Natal é dos avós e dos netos

Contos do Sebastião

O Natal não é só das crianças, também é dos avôs. São eles que nos transmitem as estórias de que gostamos e nos lembramos sempre 23-12-2025

Idade recomendada de leitura: De 6 a 10 anos

 

 

O NATAL É PARA AS CRIANÇAS MAS TAMBÉM PARA OS AVÓS

 

Naquele Natal, o Sebastião recebeu uma notícia triste. Os avós com quem passa todos os seus Natais, não iriam assistir à festa da família.   Iriam passar o Natal sozinhos longe de todos. Seria um Natal triste para os avós e para a família toda.

A sua avó tinha adoecido e por isso passaria duas semanas sem apanhar frio ou sair de casa.  Os pais começaram a pensar em soluções. Mas nenhuma parecia tão boa como viver o espírito do Natal em família.

O Sebastião não queria acreditar, seria o primeiro Natal longe dos avós. Lá se iam as filhoses, a ceia com toda a gente a partilhar os doces, os dois gatos de companhia a ronronar e as matreirices do costume.

 

De que sentiria mais falta?

De tudo isto, porém, aquilo que mais falta lhe faria e de que já sentia muitas saudades, ainda antes de receber a notícia, era mesmo das estórias da avó Matilde.

Tinha crescido a ouvi-las e foi com elas que aprendeu a soletrar algumas palavras e a perceber o seu significado no dia-a-dia. Por exemplo, poupar, arrumar,  acreditar, cozinhar, esforçar ou acumular.

E, outras mais divertidas como encavalitar, espreitar, e delirar, arrepiar e assustar. Ou mesmo propagandear ou alvitrar. Lembrava-se desta última porque era usada nas aventuras do viajante que falava e falava, sempre demais e sem pensar. Daí que já ninguém acreditava no que dizia.

A avó dizia que era uma tendência. Tendência, esta era outra palavra, mais difícil, e que também aprendeu nas estórias da avó.

Muitas, pensava ele, seriam estória inventadas, mas a avó dizia-lhe sempre: “Estas estórias são passadas, não inventadas, e além de poderes aprender muito com o que se passou antes, se as trouxeres na memória e no coração estarás sempre perto de mim”.

Ora, era mesmo este o momento de as lembrar e de as ter no coração.  Este Natal não teria os avós por perto.  “Se ao menos soubesse de uma solução, assim do pé para a mão …” refletia o Sebastião.

 

Como poderiam passar a ter os avós mais perto para o Natal?

Foi o próprio Sebastião que alvitrou “mas se não são os avós a vir ter connosco, podemos ser nós a ir ter com eles". Mas a mãe respondeu-lhe logo:

“Parece tudo muito fácil Sebastião, mas a avó não pode receber visitas e além do avô mais ninguém pode estar lá em casa com ela”.

O Sebastião não desistiu. Pensou, e voltou a pensar e encontrou uma solução. Imaginada primeiro, mas depois posta em prática e de modo simples. Bastava uma folha de papel e a memória das estórias da avó e das palavras que com estas aprendera.

Ia enviar-lhes um conto.

 

Eis o conto do Sebastião…..

Queridos avós,

Como este ano não vamos passar o Natal juntos, envio-vos esta carta com a estória de como eu vivia o Natal antes de me lembrar dos contos que a avó me costuma contar.  

Sempre acreditei no Pai Natal, que vinha cansado e de muito longe, percorria casas e chaminés sem bater à porta com lindos presentes e embrulhos sem que ninguém acordasse ou desse por ele.

Queria muito conhecê-lo, saber se as barbas seriam assim tão compridas, tocar-lhe na farda e aproveitar para saber mais coisas sobre a vida dele.

Um dia, numa das vésperas de Natal, já tarde, esforcei-me por não adormecer. Estava decidido a conhecer o Pai Natal. E, sem o assustar, saber tudo o que queria e até perguntar se podia oferecer-lhe uma rabanada ou as bolachas de chocolate que a avó Matilde cozinhava todos os Natais.  Ele parecia-me muito guloso e imaginei que as agradecesse para a longa viagem. Levantei-me da cama, mal comecei a ouvir passos… muito baixinho.

Antes de sair do quarto, espreitei pela porta e os presentes estavam acumulados junto ao fogão.

Além dos presentes, vi a avó Matilde e o avô Alberto a sussurrar ao ouvido um do outro sobre o que me iriam dizer na manhã seguinte para que eu continuasse a acreditar que o Pai Natal existia mesmo.

Foi mesmo a partir desse dia que comecei a acreditar que o Pai Natal nunca deixaria de existir. Mesmo nunca. Existe pela voz, pelas vidas e pelas estórias que temos que contar daqueles quem mais gostamos, os nossos pais, a nossa família e os nossos avós que mais do que presentes nos dão sempre carinho e boas memórias para cresceremos sempre acompanhados. Mesmo quando estamos longe deles.

Feliz Natal queridos avós!

 

 

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