A sustentabilidade ambiental é, sem dúvida alguma, um dos principais desafios do século XXI. Além de ser um assunto premente nas agendas políticas um pouco por todo o mundo, há cada vez mais cidadãos a alterar comportamentos e a dar o seu contributo para reduzir a sua pegada ecológica.
No que toca à separação de resíduos, a compostagem doméstica tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos, não só por ser um processo ecologicamente sustentável, mas também por ser bastante económico.
Queremos com isto dizer que, ao fazer compostagem caseira, não só reduz o volume do lixo que vai para aterro (produzindo gás metano), como evita a compra de adubos ou fertilizante para a sua horta, quintal, jardim, vasos e floreiras. Digamos que é o destino mais indicado para os resíduos domésticos.
Compostagem doméstica: como funciona?
Dá-se o nome de compostagem ao processo de transformação de resíduos orgânicos em composto. Este composto funciona como adubo ou fertilizante dos solos e, portanto, uma excelente alternativa aos fertilizantes químicos.
Recorde-se que a compostagem não é um processo propriamente novo. Aliás, a uma pequena escala sempre foi utilizado pelos agricultores para enriquecer os solos, promovendo, por exemplo, o aumento da atividade microbiana e a capacidade de retenção de água - o que se traduz num aumento da fertilidade dos solos.
Assim, se tem uma horta, um quintal, um jardim, a primeira coisa que precisa de saber é que este é um processo relativamente simples. Só tem de juntar resíduos verdes a resíduos castanhos para obter um material orgânico com aspeto de terra.
O que compostar: exemplos de resíduos verdes e castanhos
Quando nos referimos a resíduos verdes fazemos referência, por exemplo, a folhas verdes, aparas de relva fresca, flores, ervas daninhas sem sementes, restos de vegetais e frutas, cascas de ovo esmagadas, borras de café, incluindo os filtros.
Já quanto aos resíduos castanhos referimo-nos a folhas secas, relva cortada seca, resíduos de cortes e podas secos, aparas de madeira e serradura, cascas de batata, entre outros.
Imagina a quantidade de lixo doméstico que diminuiria se separasse para compostagem alguns destes exemplos?
O que não compostar
Uma vez que o objetivo é promover a estrutura, porosidade e fertilidade dos solos há resíduos domésticos que não deve compostar. Alguns exemplos são:
- Restos de carne, peixe e marisco
- Laticínios
- Cinzas de carvão
- Beatas de cigarros
- Medicamentos
- Resíduos de plantas tratadas com produtos químicos
- Excrementos de animais domésticos
- Resíduos não biodegradáveis (plástico, vidro, metal, pilhas, tintas, têxteis, etc.)
- Comida com gordura
Como fazer um compostor?
Para fazer um compostor, necessita apenas de construir uma caixa em madeira. Pode usar, simplesmente, quatro paletes de madeira para construir essa armação, sendo que uma das paletes deve ter dobradiças para fazer de porta - de forma a que possa depositar resíduos e retirar o composto quando pronto.
Depois disso, deve colocá-lo em cima da terra, para facilitar a drenagem da água e a entrada de microrganismos benéficos do solo. Em locais de clima seco, com temperaturas mais elevadas, coloque-o debaixo de uma árvore, para que a sombra evite o aquecimento excessivo do composto. Em locais onde a chuva é frequente, o compostor deverá ser coberto.
No fundo do compostor deve colocar uma camada de ramos, para que se mantenha arejado. Depois disso, disponha os resíduos verdes e castanhos por camadas, aos quais pode juntar em menor quantidade, restos de pão, de papel ou tecido - que servem para eliminar o excesso de humidade no compostor.
Cuidados a ter no processo de compostagem doméstica
Os principais cuidados a ter no processo de compostagem são o controlo da humidade e o arejamento.
Para controlar a humidade, esprema com a mão os resíduos que está a compostar. Se pingar, está demasiado húmido, o que significa que precisa de juntar mais resíduos castanhos. Se, por outro lado, perceber que está demasiado seco, então precisa de juntar verdes e água.
Já quanto ao arejamento, certifique-se que mexe o composto pelo menos uma vez por semana.
O tempo que demora a produzir o composto vai depender de como acompanha este processo. Quando pronto pode ser aplicado em vasos, floreiras, sementeiras, hortas, quintais e jardins.
Programas de compostagem caseira e comunitária
Numa esfera macro, o PERSU 2020+, Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos, está a incentivar e impulsionar a criação de iniciativas e projetos para reforçar a recolha coletiva de biorresíduos e a prática de compostagem doméstica, entre um conjunto de ações estratégicas orientadas para a gestão de resíduos.
E para quem quer começar a compostar, já há projetos de compostagem caseira e comunitária que podem ajudar. O Projeto de Compostagem “Terra a Terra”, da LIPOR, Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, tem como missão implementar e alargar a prática da compostagem caseira e comunitária em habitações, prédios ou instituições com jardins em Municípios Associados à LIPOR (Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde).
A pensar nos cidadãos que vivem em apartamentos, a Valorsul desenvolveu um projeto inovador de compostagem comunitária. "Todos podem compostar" já distribuiu um compostor comunitário em cinco espaços verdes da área metropolitana de Lisboa, nomeadamente no Parque Central da Amadora; no Parque Integrado da Ribeirada, em Odivelas; no Parque Verde das Colinas do Cruzeiro, Odivelas; na Quinta Pedagógica dos Olivais, em Lisboa; e no Jardim do Ecobairro, em Vila Franca de Xira.
A população residente na envolvente de cada um destes cinco locais pode depositar os seus resíduos orgânicos nestes compostores para serem transformados em fertilizante natural, sendo que, depois, tanto o município como os cidadãos podem tirar partido do composto que é produzido.
E o seu Município, já tem um programa de compostagem comunitária? Se não, porque não apresenta uma proposta?
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Agência Portuguesa do Ambiente