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Se tem um crédito habitação é provável que nesta altura esteja a fazer contas, tentando perceber em quanto vai aumentar a sua prestação e o que pode fazer para acautelar este aumento.
Depois de vários anos com taxas negativas, a Euribor voltou a subir, refletindo a tendência das taxas diretoras determinadas pelo Banco Central Europeu. Para quem tem empréstimos com taxa variável, isto significa que as prestações mensais também vão ser mais pesadas.
De modo a preparar-se para os próximos tempos, saiba quanto deverá subir a prestação do seu crédito habitação e que medidas tomar para minimizar esse impacte
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Como funcionam as prestações do crédito habitação?
Cada prestação é uma devolução de parte do dinheiro que lhe foi emprestado pelo banco, mas não só. Além do reembolso do capital em dívida, há também a componente de juros. Ou seja, uma parcela do valor que entrega mensalmente ao banco destina-se a devolver parte do montante que pediu emprestado. A outra destina-se a pagar os juros que incidem sobre esse montante.
Em circunstâncias normais, o valor de cada prestação mensal é constante. No entanto, quando a taxa de juro sobe ou desce, no caso de créditos com taxa variável, essa variação reflete-se na prestação.
Nos primeiros anos do empréstimo, a componente da prestação relativa à amortização de capital é menor. O que significa que durante esse período estará sobretudo, a pagar juros. À medida que o seu empréstimo se aproxima do fim, esta relação inverte-se.
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Num cenário de subida da Euribor, os créditos habitação mais recentes têm por isso, um agravamento mais acentuado. Grande parte da prestação é composta por juros. Nesta página do portal de literacia financeira Todos Contam pode ver, no primeiro gráfico, o efeito dos juros e amortização ao longo do empréstimo.
Na Ficha de Informação Normalizada Europeia (FINE) que lhe é entregue quando contrata o empréstimo, pode encontrar, no quadro de reembolso indicativo, o montante a pagar em cada prestação. Através deste quadro pode perceber também o valor de juros e da amortização de capital em cada uma das mensalidades.
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Quando é que a minha prestação vai subir?
Num crédito com taxa variável, a taxa de juro é composta pelo valor do spread e da Euribor. O valor deste indexante é fundamental para determinar o montante da prestação.
Os contratos a taxa variável podem ter como base a Euribor a 3, 6 ou 12 meses. As instituições de crédito só podem rever o valor da Euribor de acordo com o prazo do indexante estipulado pelo contrato. Ou seja, se um cliente tem um crédito com Euribor a 3 meses, o valor dessa taxa só pode ser revisto de 3 em 3 meses.
A média da Euribor considerada para efeitos de revisão resulta da média dos valores da Euribor para aquele prazo observada no mês anterior ao da assinatura do contrato de crédito.
Por exemplo, se o contrato foi feito em outubro, com taxa de juro variável indexada à Euribor a 3 meses, a taxa de juro que vai vigorar para os três meses seguintes (novembro, dezembro e janeiro), resulta da média da Euribor a três meses registada em setembro.
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Como calcular o aumento da prestação?
Para calcular o aumento da sua prestação do crédito habitação, além do spread e do indexante, há que ter em conta o valor que ainda tem em dívida e a duração do seu contrato.
Com base em todos estes elementos, pode utilizar, por exemplo, o simulador da Deco Proteste. Após inserir dados como o capital em dívida, Euribor, spread, valor da prestação atual e o número de prestações que ainda tem em falta, o simulador diz-lhe quanto passaria a pagar.
Pode também recorrer ao simulador de crédito habitação do Banco de Portugal (BdP). Esta ferramenta permite não só calcular o montante da mensalidade do empréstimo, mas também verificar como essa prestação pode variar se algumas das variáveis do contrato se alterarem, nomeadamente a taxa de juro. Para utilizar o simulador do BdP, tenha em conta o seguinte exemplo.
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Suponhamos que fez um um crédito habitação com as seguintes características:
- Montante do empréstimo - 150 000€
- Período de reembolso – 360 meses (30 anos)
- Taxa de juro anual nominal – 1,226% (indexado à Euribor a 6 meses, com um valor inicial de -0,274%; spread de 1,5%)
A prestação mensal do crédito, de acordo com os resultados do simulador, é de 498,19€. Imaginemos agora que, meio ano após ter assinado o seu contrato, a Euribor a 6 meses passou de -0,274% para 1%.
Para calcular o impacte desta subida do indexante na prestação, terá de alterar os seguintes campos no simulador:
- Montante do empréstimo – passados seis meses, o valor do capital em dívida é de 147 925,07€;
- Período do empréstimo – descontadas seis mensalidades, o número de prestações em falta corresponde a 354 meses;
- Taxa de juro anual nominal – 2,5% (assumindo que o spread se mantém em 1,5% e a Euribor sobe para 1%).
Como consequência do aumento da taxa de juro, o valor da prestação mensal passaria de 498,19€ para 591,14€.
Tome Nota:
Estes simuladores não substituem as contas do seu banco. Os cálculos levados a cabo pela sua instituição de crédito são sempre mais precisos, dado que esta têm toda a informação necessária e atualizada.
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O que fazer para se proteger da subida da Euribor?
Se receia os efeitos da subida da Euribor na prestação, há várias hipóteses para proteger o seu orçamento deste aumento.
Se tem algum dinheiro disponível, pode optar por amortizar o crédito habitação, reduzindo assim o valor em dívida e, consequentemente, a prestação.
Outra forma de se precaver é renegociar as condições do crédito, o que pode passar por um alargamento do prazo, alteração para taxa fixa ou um período de carência, durante o qual não amortiza capital, pagando apenas juros.
Caso tenha vários empréstimos em simultâneo, a consolidação de créditos é uma opção a considerar.
Pode conhecer as diferentes estratégias para se defender da subida das taxas de juro neste artigo do Saldo Positivo.
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