Idade recomendada de leitura: De 7 a 10 anos
OS CASTELOS QUE SE SUMIAM E OS CROCODILOS QUE APARECIAM
Linda, como a terra, o mar e o sol, assim é esta areia de que te falamos. Fica colada ao mar, como acontece em todas as praias e de tão sossegada escuta o mar e as gaivotas durante o amanhecer e ao cair da tarde.
Está sempre ali, calma e paciente como se fosse durar para sempre. No inverno, as ondas atingem-na em fúria e parecem querer engoli-la, mas a areia mantém-se ali firme como se quisesse acalmá-las das fúrias de inverno.
O Sebastião sentia a mesma calma sempre que para lá ia para andar, brincar, correr e explorar.
Os castelos que se construíam e desapareciam
Era ali que com os amigos inventava grandes cidades, com ruas largas e castelos feitos de areia e conchas. O seu amigo João, com quem já tinha ido para o mar descobrir baleias e golfinhos, era o seu grande companheiro das construções na areia.
Passavam lá os verões e sempre que o sol lhes permitia, ali ficavam os dois. A traçar estradas imaginárias, a desenhar as montanhas e os vales da sua imaginação, com a ajuda dos dois baldes encarnados, pá e ancinho.
A areia moldava-se conforme as suas ideias e era obediente. Fazia e acontecia exatamente como o Sebastião queria. Até que o mar regressava, então tudo se sumia, desaparecia e as areias voltavam ao que eram, em nada mudavam e mais parecia que mesmo nada ali sucedia.
Assim foi por muito tempo. Um dia, porém, tudo mudou. Começaram a acontecer coisas estranhas.
Será que chegaram os crocodilos?
O Sebastião e a mãe chegaram cedo à praia. O sol tinha acabado de nascer no horizonte, mas já o sentiam quente e forte. O dia prometia calor e o mar luzia, mas ao contrário do que era habitual, a areia não brilhava. Estava baça e toda revolvida. Parecia indisposta, depois de uma ventania durante a noite.
Ao longo da praia, o Sebastião reparou numa marca contínua, ia e vinha como pegadas grandes que se arrastavam por toda a areia - húmida e pisada por algo estranho. Mas o quê?
Não eram girafas e os elefantes não andam assim…
Tinha que ser algo grande, pesado e capaz de deixar marcas. Por exemplo, um elefante. Mas, os elefantes não se arrastam…. E além disso, os elefantes não andam na praia…Seria uma girafa?
As girafas não deixam estas marcas. E também não andam na praia. Sem querer, podiam afogar-se no mar com aquelas pernas enormes e que mais parecem linhas de coser meias a flutuar sem força nas ondas. Seriam crocodilos?
A maioria dos crocodilos detesta o sol forte a bater-lhes nos olhos. Como não conseguem chorar, alguns cegariam. Por isso, seria muito estranho que fossem crocodilos.
Dos castelos que se somem às coisas que se consomem
Lá do fundo, chegava um ruído forte. Cada vez mais e mais perto, o Sebastião percebeu que nada era do que tinha imaginado. Nem crocodilo, nem girafa, e muito menos elefante. Era tudo muito mais estranho. E inesperado.
O que se aproximava era um trator. Um trator grande a arrastar toda a espécie de objetos que não estamos à espera de encontrar numa praia. Estavam tão fora do sítio, como estaria um crocodilo, uma girafa ou um elefante.
Trazia chinelos, livros, copos de plástico, latas de atum; jornais velhos e muitos papéis, lenços, roupas esfarrapadas, boias já rotas, embalagens de papelão, garrafas de vidro, latas de refrigerantes. Era lixo.
Como acontecia com os castelos e com as casas de conchas e areia também o mar os levava. Mas, ao contrário das construções do Sebastião e do amigo, todas aquelas coisas regressavam à praia e ali ficavam a sujar e a poluir a areia, como carcaças velhas e perigosas para quem viesse no dia seguinte.
Aquele trator limpava o que antes alguém tinha sujado. E assim passou a fazer todas as manhãs.
Queres responder à pergunta do Sebastião?
À noite, quando olhava para o çéu através do telescópio que os pais tinham instalado na varanda da casa para observar as estrelas, o Sebastião ficou contente por perceber como tudo era bonito. E por causa disso, perguntou:
- Porque será que as pessoas não percebem que todas as praias se devem manter limpas, tão limpas como este céu estrelado?
O pai percebeu muito bem a dúvida do Sebastião mas és tu que tens que lhe responder. Sabes como? Descobre-a nas linhas abaixo desta estória.
O que dizem as estrelas?
Quando as estrelas brilham à noite, começam por iluminar a areia das praias. Muitas envergonham-se do que veem por causa do lixo acumulado pelas pessoas que se esquecem de recolher aquilo que não pertence nem à areia nem ao mar. Tu também podes evitar que isso aconteça. Recolhe tudo o que te pertence e não deixes lixo nas praias. As praias são de todos. São do mar, das estrelas e também das pessoas que precisam de se continuar a encantar nas suas areias imensas a brilhar ao pé do mar.