O conceito de Economia Circular pode ser englobado na disciplina de desenvolvimento sustentável. Trata-se de um conceito económico inspirado nas noções de permacultura económica e de economia industrial (por oposição à economia linear). Na prática, a Economia Circular propõe que os resíduos de uma indústria possam ser aproveitados como matéria-prima reciclada para outra indústria (ou para a própria). Saiba como a Economia Circular pode contribuir para a sociedade e beneficiar a sua empresa.
Com vista à otimização dos recursos, à minimização dos riscos sistémicos e à criação de fluxos renováveis, este modelo pretende atingir uma gestão mais eficiente dos recursos naturais e prolongar o valor do produto. Para as empresas, isto significa uma dinâmica mais equilibrada, quebrando a associação entre o crescimento económico e o consumo de recursos não renováveis.
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Os princípios da Economia Circular
Qualquer produção de bens ou serviços tem impacte nos ecossistemas naturais do planeta. Assim, ao prejudicarmos o ecossistema, estamos a reduzir o capital natural disponível para a produção de bens e serviços. Uma vez que todos dependemos do capital natural, é nossa obrigação garantir um crescimento sustentável da economia, sem prejuízo dos recursos naturais. Só assim conseguiremos investir numa economia saudável e auto-sustentável.
O conceito de Economia Circular nasce da ideia de ciclo, repetição e regeneração. Em vez de ocorrer uma repetida extração de recursos e posterior geração de resíduos, os ciclos de produção e consumo autoalimentam-se, evitando o desperdício.
A Economia Circular apoia-se nos seguintes princípios:
- Preservação do capital natural;
- Otimização de recursos;
- Ciclos auto-sustentáveis;
- Envolvência de toda a sociedade.
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Apoio à Economia Circular nas empresas
O conceito de Economia Circular tem sido alvo de muita atenção por parte de entidades internacionais e nacionais. A Comissão Europeia desenvolve, desde dezembro de 2015, medidas para a promoção e financiamento deste tipo de economia.
A Economia Circular faz parte de uma série de medidas que visam uma mudança de paradigma económico, assente no desenvolvimento de produtos e serviços orientados para o uso eficiente de recursos, além da adoção de estratégias colaborativas. Como benefício económico para as empresas, destaca-se a redução de importação das matérias-primas e maior competitividade da economia nacional.
À nossa escala, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática é o responsável por modelar as iniciativas com vista à transição para a Economia Circular, atuando na vertente política, económica e do conhecimento.
Em Portugal, um dos responsáveis pela aplicação do programa de apoio às empresas é o IAPMEI. O objetivo é fomentar a modernização e inovação dos processos, produtos, serviços e modelos de negócio das empresas portuguesas, integrando-as no contexto da Economia Circular e aumentando a sua competitividade.
Vale Economia Circular
Um dos incentivos é denominado “Vale Economia Circular” e visa a aquisição de serviços de consultoria por parte das empresas na criação e implementação de uma estratégia de Economia Circular. Um benefício que pode ser atribuído a PME de qualquer natureza e sob qualquer forma jurídica, e tem uma taxa de cofinanciamento de 75% (com limite de 7.500€).
Esta consultoria pode pertencer a áreas como a Sustentabilidade de Produtos e Processos; os Modelos de Produção mais Eficientes e Limpos; o Desenvolvimento ou a Adaptação de Produto, o Processo de Produção, o Serviço ou Método de Gestão Inovador; a Extensão do Ciclo de Vida dos Produtos; a Valorização de subprodutos e resíduos; os Novos Modelos de Negócio, Desmaterialização e Transformação Digital.
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Qualificação de PME
Um incentivo para reforçar o investimento na competitividade das empresas, nomeadamente na sua inovação organizacional e de gestão. Abrange projetos individuais (apresentados pelas PME) ou em colaboração (apresentados por associações não lucrativas, com competências específicas dirigidas às PME) e inclui intervenções para redução de resíduos, sua reutilização para novos produtos e das parcerias que envolvam a transação de resíduos e subprodutos.
Tem uma taxa de cofinanciamento de 45% e 50% (para projetos individuais e em colaboração, respetivamente) e poderá abranger 50% a 70% das despesas com formação, necessárias para implementar novos projetos. São elegíveis para este apoio todas as PME.
Investigação & desenvolvimento
O programa de apoio às empresas para a Economia Circular engloba projetos de investigação e desenvolvimento experimental, nomeadamente, para a criação de novos produtos, processos ou sistemas mais sustentáveis, que permitam valorizar os ecossistemas de determinados sectores ou regiões e que incentivem a redução da produção de resíduos, como os projetos de biorefinaria e produção de energia a partir de resíduos.
Pode beneficiar empresas de qualquer tipo, sendo financiadas as atividades relacionadas com investigação e desenvolvimento, contratação de recursos humanos e proteção da propriedade intelectual e industrial, até 1 milhão de euros por beneficiário (no caso de resultar de um projeto em parceria).
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Inovação produtiva
Por último, o IAPMEI proporciona também um apoio económico para projetos relacionados com a inovação na produção, através da adoção de novos processos e métodos de fabrico, logística e distribuição e otimização dos já existentes, no sentido de enquadrá-los no conceito de Economia Circular. Existem duas tipologias: Inovação Produtiva PME e Inovação Produtiva Não PME.
É elegível qualquer empresa que queira desenvolver projetos de construção, equipamento construtivo ou serviços de engenharia, estudos e projetos. O apoio assume prestações semestrais, durante 8 anos, com 2 de carência (sem juros). O financiamento pode ser de 30% a 75% (dependendo da dimensão da empresa, da localização e do tipo de projeto).
Linha FITEC - Descarbonização e Economia Circular
Esta linha é dirigida às micro e PME que tenham atividades na indústria e turismo e tem como principais objetivos acelerar o processo de transição para uma Economia Circular e tornar estas empresas mais modernas e competitivas através da implementação de medidas capazes de reduzir o consumo energético e permitir a mudança de fontes energéticas fósseis para fontes renováveis.
A linha é dirigida a operações de médio e longo prazo, com um montante máximo de 2 milhões.
Pode obter mais informações sobre esta linha no portal eco.nomia.pt
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Como beneficiar dos apoios à Economia Circular
Para beneficiar destes sistemas de apoio, as empresas pode entrar em contacto com o IAPMEI.
É possível fazê-lo através de um dos Centros de Apoio Empresarial (disponíveis em 12 cidades) ou da linha Azul.
Através do portal eco-nomia.pt também pode obter informações sobre ações e oportunidades de apoio e incentivos para a implementação de iniciativas para a transição para a Economia Circular.
O QUE A CAIXA PODE FAZER POR SI?
Igualmente tendo em vista tornar empresas industriais e do sector do turismo mais competitivas, a Caixa disponibiliza uma Linha de crédito com garantia mútua.
O objetivo é contribuir para as metas definidas no Plano Nacional Energia-Clima 2030 e acelerar o processo de transição para uma economia circular.
Visa ainda contribuir para o redesenho de processos, produtos e novos modelos de negócio.
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