Agora que passamos mais tempo em casa, há regras de confinamento sustentáveis que vale a pena ficar a conhecer e pôr em prática.
Desde que a pandemia de COVID-19 teve início, e as primeiras medidas de confinamento foram tomadas a nível mundial que se começou a falar sobre o impacte positivo destas restrições - no ambiente e na sustentabilidade do planeta Terra.
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Apesar de todo o impacte negativo do confinamento, nomeadamente na economia global, é também certo que a mudança de comportamentos a que obrigou contribui para melhorar aspetos relacionados com a sustentabilidade do planeta.
Por exemplo, para o cumprimento de algumas das metas ambientais, estabelecidas no âmbito do Acordo de Paris.
Falamos de contexto propício para definir regras de confinamento sustentáveis. Ou seja, boas práticas quotidianas para potencializar o impacte positivo no meio ambiente e criar hábitos que possam perdurar mesmo depois da pandemia.
O impacte positivo do confinamento para o meio ambiente
Estudos apresentados pela Global Carbon Project indicam que o confinamento contribuiu para uma redução nos gases com efeito estufa, com especial incidência na diminuição das emissões globais de dióxido de carbono. Uma das razões prende-se com a redução das deslocações aéreas ou de carro. Da mesma maneira que diminuíram as emissões industriais mais afetadas pela pandemia.
Em Portugal, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), as percentagens de redução da poluição em 2020, devido ao estado de emergência, foram de 79% em Lisboa; 66% em Coimbra; 62% no Porto; 60% em Guimarães; 49% em Braga; 37% em Setúbal; e 26% em Aveiro. Dados que pode confirmar aqui.
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Regras de confinamento sustentáveis
Nos transportes
De acordo com os especialistas, para que este impacte positivo se prolongue, mesmo quando já não tivermos confinados, é necessário que haja iniciativas de estímulo económico ao encontro das metas climáticas.
E, sem dúvida, que uma das áreas mais críticas no que respeita a esta matéria é mesmo a mobilidade. Não fosse ela responsável por metade da redução das emissões, durante o confinamento.
Por esse motivo, agora e, preferencialmente, após o confinamento, devem privilegiar-se formas de circular mais amigas do ambiente, como andar a pé ou de bicicleta. Estas são também opções mais económicas, que beneficiam a saúde e, no atual contexto pandémico, permitem respeitar mais facilmente o distanciamento social, do que andar de transportes públicos, por exemplo. Se está a pensar trocar de carro, considere também a compra de um carro 100% por elétrico onde, inclusive, pode contar com alguns benefícios fiscais.
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Em casa
Ficar mais tempo em casa, alertou-nos para os enormes benefícios dos meios online. Estes canais representam, também uma oportunidade para redução da emissão de gases com efeito estufa.
O trabalho; as compras e a contratação de serviços através da internet são apenas alguns exemplos de toda carga de atividades que, ao serem realizadas online, podem fazer poupar tempo, dinheiro e, também, o ambiente, na medida em que se poupa em deslocações, papéis, entre outros consumos.
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Claro que para isso é fundamental saber fazer uma gestão doméstica mais sustentável. Eis algumas ideias e dicas:
- Se toda a família está por casa, em teletrabalho ou em ensino à distância, se possível, procure que todos os membros partilhem o mesmo espaço, de modo a evitar ligar, simultaneamente, as luzes de várias divisões. Além disso, troque todas as lâmpadas da casa por LED (2700 K). São mais duradouras e económicas. Algumas têm uma luz mais amarela, a qual permite criar um ambiente mais confortável;
- Enquanto estiverem a trabalhar, evitem fazer uso de outros aparelhos eletrónicos além do computador, como a televisão, por exemplo. Nesses momentos, desligue-os completamente. O consumo dos aparelhos em stand-by podem representar até 10% da fatura de eletricidade;
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- Para não ter de ativar o aquecimento, aproveite o facto de estar em casa para fechar as janelas e as persianas, assim comece a escurecer e a descer a temperatura;
- Aproveite o tempo livre, sem poder sair de casa, para fazer atividades produtivas, que não consumam demasiados recursos e que divirtam toda a família. Reaproveite os garrafões de água vazios para plantar ervas aromáticas; decore caixas de cartão usadas para armazenar objetos e bens pessoais; veja como calafetar as janelas e as portas para tornar a sua casa energeticamente mais eficiente.
- Caso ainda não faça a separação de lixos, esta é uma boa altura para começar. Peça ajuda aos mais pequenos. Eles vão-se sentir úteis ao ajudar e o ambiente agradece.
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Alimentação
O confinamento também alterou, de várias maneiras, a forma como nos alimentamos. Primeiro, porque obrigou ao encerramento dos restaurantes. Segundo, porque com mais tempo livre e em casa, muitas pessoas passaram a ter mais disponibilidade para cozinhar e a ter de confecionar mais refeições.
Isso permite que se poupe algum dinheiro ao fim do mês mas, também contribui para evitar outro problema à escala global, o desperdício alimentar. Há várias medidas que se podem adotar para fazer uma gestão mais inteligente da despensa e do frigorífico, sem contudo ser-se “escravo” do fogão e do forno.
Tome Nota:
Faça uma ementa semanal, de modo a planear todas as refeições;
Tente gastar ao máximo aquilo que tem em casa. Concentre as compras em momentos específicos;
Aproveite as sobras e seja criativo na sua reutilização. Por exemplo, na confeção de novas receitas. Existem muitas ideias disponíveis na internet que o podem ajudar;
Se está em teletrabalho e não tem tempo para cozinhar durante a semana, aproveite o fim-de-semana para adiantar as refeições. Congele-as e, depois, só tem de ir retirando do congelador, sempre que necessitar;
Apoie os restaurantes e, nos dias em que estiver mais cansado ou que forem especiais, encomende e aproveite o regime take-away;
Não coma em excesso. Procure fazer 5 refeições diárias, cumprindo os pressupostos da roda dos alimentos e tendo em conta que as suas necessidades energéticas provavelmente diminuíram, confinado em casa.
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Convívio, entretenimento e lazer
Esta foi, talvez, uma das vertentes da nossa vida mais afetada não só pelo confinamento, como pela própria pandemia. Desde há quase um ano, muitas são as pessoas que não voltaram a discotecas, cinemas ou bares. As festas, os casamentos e os aniversários também se tornaram mais restritos, até ficarem totalmente limitados aos membros do agregado familiar.
Mesmo confinados, afastados das nossas habituais rotinas, ou sobretudo por causa disso mesmo, necessitamos de momentos de entretenimento e de lazer que promovam o convívio. Nem que seja apenas com as pessoas com quem se habita. Escusado será dizer que, hoje em dia, grande parte das atividades recreativas em casa estão associadas a aparelhos eletrónicos, sejam televisões, computadores ou consolas.
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Contudo, há uma infinidade de opções de tempos livres que não obrigam a clicar num botão On/Off. Dedique as horas livres a outras atividades lúdicas, individuais ou coletivas, como:
- Fazer jardinagem;
- Cozinhar;
- Exercício físico como Ioga ou Pilates
- Apostar em atividades lúdicas, como pintar, ler, escrever, jogos, música;
- Começar um novo hobby;
- Aprender uma nova competência, que tenha um propósito de lazer e não de trabalho;
- Vídeo chamadas com a família e amigos.
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