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O que distingue o mercado a contado e o mercado de derivados?

O Banco e Eu

Antes de lançar-se no mundo dos investimentos em capital, perceba as reais diferenças entre os dois espaços de negociação. 15-10-2020

Mercado a contado ou de derivados? Para quem deseja investir na bolsa é essencial conhecer as características de cada um.

O mercado a contado e o mercado de derivados são duas opções de investimento na bolsa. De uma forma resumida, podemos dizer que o mercado a contado – também chamado mercado à vista ou spot – integra ações, obrigações, certificados, warrants e Exchange Trading Funds (ou ETFs). Ou seja, transaciona os produtos financeiros mais comuns.

No mercado de derivados são negociados, por exemplo, os contratos de futuro e de opções. O funcionamento deste mercado – e até devido ao tipo de produtos envolvidos – é mais complexo e pode exigir um conhecimento mais profundo do sistema financeiro.

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O que é o mercado a contado?

Neste tipo de mercado, as operações são liquidadas de uma forma quase imediata. A designação de mercado à vista vem do tempo das bolsas de mercadorias e referia-se às transações em que o pagamento era feito e a mercadoria imediatamente entregue.

Na negociação na bolsa, as transações não são pagas tão rapidamente, mas a liquidação é feita, normalmente, no prazo de três dias úteis. Ora, sendo este pagamento mais rápido do que noutros mercados, pode dizer-se que é praticamente um “pagamento à vista” e daí a designação.

Neste mercado, são negociados valores mobiliários como ações, obrigações, títulos de participação, unidades de participação em fundos de investimento, unidades de titularização de créditos, warrants autónomos, direitos destacados de valores mobiliários, certificados, valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis, valores mobiliários convertíveis por opção do emitente (reverse convertibles), valores mobiliários condicionados por eventos de crédito (credit linked notes).

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Pode conhecer mais detalhes sobre as diferenças entre os dois mercados no Guia dos Valores Mobiliários, elaborado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e disponível no portal Todos Contam.

O Eurolist by Euronext Lisbon é o principal mercado a contado em Portugal.

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Tipos de Negociação

O mercado a contado carateriza-se por dois tipos de negociação:

  • Na negociação em contínuo, as cotações vão sofrendo alterações constantes, decorrentes da interação entre as ofertas de compra e de venda. As ofertas com melhor preço têm prioridade sobre as outras e, caso existam duas ordens com o mesmo preço, é prioritária a que é transmitida em primeiro lugar.
  • Na negociação em chamada, as ofertas são agrupadas e só são negociadas em determinados momentos da sessão da bolsa. A ideia é transacionar a maior quantidade e permitir que exista uma variação de preço menor em relação ao fecho da sessão anterior.

 

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O que é o mercado de derivados?

 
A designação ajuda já a perceber qual o conceito deste mercado: isto é, o valor deste produto financeiro depende do preço de outro ativo, que pode ser, por exemplo, matérias-primas, divisas (como é caso do chamado mercado Forexou taxas de juro). 

Assim, num mercado de derivados são negociados produtos financeiros que, contrariamente ao que acontece no mercado a contado, não são pagos no momento da transação, mas mais tarde. Isto é, posso celebrar um contrato hoje, mas a transação é feita mais tarde e paga nesse momento.

Outra das grandes diferenças em relação aos mercados a contado é que a negociação de derivados implica um risco maior para o investidor. Exige, por isso, um maior grau de literacia financeira.

A rentabilidade é um dos atrativos, mas como permite alavancagens – ou seja, investir mais do que se tem – caso algo corra menos bem, os prejuízos podem também ser maiores do que o capital investido.

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Futuros e opções

Estes são dois dos produtos mais comuns negociados no mercado de derivados. Num contrato de futuros, é acordado um preço para um produto ou ativo numa transação a realizar no futuro. Por exemplo, imagine um lote de ações com uma cotação de um euro. Pode assinar um contrato de futuros comprometendo-se a vendê-las, dentro de um ano, a 1,10€. Assim, estará a precaver-se contra uma eventual descida da cotação.

Se outro investidor estiver a prever uma subida dessas ações – para, por exemplo, 1,20€, pode fazer um contrato para as comprar a 1,10€. Se a sua expetativa se confirmar, vai poupar 0,10€ em cada ação. 

Outra das vantagens é que, ao assinar este contrato, o investidor não tem de pagar imediatamente o valor negociado, mas apenas um depósito de uma margem junto do banco ou corretor que é o seu intermediário financeiro.

Em Portugal, pode fazer contratos de futuros sobre o PSI 20 e sobre as 12 ações que representam o capital de 12 emitentes que integram esse índice.

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Já as opções, embora sejam também contratos em que alguém adquire o direito de comprar ou de vender um ativo, têm outras regras. Imaginemos o mesmo lote de 100 ações, com o mesmo valor. Pode fazer um contrato que lhe conceda o direito de vender, dentro de um ano, a 1,10€. Se o valor se mantiver ou descer, pode vender. No entanto, se a cotação subir, tem a opção de não as vender a esse preço e de as negociar na bolsa, ganhando assim mais dinheiro.

Se estiver na posição de um comprador, e no caso da descida do valor das ações, poderá optar por não comprar. 

Assim, a principal diferença entre os futuros e as opções é a fixação de obrigações para as partes. Enquanto nos futuros ambos assumem uma obrigação, numa opção há apenas o direito de comprar e vender, sendo possível desistir.
 

O que é o Rulebook?

No Rule Book da Euronext Lisbon, a bolsa de valores nacional regulamenta a negociação de todos os valores mobiliários cotados nos mercados a contado e de derivados. Este “livro de regras” contém todas as regras para o funcionamento destes mercados, incluindo regras de conduta, de negociação e de admissão.

 

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Há outros instrumentos financeiros?

Além dos valores mobiliários e dos futuros e opções, existem produtos financeiros ainda mais complexos, que juntam características destes produtos tradicionais, mas também de depósitos bancários estruturados e seguros. Pela sua complexidade, estes investimentos exigem um maior conhecimento do mercado.

 

Qual o mercado que mais dinheiro movimenta?

De acordo com os dados da CMVM, no segundo trimestre de 2020, o mercado a contado teve transações no valor de 33.688,2 milhões de euros, o que representa um crescimento de 4,6% em relação ao trimestre anterior e mais 54,7% do que no mesmo período de 2019. Já o mercado de derivados representou, no mesmo período, 33.202,3 milhões de euros (isto é, mais 29,7% do que no anterior trimestre e menos 16,6% em comparação com o mesmo período de 2029).

 

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