tendências na organização do trabalho

A (R)evolução das Organizações

Trabalho

A pandemia veio acelerar tendências. João Viana Ferreira da everis, an NTT DATA Company, identifica os pilares desta mudança. 16-03-2021

A situação de pandemia que vivemos veio acelerar o processo de transformação, revelando, por um lado, que já existiam as ferramentas necessárias para desenvolver novas formas de trabalho, mas por outro, que a maioria das organizações ainda não estavam preparadas em termos culturais e estruturais para mudar.

Porém, a sensação de transformação já se sentia antes da pandemia – já “estava no ar”. Tendências como a globalização, a mobilidade, as alterações demográficas, bem como o impacto da tecnologia, já faziam parte da agenda das organizações.

 

É importante reformular o modelo de trabalho nas organizações

A capacidade que a maior parte das organizações demonstrou na transição para o trabalho remoto, na colaboração à distância e na adaptação tecnológica superou as expectativas da sociedade, das organizações e dos seus líderes e colaboradores. Forçou-os a todos a pensarem de forma diferente e a reformularem o atual modelo de trabalho, uma vez que também o modo como os colaboradores comunicam, colaboram e utilizam a tecnologia, evoluiu.

Adicionalmente, é importante compreender que a verdadeira mudança está nas pessoas e que, atualmente, a força de trabalho das organizações vê temas como a flexibilidade no trabalho, a formação, a sustentabilidade, o bem-estar e o sentimento de pertença à organização como essenciais – e esperam que as organizações em que trabalham reflitam estes temas nos seus princípios.

 

Os cinco pilares da transformação

Face aos desafios e à consequente transformação que se torna imperativa de acontecer ao nível das organizações, identificam-se 5 pilares chave sobre os quais ocorre essa transformação:

1. Pessoas – remover os obstáculos, alterar formas de pensar e agir, fortalecer a cultura e o sentimento de pertença e potenciar o talento, através da criação de um ambiente cujos valores incluem a autonomia, a responsabilização e a confiança, e onde se adaptam de forma constante as expectativas, as tarefas e as responsabilidades das pessoas.

2. Práticas – implementar práticas e metodologias que incentivem a experimentação e a colaboração, por meio da implementação de metodologias ágeis, que têm por base a constituição de equipas multifuncionais, processos criativos e iterativos de co-criação, reuniões mais eficazes e orientação das equipas à criação de valor.

3. Tecnologia – entender o dia-a-dia dos colaboradores e capacitá-los nas ferramentas digitais que fomentam a comunicação, a partilha, a colaboração e a transparência da informação, colocando-as à disposição destes e dando-lhes a conhecer as suas potencialidades.

4. Procedimentos – definir e rever políticas, procedimentos, processos corporativos e, em alguns casos, a estrutura organizativa, garantindo simultaneamente a gestão segura da informação associada aos potenciais riscos das novas formas de trabalhar. Para possibilitar a transformação cultural e comportamental da organização é necessário implementar e operacionalizar modelos híbridos de trabalho (presencial e remoto), novas rotinas de gestão, integração de colaboradores, programas de bem-estar, etc.

5. Espaço de Trabalho – adaptar os espaços do escritório e suportes digitais ao modelo de trabalho híbrido, em que as idas ao escritório são momentos dedicados à colaboração em detrimento do trabalho individual, potenciando o conforto e a possibilidade das pessoas escolherem os espaços que mais se adequam às suas atividades.

 

Neste contexto, a cultura deve ser encarada como o grande alicerce da mudança, mantendo os princípios básicos da organização, mas permitindo que se adapte às novas exigências, do mercado e dos colaboradores.

A redefinição do propósito das organizações, bem como a sua comunicação e partilha com todos os colaboradores, é o que vai despoletar a transformação dos líderes e das equipas, evoluindo de uma forma de estar reativa para um modelo mais criativo e cooperativo, em que o erro é sinónimo de aprendizagem, a experimentação é aliada da inovação e a colaboração sobrepõe-se à autoridade. Um modelo, onde as equipas terão maior autonomia e serão compostas por perfis mais diversificados.

 

João Viana Ferreira
Partner e Head of Business Consulting, Digital Strategy & Technology da everis Portugal, an NTT DATA Company