pagamentos com cartão em países da UE: taxas e comissões
Quando faz pagamentos com cartão de débito ou de crédito na UE, nem os comerciantes nem os bancos podem adicionar sobretaxas por usar determinado cartão, seja numa loja física ou online, independentemente do país onde se encontra.
No entanto, os cartões emitidos por sistemas tripartidos (como o American Express ou o Diners Club) e os cartões de crédito empresariais não estão sujeitos a estas regras e podem ter suplementos cobrados.
Sistemas tripartidos versus sistemas quadripartidos
Existem dois modelos que explicam diferenças no serviço, custos e compatibilidades na hora de pagar com um cartão. O sistema quadripartido (por exemplo, Visa e Mastercad) é o modelo mais comum na Europa e envolve quatro partes titular do cartão; Banco emissor; comerciante; Banco do comerciante. Permite maior interoperabilidade e concorrência. O sistema Tripartido (por exemplo, American Express ou Diners Club) envolve o titular do cartão; o comerciante a entidade que emite e aceita o cartão. Sendo estas duas a mesma entidade, a rede de aceitação pode estar limitada.
Se fizer um pagamento numa moeda da UE que não o euro, o fornecedor do cartão pode cobrar-lhe uma comissão pela conversão cambial. Essa comissão deve ser-lhe comunicada previamente, seja pelo fornecedor do cartão, pelo banco, pelo comerciante ou pelo site onde efetua a operação. Isso permite optar pela conversão cambial mais conveniente antes de concluir o pagamento.
Cartão virtual: o que é?
Um cartão virtual é emitido com limites e prazos específicos de utilização. Está normalmente associado a um cartão de débito, de crédito ou a um pré-pago. É gerado e utilizado online, principalmente para fazer compras. Pode ainda configura-se através de dispositivos móveis.
Cartões contacless
Estes cartões (de débito, de crédito ou pré-pagos) têm tecnologia de leitura por aproximação Near Field Communication (NFC) e permitem fazer pagamentos aproximando o cartão de um terminal de pagamento automático (TPA), sem necessidade de PIN. Se vai viajar, eis alguns cuidados a ter:
- Se pretende fazer pagamentos contactless fora do país, informe-se sobre as regras em vigor no país para onde vai viajar;
- Caso queira desativar a funcionalidade contactless do seu cartão, contacte a entidade que o emitiu.
Se detetar uma operação não autorizada por si, contacte de imediato a entidade que emitiu o cartão ou onde tem conta. Dependendo dos casos, pode não ter que suportar as perdas causadas pela operação. Deve sempre seguir as recomendações de segurança do seu Banco.
O que fazer em caso de perda, extravio ou roubo de cartões bancários?
Se perder os seus cartões de débito ou de crédito, ou se forem roubados, deve cancelá-los imediatamente. Pode fazê-lo através do homebanking ou telefonando para os contactos de emergência do seu banco.
Aconselha-se, por isso, que tenha sempre guardado em lugar seguro os números dos seus cartões bancários, bem como os contactos das entidades que os emitiram.
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Cuidado com as fraudes
É muito importante ter em conta os seus direitos mas também os seus deveres no uso de um cartão de pagamento, dentro ou fora do País. Deve estar particularmente atento a operações que lhe sejam alheias.
Assim que as registar, deve contactar o seu Banco. A partir desse momento, deixa de ser responsabilizado por operações que resultem do seu extravio, roubo, furto ou apropriação abusiva do cartão - exceto, claro, se tiver atuado de forma fraudulenta.
Suporta isso sim as perdas relativas a essas operações dentro do limite do saldo disponível ou da linha de crédito associada à conta ou ao cartão, até ao máximo de 50 euros.
Tome Nota:
Se precisar de ajuda para fazer valer os seus direitos, pode contactar a FIN-NET, se tiver problemas com prestadores de serviços financeiros; ou a Rede de Centros Europeus do Consumidor (CEC), se tiver problemas com comerciantes.
como ter benefícios com o uso do cartão?
Para tirar o máximo proveito de um cartão de pagamento, por exemplo de crédito, é importante adequar especificidades às suas rotinas e necessidades. Se faz muitas compras regularmente, procure um cartão associado a um sistema de pontos, descontos ou cashback. Se viaja com frequência, um cartão com acumulação de milhas aéreas pode ser uma boa opção. Esteja atento a benefícios adicionais como os descontos em parceiros.
Pagamentos por smartphone: as carteiras digitais
A utilização do smartphone para fazer pagamentos tem vindo a transformar a experiência dos pagamentos em loja por todo o mundo. Embora o MB WAY ainda não esteja disponível noutros países, as carteiras digitais (ou e-wallets) do Android e do iOS permitem fazer pagamentos globalmente, desde que o seu banco ofereça essa funcionalidade, como acontece com a app Caixadirecta.
As carteiras digitais são aplicações ou plataformas que permitem armazenar, gerir e realizar operações financeiras de forma eletrónica. Na prática, funcionam como uma versão digital da sua carteira física. Pode guardar informações sobre os cartões de crédito, de débito e de outras formas de pagamento num único local seguro.
Pagamentos fora da Zona Euro
Se vai viajar para um país que não utiliza o euro como moeda, nas lojas de câmbio pode trocar euros por dólares, ienes, coroas, reais, pesos, rublos ou outras divisas. Contudo, deve preparar-se para pagar taxas de câmbio. Por uma questão de segurança e de poupança (para evitar as taxas de câmbio), privilegie os cartões bancários. E evite fazer-se acompanhar de grandes volumes de dinheiro.
8 dicas adicionais de segurança
1. Verifique os seus extratos bancários com regularidade, para identificar atempadamente qualquer transação suspeita ou não autorizada por si.
2. Quando levantar dinheiro, certifique-se de que o terminal de pagamento não tem sinais de adulteração ou dispositivos estranhos que possam copiar ou captar os seus dados.
3. Não guarde todos os seus valores num único lugar, distribua o dinheiro e os cartões, reduzindo o impacto em caso de perda ou de furto.
4. Se optar por pagamentos em dinheiro, transporte consigo apenas uma parte, para gastos diários, e mantenha o resto num local seguro (numa bolsa ou no cofre do hotel).
5. Além do cartão principal, deve ter um cartão de reserva, guardado em separado, para ter uma alternativa caso ocorra algum imprevisto.
6. Opte pela autenticação multifator para aceder à aplicação do seu banco, use impressão digital, reconhecimento facial ou senhas robustas para garantir a segurança e a integridade dos seus dados.
7. Configure o seu telemóvel para bloquear automaticamente após um curto período de inatividade. Se o perder ou for roubado é mais difícil aceder aos seus dados e ao seu dinheiro. Tenha atenção a esquemas como o SIM swapping.
8. Evite redes de wi-fi públicas. Prefira redes seguras e de confiança. As públicas podem ser vulneráveis a ataques e à interceção de dados.
Tome Nota:
Quando faz pagamentos na Europa, os seus direitos estão salvaguardados pela Diretiva de Serviços de Pagamento revista (DSP2), pela Diretiva das Contas de Pagamento e legislação adicional que procuram tornar os pagamentos mais seguros e convenientes. Saiba mais sobre os seus direitos aqui.
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A informação deste artigo não constitui qualquer recomendação, nem dispensa a consulta necessária de entidades oficiais e legais.