O burnout é considerado uma doença pela OMS. Conheça as características, causas e consequências da síndrome de esgotamento profissional.
O burnout, ou síndrome de esgotamento profissional, enquadra-se na tipologia do stress ocupacional, isto é, do stress causado pela atividade profissional. As suas principais caraterísticas são exaustão emocional e redução do nível de envolvimento com o trabalho. Há profissionais que estão mais sujeitos a este distúrbio psicológico, como é o caso dos profissionais de saúde, professores ou educadores, devido ao contacto emocional muito próximo com os outros.
O burnout está longe de ser um problema raro. Ele atinge mais de 40 milhões de trabalhadores, só na União Europeia. Estesíndrome é responsável por mais de metade das situações de absentismo laboral nas empresas europeias. No nosso país, quase 50% dos profissionais de saúde apresentam níveis elevados de burnout e mais de 60% dos professores sofre de burnout.
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Acho que sofro de burnout. O que devo fazer?
Se suspeita que sofre de burnout, um dos primeiros passos a dar é mesmo consultar um psicólogo. Este profissional é capaz de ajudar a desenvolver estratégias de regulação emocional e autocuidado que contribuem para uma melhor gestão da ansiedade e do stress e para um equilíbrio mais eficaz entre a vida pessoal e profissional.
Se tem uma profissão particularmente desgastante, um psicólogo pode ter um papel relevante, na medida em que pode ajudá-lo a criar um ambiente de trabalho psicologicamente saudável, auxiliando-o a:
- ganhar competências de comunicação e de liderança;
- estar mais envolvido e equilibrado;
- ter momentos de pausa e de descanso;
- desenvolver e a crescer pessoal e profissionalmente;
- garantir a sua saúde física e mental;
- reconhecer os seus contributos para o bom funcionamento da empresa.
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Sinais de alerta
Antes de atingir um estado de burnout, há sinais que vão indicando a sua proximidade. É fundamental que esteja atento a alguns sinais de alerta, como exaustão e esvaziamento emocional, desgaste da empatia e perda do sentimento de compaixão.
Se reúne os seguintes sintomas, é sinal de que já pode estar em burnout. Tome nota dos sinais de alerta:
- Sentir menor realização profissional e tender a avaliar negativamente tudo aquilo que está relacionado com o seu trabalho;
- Sentir menos motivação, propósito, envolvimento e dedicação ao seu trabalho;
- Sentir mais fadiga, dores musculares e/ou enxaquecas, alterações no seu sono e nos seus níveis de tensão arterial;
- Não se sentir tão bem, nem tão satisfeito com a vida em geral;
- Não conseguir manter boas relações sociais e familiares.
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Fatores de risco do burnout
Além do tipo de atividade profissional poder potenciar o surgimento de situações de burnout, há alguns fatores de risco que o tornam ainda mais provável. Se reúne os seguintes fatores, significa que está em maior risco de vir a sofrer de burnout. Tome nota dos principais fatores de risco:
- Ter uma carga de trabalho superior à sua capacidade de resposta;
- Sentir falta de autonomia e de controlo sobre as suas tarefas e a organização do seu trabalho;
- Sentir-se pouco motivado para as tarefas a executar;
- Estar responsável por fazer tarefas perigosas ou de grande exigência emocional;
- Ter horários de trabalho por turnos ou contínuos, superiores a oito horas por dia;
- Ter poucas pausas para descanso, ou nenhuma, durante o horário de trabalho;
- Viver conflitos e uma má relação com os seus colegas ou superiores hierárquicos;
- Sentir dificuldade em equilibrar a sua vida pessoal e profissional;
- Sentir-se incapaz de separar os seus problemas pessoais do trabalho.
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Como prevenir o burnout
O burnout pode ser evitado. Para isso, deve adotar algumas medidas essenciais, tais como:
- Aproveitar pequenos momentos, usando as suas tarefas banais do dia a dia, como cozinhar ou tomar banho, para pensar e controlar as suas emoções. Ganhe consciência de si, do seu corpo e da sua respiração e adquira mais tranquilidade;
- Falar sobre o que sente é importante. Ter consciência e falar sobre as suas emoções e sentimentos, de modo a conseguir geri-las da melhor forma, é fundamental;
- Pensar, escrever ou partilhar é uma tríade de ações que deve funcionar como um ritual diário através do qual deve expor, mais uma vez, aquilo que sente, podendo também destacar as coisas boas da sua vida;
- Pedir ajuda, se todas estas medidas se revelarem infrutíferas. Nesses casos, não deve hesitar em pedir ajuda a um profissional habilitado, como um psicólogo ou psiquiatra, de modo a aprender a combater sentimentos de ansiedade e de exaustão.
Baixa médica em casos de Burnout
A partir do momento em que o burnout entrou oficialmente na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde (OMS), quem sofre desta doença pode beneficiar do Certificado de Incapacidade Temporária para o trabalho (CIT), a vulgarmente chamada “baixa médica”.
O CIT pode ser emitido pelas seguintes entidades:
- Centros de saúde do SNS
- Serviços de Atendimento Permanente (SAP)
- Hospitais (exceto serviços de urgência)
- Serviços de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência
Os valores a receber podem corresponder a 55% a 70% da remuneração de referência, durante 365 a 1095 dias.
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Consequências do burnout
Se os sintomas de burnout são bem reais, não são menos reais as suas consequências negativas. Em termos profissionais, pode ser causa de absentismo, perda de produtividade ou redução do envolvimento com o trabalho. A nível pessoal, pode interferir negativamente no bem-estar e nas relações sociais e familiares.
Além disso, o burnout pode provocar outros problemas de saúde, como distúrbios alimentares e do sono; doenças cardiovasculares, músculo-esqueléticas e autoimunes; perturbações mentais e psicológicas (ansiedade, depressão, alcoolismo ou suicídio).
Geralmente, as manifestações de burnout influenciam negativamente as pessoas à volta, especialmente os colegas de trabalho, aumentando a tensão psicológica e reduzindo a qualidade dos serviços prestados.
Custos económicos
Todas as doenças têm custos económicos associados. No nosso país, acredita-se que o stress e o burnout custem, anualmente, cerca de 3,2 mil milhões de euros às empresas.
Em termos pessoais, estes custos podem traduzir-se em perdas de salário e em despesas com consultas e tratamentos. Já ao nível das empresas, os danos podem traduzir-se em absentismo, erros e acidentes de trabalho ou diminuição da produtividade.
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Qual é a opinião dos especialistas?
Em 2019, a Organização Mundial de Saúde incluiu o burnout na Classificação Internacional de Doenças, mais exatamente na secção consagrada aos "problemas associados" ao emprego e desemprego.
Os especialistas consideram o burnout um problema de saúde pública. Por esse motivo, acreditam ser fundamental prevenir e intervir nos contextos de trabalho, cujos profissionais estão sujeitos a mais pressão ou stress.
Seguir as medidas de prevenção da doença - e procurar ajuda sempre que sinta que não o consegue fazer sozinho - são passos essenciais para combater o burnout.
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