O desafio recente do ensino à distância pode ter contribuído para acelerar a aposta da Academia nos canais remotos. Mas como pode ficar a fase da avaliação? Conheça os desafios e as respostas tecnológicas à avaliação em ambiente virtual.
Embora fosse uma tendência crescente, o contexto dos últimos meses fez com que a formação à distância ganhasse um papel ainda mais importante. Ao garantir o acesso ao ensino através da utilização de dispositivos tecnológicos, a formação não presencial elimina algumas das barreiras ao ensino. A localização do formando deixa de ser relevante, podendo ingressar numa formação que esteja a decorrer em qualquer parte do mundo.
No entanto, surgem naturalmente dúvidas quando o tema é a avaliação. Como é feita a avaliação à distância? Quais são os critérios? Como garantimos justiça e idoneidade para todos os formandos? E quais são as ferramentas para que a avaliação ocorra da forma mais simples e transparente possível?
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A avaliação como a principal dificuldade na formação à distância
Esta modalidade de formação apresenta várias vantagens. A possibilidade de o formando gerir a sua própria aprendizagem e a economia em recursos físicos são frequentemente apontados como as principais vantagens da formação virtual. Contudo, os especialistas apontam algumas dificuldades neste modelo de ensino, sublinhando a questão da avaliação como uma das mais relevantes.
Limitações como a ausência de proximidade física (para que o formador possa fazer uma leitura da linguagem corporal), a impossibilidade de controlar o ambiente de aprendizagem e a dificuldade na autenticação e garantia de privacidade no contexto de avaliação tornam o processo de avaliação mais difícil.
Mas será possível ultrapassar estas dificuldades? Apesar de não as resolver por completo, a tecnologia tem dado um grande contributo para ultrapassar estas barreiras.
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Como a tecnologia pode ajudar a avaliação à distância
Surgem cada vez mais respostas tecnológicas às dificuldades da formação à distância. A primeira, e mais básica, tem a ver com a possibilidade de leitura corporal através das aulas síncronas com câmara ligada. Ao possibilitar que formandos e formador se vejam, reforçam-se os laços e o formador consegue ter maior leitura do perfil de cada formando.
Para otimizar a experiência de ensino à distância, existem ainda os Learning Management Systems. Trata-se de plataformas de aprendizagem que possibilitam o registo do percurso dos estudantes (entrada, permanência no sistema, materiais consultados, entre outros).
Estas plataformas, ao acompanhar o aluno em cada momento da sua interação, permitem também viabilizar a sua avaliação. Basta que que algumas da suas interações possam figurar como critério de avaliação. Nomeadamente, os contributos em fóruns, realização de atividades ou participação em sessões síncronas.
Com uma análise aos dados de cada formando, o formador consegue ter uma perspetiva do processo de aprendizagem. Saídas precoces de uma página podem indicar falta de interesse ou dificuldade de aprendizagem, por exemplo. Utilizadas durante o processo de exploração dos conteúdos, estas plataformas possibilitam ao formador identificar precocemente casos que mereçam uma maior atenção e agir em conformidade.
Relativamente à verificação da identidade dos formandos existem soluções como a Examity e a ProctorU. Estas soluções não só validam a identidade do formando através, por exemplo, dos dados biométricos (impressão digital ou reconhecimento facial), como permitem monitorizar o ambiente em que a avaliação ocorre.
Nestas plataformas, o formador pode fazer o upload de testes, definir os parâmetros e regras para cada teste (incluindo a possibilidade de consultar material específico), permitir pausas e extensões de tempo de teste, entre outras possibilidades. Simulando ao máximo o ambiente de uma sala de aula, o formador consegue ter um maior controlo sobre o momento de avaliação.
Por outro lado, quando as avaliações são compreendidas por um trabalho escrito, é possível determinar a originalidade dos trabalhos dos formandos através de soluções de análise de plágio, como a Turnitin. Este tipo de soluções permite cruzar o trabalho dos formandos com bases de dados e publicações disponíveis na Internet para avaliar se há existência de plágio ou não.
A formação à distância pode assim ser avaliada com recurso a testes, quizzes, participação em fóruns, apresentação de trabalhos, entre outros. Tudo com recursos tecnológicos já disponíveis no mercado.
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Qual o futuro da formação à distância?
A tendência é para que as entidades de ensino e formação (escolas, centros de estudos, academias de formação e universidades) disponibilizem cada vez mais cursos no formato de e-learning.
Com cada vez mais ferramentas tecnológicas a encurtar a distância entre formandos e formador, a permitir a validação das identidades, assim como uma correta avaliação dos conhecimentos adquiridos, é natural que esta alternativa ao ensino tradicional passe a ser uma realidade nas nossas vidas.
Qualquer contexto de aprendizagem à distância exige que o formando tenha um papel mais ativo no seu próprio processo de aprendizagem. Isto significa que, nalgumas situações, o ensino presencial continua a ser mais vantajoso. Isto é, permite ao formador guiar e ajudar o formando que ainda não consegue fazê-lo por si só.
Nas situações em que pode ser aplicado, o ensino à distância elimina constrangimentos de tempo e espaço, permitindo chegar a um maior número de formandos e dando-lhes ferramentas para que façam a gestão autónoma da aprendizagem.
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