Hortas comunitárias

Hortas comunitárias: um espaço para alimentos saudáveis

Sustentabilidade

Aqui as artes tradicionais de cultivo integram a vida urbana e trazem relaxamento e os bons hábitos para uma alimentação sadia. 28-12-2021

Tempo estimado de leitura: 7 minutos

 

Sabe o que são hortas comunitárias? E como pode aderir a estes programas municipais? Procuramos ajudá-lo a perceber melhor esta iniciativa.

As hortas comunitárias são espaços destinados ao cultivo de produtos biológicos, saudáveis e que podem ser produzidos por qualquer pessoa.

A maioria é promovida pelos municípios portugueses, mas há também projetos de hortas urbanas desenvolvidos por outras entidades públicas e privadas, incluindo por empresas.

Por um lado, contribuem para moldar a paisagem urbana, requalificando espaços desocupados ou abandonados. Por outro, promovem o contacto direto com a natureza, o sentido de comunidade e a partilha de conhecimento.

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Qual a importância das hortas comunitárias?

Um dos maiores desafios da humanidade nos próximos anos será o de garantir alimentos em quantidade suficiente para a população mundial. Uma população em crescimento exponencial e que se espera que atinja os 970 mil milhões em 2050, de acordo com a Organização das Nações Unidas.

    
As estimativas apontam ainda para que, por essa altura, quase 70% da população esteja a viver em áreas urbanas.

Neste contexto, e em particular nos países em desenvolvimento, a agricultura urbana apresenta-se cada vez mais como uma alternativa à produção de alimentos, contribuindo para uma melhor segurança alimentar.

Por cá, em muitas cidades, as entidades responsáveis pela gestão urbana estão a aproveitar terrenos desocupados para a criação de hortas comunitárias. Uma forma não só de preservar tradições ancestrais do cultivo da terra, mas também de requalificar espaços urbanos antes desaproveitados.

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As hortas urbanas são, desde logo, uma forma de as famílias produzirem os seus próprios alimentos, a menor custo. Em muitos casos, permitem também complementar o rendimento do agregado, com a venda dos produtos cultivados.

Como muitas das vezes o processo de atribuição dos terrenos está condicionado à utilização de fertilizantes biológicos, as hortas comunitárias ajudam a reduzir a poluição dos solos e a fertilizar os terrenos, graças ao recurso a resíduos orgânicos como forma de adubar as plantações.

Além disso, ajudam a reter a água das chuvas nos solos, contribuem para uma melhoria da qualidade do ar, e permitem combater as chamadas ilhas de calor. Este fenómeno climático ocorre sobretudo nas grandes cidades e caracteriza-se por um aumento da temperatura em relação às áreas rurais.

Alguns dos benefícios das hortas comunitárias

O crescente recurso a hortas urbanas traz algumas vantagens à sociedade moderna e, mais em particular, às famílias. Nomeadamente:

  1. Acesso facilitado a produtos frescos;
  2. Redução dos custos com a alimentação;
  3. Forma de complementar o rendimento familiar com a venda dos produtos cultivados em pequenos mercados de rua ou até diretamente a vizinhos e amigos ou outros familiares;
  4. Contacto com a natureza, em particular para as crianças e jovens, que podem assim experienciar uma relação que, no seu dia-a-dia, não é possível.
  5. Redução dos impactos de produtos tóxicos na alimentação, com benefícios para a saúde das famílias.

Numa sociedade com cada vez menos tempo para a interação fora do horário de trabalho, as hortas comunitárias podem ter um papel importante no fortalecimento de laços com outros produtores. Como o próprio nome indica, são espaços comunitários por excelência.

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Qual a realidade das hortas comunitárias em Portugal?

Ao longo das últimas décadas, várias autarquias portuguesas têm vindo a lançar programas de criação de hortas comunitárias, para uso e cultivo da população.

Um inquérito publicado ainda em 2017 pela Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável indicava que 59 municípios possuíam hortas comunitárias, num total de 69 hectares disponíveis para cultivo.

Em muitos municípios, as hortas são cedidas a título gratuito ou mediante o pagamento de um valor simbólico para atribuição do talhão.

No caso das autarquias, as inscrições estão limitadas aos residentes em cada concelho, em função do número de lotes disponíveis para cultivo. Os candidatos aprovados normalmente recebem formação em agricultura biológica e compostagem. Para o cultivo dos produtos é-lhes disponibilizada água, um compostor e um espaço comum para guardar as ferramentas. 

Se tem vontade de aderir a uma horta comunitária, informe-se junto dos serviços municipais da autarquia onde reside. Será sempre o local para saber sobre a existência destes espaços, sobre o que fazer para usufruir e ali dar os primeiros passos como agricultor urbano.

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Alguns exemplos de hortas comunitárias

As políticas governamentais de apoio à sustentabilidade ambiental, aliadas a uma maior consciência social para esta temática, têm conduzido ao aparecimento de várias iniciativas de hortas urbanas desenvolvidas por entidades públicas e privadas.

A LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto,  por exemplo, tem um projeto, em coordenação intermunicipal, de gestão e atribuição de talhões agrícolas para o cultivo particular.

Algumas autarquias, como é o caso do Porto, Guimarães ou Seixal têm também projetos de hortas pedagógicas, que permitem aos alunos das escolas do concelho o contacto com os ciclos naturais da agricultura, ao mesmo tempo que sensibilizam para a importância do património natural.

Existem ainda empresas, como a startup Noocity, que desenvolvem produtos e serviços para a prática da agricultura urbana em contexto doméstico, escolar ou até mesmo corporativo.

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