Conheça dicas e estratégias para poupar de forma eficiente

Casa e Família

Concretizar um plano de poupança é criar valor em função dos seus objetivos. Saiba o que fazer e como para conseguir poupar. 04-10-2019

Um dos segredos da poupança é aprender a mudar de hábitos e de comportamento em função das metas que se pretendem atingir. Isto é, o dinheiro que poupa tem um destino definido ou simplesmente poupa por poupar?

Queremos com isto dizer que o que está em causa é o grau de compromisso que estabelece com a poupança, uma vez que dele depende a sua maior ou menor motivação para poupar. E a questão da motivação parece-nos ser fundamental para conseguir disciplinar-se para a poupança, sobretudo num contexto em que a tendência para o consumo é elevada.

Por isso, e antes de passarmos às estratégias para poupar de forma eficiente, aconselhamo-lo a fazer este exercício: defina as suas metas - sejam elas a curto, médio ou a longo prazo - e, depois disso, tente identificar estratégias para atingi-las. Neste processo, aconselhamo-lo a tentar responder às seguintes questões: Onde posso poupar? Como? E para quê?

Estratégias para poupar de forma eficiente: o poder das decisões

Vamos partir do princípio que precisa de juntar um determinado montante para financiar a formação superior do seu filho; para dar uma entrada para comprar uma casa; para fazer aquela viagem de sonho que está constantemente a adiar; para trocar de carro; para investir num projeto pessoal ou profissional; comprar um telemóvel novo ou, simplesmente para fazer com que o seu salário chegue até ao final do mês.

Independentemente das metas que venha a traçar, é importante que tenha consciência de que, a partir desse momento, todas as decisões que tomar diariamente em relação ao dinheiro o podem aproximar ou afastar dessas mesmas metas. A definição de estratégias para poupar é pois fundamental para fazer face ao desafio da poupança.

Por onde começar a poupar: conheça bem o seu orçamento

Se não tem por hábito controlar todos os ganhos e gastos mensais, o nosso conselho é que comece a fazê-lo. Conhecer bem o orçamento é uma das principais estratégias para poupar, uma vez que lhe permite não só ter uma noção global do que ganha e do que gasta, mas também perceber qual a margem que pode poupar, cortando ou reduzindo algumas despesas.

Para tal, basta criar um documento de Excel, onde terá colunas para discriminar as receitas (todas as suas fontes de rendimento), as despesas fixas e variáveis e quanto sobra.

Como reduzir despesas e poupar no dia-a-dia

Depois de ter incluído no orçamento todas as despesas, comece por identificar aquelas que poderá reduzir. Será que ainda tem espaço, por exemplo, para poupar nas despesas domésticas (despesas com água, luz, gás, telecomunicações, supermercado)? Isto é, tem a certeza que está a pagar a tarifa energética ou o tarifário de telecomunicações mais baixo do mercado? Ou simplesmente tem vindo a adiar a decisão de mudar de prestadores de serviços?

Além disso - e até tendo em consideração as questões ambientais - tem evitado as torneiras abertas por demasiado tempo, os banhos longos, a máquina de lavar com pouca carga ou as luzes ligadas sem razão aparente?

Tenha em mente que a poupança maior está nas despesas do dia-a-dia, razão pela qual a economia doméstica é tão importante para quem quer poupar dinheiro.

Ainda no que toca às despesas do dia-a-dia, ter uma noção efetiva do que se gasta (quando os ganhos não compensam) é fundamental para o objetivo da poupança - até para ir ajustando alguns comportamentos.

Por exemplo, se toma quatro ou cinco cafés por dia, tente não tomar um deles. Ao fim do ano, este simples gesto ajudá-lo-á a poupar cerca de 255€. O mesmo se aplica a almoços e jantares fora de casa, que devem ser a exceção e não a regra.

Se, por exemplo, costuma ir almoçar todos os dias com os colegas de trabalho e gasta, em média, cerca de 10€ por dia, deixar de ir um dia por semana pode significar uma poupança de 480€ ao final do ano. O que faria com este dinheiro?

Este mesmo princípio pode ser aplicado a pequenos-almoços, lanches e a outros hábitos diários que, muitas vezes sem nos apercebermos, vamos transformando em rotinas.

Uma estratégia para motivá-lo, precisamente, a mudar de rotinas é a de manter um frasco (ou um porquinho mealheiro) na gaveta da sua secretária, para ir depositando o dinheiro que não gastou (o café que não foi tomar a meio da manhã, os tais 10€ do almoço que decidiu poupar). No final do mês, crie o hábito de despejar o frasco e de contar o que conseguiu poupar. Cada euro que lá encontrar é uma vitória sua.

Neste processo, tente ser o mais rigoroso e realista possível, sobretudo no que toca às despesas, pois, de outra forma, de nada lhe valerá o trabalho de fazer um orçamento. Tenha em mente que o objetivo deste documento é perceber quais as despesas variáveis desnecessárias e quais as despesas fixas que poderá reduzir.

As vantagens de andar a pé
Vamos considerar que toma o pequeno-almoço em casa, mas a meio da manhã tem por hábito tomar um café e um bolo, que lhe custa (em média) 1.60€; no almoço, gasta 10€; ao início da tarde toma outro café (0.70€) e um lanche ao fim da tarde (2.50€). No fim da sua jornada de trabalho, toma outro café (0.70€). No total, ao final do dia gasta 15,30€. Se trouxer snacks de casa para evitar os lanches (- 4.10€); evitar tomar um dos cafés (- 0.70€), ao final do mês poupou: 144€. Se deixar de almoçar fora uma vez por semana, poupa 40€. No total, a sua margem de poupança mensal é de 184€. Ao multiplicar esta margem por 12 meses, poupará 2.208€

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Como planear a poupança

À medida que for adotando estes hábitos de poupança, o valor do dinheiro vai ganhando outro significado para si e, consequentemente, vai adquirindo uma nova predisposição para a poupança.

Em termos do planeamento propriamente dito, os especialistas dizem-nos que devemos adotar a regra dos 50x30x20, ou seja, usar 50 por cento do salário para as despesas básicas, 30 por cento para gastos indiscriminados e 20 por cento para uma poupança mensal fixa. Trata-se de uma referência, que pode sempre ajustar às suas finanças pessoais.

Em relação à margem de poupança mensal fixa, propomos que a encare como um pagamento que faz a si próprio. Portanto, mal receba o seu salário, pague-se a si primeiro. Coloque de lado uma percentagem do que ganha antes de gastar esse dinheiro com outras coisas. Este é um procedimento fácil de implementar, até porque pode automatizá-lo. Existem soluções bancárias inclusive que facilitam este automatismo.

Por mínima que seja essa percentagem, faça-o. Se não consegue transferir 20 por cento desse total para a sua conta-poupança, transfira 10 por cento, mas tente fazer desta estratégia um hábito. A probabilidade de não "perder" esse dinheiro tornar-se-á maior e até poderá ficar surpreendido com estas economias ao longo do tempo.

Vamos imaginar que ganha um salário médio, no valor de 1.200€ líquidos. Se se pagar 120€ por mês, ao final do ano terá uma poupança de 1.440€.

E como temos por hábito cometer pequenos excessos mal recebemos o salário, esta estratégia pode ser uma boa forma de controlar este impulso para o consumo.

Como resistir ao consumo?

Nos dias que correm, esta não é uma tarefa nada simples, mas como tem metas financeiras bem definidas, o seu poder de decisão estará muito mais apurado. Aprender a dizer "não" dar-lhe-á poder. Por um lado, ganha poder de negociação e, por outro, permitir-lhe-á identificar o necessário do irrelevante.

A este respeito, uma das estratégias para poupar efetivamente é transformar a poupança num jogo, pondo-se à prova em pequenos desafios.

1. Experimente pequenos desafios

A título de exemplo: se costuma fazer muitas compras online através do seu telemóvel e tablet, faça logout das suas aplicações bancárias e tente não alterar este status durante um mês. Mesmo se precisar de fazer algum pagamento relacionado com despesas domésticas, obrigue-se a fazê-lo no seu banco ou numa caixa Multibanco.

No final desse mês, compare os seus gastos com os do mês anterior (em que utilizou essas mesmas aplicações). Esta questão do tracking é fundamental para o “jogo”, principalmente para perceber quantos euros deixou de gastar.

 2. Evite andar com o cartão de crédito na carteira

Apesar de ser uma estratégia de poupança muito comum, a verdade é que funciona. O cartão de crédito tem muitas vantagens, mas também tem o poder de transformar a nossa relação com o dinheiro. Como os valores não são debitados diretamente na conta à ordem, temos tendência a não contabilizá-lo e, por vezes, até de perder o controlo sobre as despesas. Ou seja, é dinheiro abstrato - até ao momento em que chega a conta para pagar. Trazê-lo na carteira aumenta, assim, a tentação de o utilizar.

Portanto, sempre que for fazer uma compra com cartão de crédito, pense primeiro se é de facto uma despesa necessária ou se o está a fazer por impulso com a ajuda da comodidade do cartão. Se preferir uma perspetiva mais radical, pense que o dinheiro que está a gastar nem sequer é seu.

3. Procure formas de ganhar um extra

Se o seu horário de trabalho lhe permite ter muitas horas livres, porque não procurar formas de ter um rendimento extra? Um trabalho de freelancer, de promotor, de consultor, pode, inclusivamente, ajudá-lo a alargar horizontes, a sua rede de contactos e claro, de aumentar o montante da poupança mensal. Tenha em mente que quando não está a ganhar dinheiro está a perdê-lo.

Coloque o dinheiro a trabalhar para si

Tão importante quanto poupar é saber o que fazer com as poupanças. Uma vez que os juros bancários estão muito próximos do zero, amealhar as poupanças numa conta bancária talvez não seja a melhor opção.

Como o objetivo é multiplicar a poupança, considere algumas opções de investimento, como ações, obrigações e outros títulos mobiliários, ou mesmo fundos de investimento.

Antes da escolha propriamente dita, tente responder às seguintes questões: Quanto pretende ganhar? Está disposto a arriscar uma percentagem do seu dinheiro? Quando necessita do dinheiro de volta?

Claro que queremos sempre ganhar o máximo possível, mas se pretende mais retorno é necessário assumir mais riscos. Se tiver um perfil de investidor de baixo risco, o retorno esperado rondará os 3 e os 4 por cento; de médio risco, até 6 por cento; de alto risco, acima dos 6 por cento.

Independentemente do seu perfil, tenha em mente que se as suas poupanças lhe renderem menos do que o valor da inflação, então está a perder dinheiro.

Em matéria de poupança e uma vez definidos os seus objetivos, vale a pena refletir sobre a melhor maneira de aplicar as poupanças junto do seu Banco. A CGD tem um simulador que o pode ajudar.