como poupam as famílias

Mês da Poupança

Como poupam os portugueses?

Casa e Família

Procuramos estudos recentes para confirmar como poupam as nossas famílias. Os seus principais hábitos e como gerem o orçamento. 17-10-2019

A gestão das finanças pessoais exige, constantemente, tomada de decisões, sejam elas em termos de consumo ou de poupança. Aliás, a maioria das decisões financeiras assenta numa correlação entre as decisões de consumo (tudo no qual gastamos dinheiro no dia a dia); as decisões de poupança (e as de investimento, para alguns); e as que dizem respeito ao crédito.

No que toca especificamente à poupança, o controlo das despesas é sempre um fator preponderante para manter qualquer orçamento equilibrado e importa saber distinguir os bens de primeira necessidade daqueles que são considerados supérfluos.

Não é um processo simples, nem fácil, sobretudo porque vivemos num contexto em que somos constantemente atraídos para o consumo.

Ora, na teoria, tudo isto faz muito sentido, mas, na prática, como se faz concretamente esta gestão? Isto é, quais são efetivamente os hábitos de poupança dos portugueses? Como fazem a gestão do seu orçamento? Há uma efetiva predisposição para a poupança, quando há espaço para ela?

Fomos à procura de estudos recentes que nos permitissem responder a algumas destas questões e tiramos algumas conclusões sobre a forma como poupam os portugueses.

Ao longo da nossa análise, tivemos ainda a oportunidade de estabelecer um ponto de comparação com os restantes cidadãos europeus.

Como poupam os portugueses em comparação com os restantes cidadãos europeus?

Segundo dados da Eurostat, publicados em abril deste ano, a taxa de poupança no conjunto da Zona Euro em 2018 subiu ligeiramente para a casa dos 12%. Portugal, contudo, atingiu um novo mínimo histórico de poupança (4,6%), confirmando os dados que já tinham sido divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Na prática, isto significa que, em 2018, os portugueses pouparam, em média, cerca de um terço dos restantes cidadãos europeus.

Já um estudo da Intrum, "European Consumer Payment Report", de 2018, que recolheu dados de 24.398 consumidores em 24 países europeus (incluindo Portugal), acrescentou para que fins poupam os portugueses (e os restantes cidadãos europeus). De acordo com esses dados, a maioria dos portugueses, tal como a maioria dos cidadãos europeus, poupa tendo em vista despesas inesperadas (58%) e viagens (42%).
Isto é, além de se preocuparem com situações imprevistas, os portugueses também se preocupam com o seu bem-estar - razão pela qual viajar é um dos principais motivos de poupança para os portugueses. Em contraponto, 16% dos portugueses não veem problema em pedir dinheiro emprestado para pagar uma viagem de férias.

Abordamos esta questão do crédito pois é uma questão que parece influenciar de forma significativa a poupança. Tanto é assim, que o mesmo estudo revela que os cidadãos europeus se preocupam cada vez mais com a facilidade com que podem aceder ao crédito, tal como com a facilidade com que podem fazer compras online.

É que 65% das nossas famílias concordam que as compras online facilitam a compra a crédito e 27% concordam com a noção que a facilidade de fazer compras online os faz comprar mais no total.

Já um inquérito mais recente sobre os hábitos de poupança dos portugueses, realizado pelo Ekonomista, acrescenta dados mais concretos sobre a forma como poupam os portugueses. Estes dados permitiram-nos tirar outras ilações sobre os hábitos de poupança dos portugueses.

Como poupam os portugueses: hábitos de poupança e gestão do orçamento

O inquérito online "Hábitos de Poupança dos Portugueses", que inquiriu um universo de 2.174 pessoas, com idades compreendidas entre os 18 e os 60 anos, vem confirmar que as despesas com créditos (tal como as contas domésticas) são efetivamente despesas com algum impacte no orçamento mensal e, consequentemente, na poupança.

Por exemplo, do total dos inquiridos, 20% dizem não fazer poupança, sendo que, destes, 84% revelam que não fazem poupança porque não sobra dinheiro ao final do mês. Dos restantes, 7% dizem que não poupam porque não têm informação suficiente sobre poupança, e 9 % dizem que preferem aproveitar o dinheiro que sobra para fazer compras.

No que diz respeito ao impacte dos créditos no orçamento doméstico dos portugueses, o inquérito revelou que o crédito habitação continua a representar uma grande fatia dos orçamentos. Dos inquiridos, 44% afirmaram não ter nenhum crédito em curso, enquanto 25% disseram ter apenas o crédito habitação, 8% apenas crédito auto, 6% têm apenas créditos ao consumo, enquanto 17% acumulam mais de um crédito.

Aliás, 25% daqueles que têm pelo menos um crédito (de um total de 56%) disseram estar a pagá-lo para a compra de casa e cerca de 14% têm este e outros créditos.

O peso das despesas domésticas

Em relação às despesas domésticas, o peso no orçamento mensal regista o seguinte padrão:

  • Apenas 7% dos inquiridos gasta menos de 25% do seu orçamento em despesas mensais;
  • 46% dos inquiridos tem entre 25% a 50% do orçamento comprometido com as despesas mensais;
  • Para 25% dos inquiridos, as despesas fixas representam entre 50% a 75% do orçamento mensal;
  • As despesas fixas têm um peso de mais de 75% no orçamento de 10% dos inquiridos;
  • Enquanto 12% não sabem responder a esta pergunta.

 

Os portugueses fazem controlo do seu orçamento?
Apesar de ser uma forma de perceber ganhos e gastos, e de estimar o que é possível poupar, o inquérito revela que 35% dos portugueses não fazem qualquer tipo de controlo do orçamento doméstico. Dos 65% que o garantem, 56% utilizam tabelas de gestão, 5% recorrem a profissionais e 4% utilizam aplicações de gestão financeira.

Hábitos de poupança dos portugueses

Já em relação aos hábitos de poupança, importa frisar que 39% dos inquiridos poupa mensalmente de forma regular. De forma pontual, quando sobra dinheiro, poupam 26% dos inquiridos. Excluindo 20% que não fazem poupança, os restantes 15% só o fazem quando recebe subsídios, de Natal ou de férias, ou o reembolso do IRS.

 

Como aplicam as Poupanças?

Os portugueses mantêm o hábito de recorrer à Banca para aplicar as suas poupanças:

  • 34% recorrem a uma conta poupança;
  • 13% preferem um depósito a prazo;
  • 4% optam por investimento em produtos bancários;
  • 14% arranjam outras formas de poupar;
  • Os restantes 35% ainda mantêm o hábito de utilizar o mealheiro.

 

Em relação aos hábitos de poupança diários, os portugueses apontaram os seguintes:

  • 34% das pessoas que responderam ao inquérito estão atentos aos consumos de água e luz;
  • 60% procuram serviços e fornecedores mais baratos;
  • 30% têm cartões de fidelidade e descontos;
  • 42% da amostra compra na época de saldos e promoções;
  • 39% fazem refeições em casa e levam marmita para o trabalho;
  • 13% utilizam transportes públicos;
  • 33% fazem sempre lista de compras;
  • 35% da amostra não faz compras por impulso.

 

Recorde-se que foi entre 2013 e 2014 que a poupança dos portugueses registou a maior queda, sobretudo porque se vivia o impacte da crise. Apesar de ter havido uma melhoria em 2015, a divergência entre a taxa de poupança dos portugueses e dos restantes cidadãos europeus voltou a agravar-se no final de 2018. Isto apesar de enfrentarmos um contexto de devolução de rendimentos; queda da taxa de desemprego e de subida gradual dos salários.

Porém, no início de 2019, e de acordo com dados divulgados pelo INE, a taxa de poupança voltou a aumentar. Apesar de menos confiantes na economia, os portugueses dizem ter uma maior capacidade para poupar neste momento, tendo estabilizado a confiança quanto à possibilidade de continuar a poupar no futuro. Aguardaremos, então, pelo final de 2019 para confirmar estes dados.

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