Preparámos um breve guião sobre os conceitos que precisa dominar para investir na Bolsa de Valores.
Em termos simples, a Bolsa de Valores é o mercado onde os investidores negoceiam ações de empresas ou outros títulos financeiros. Para aprender a investir é necessário, numa primeira fase, dominar os conceitos associados a este mercado. Sem isso corre o risco de tomar decisões pouco informadas.
Se é um investidor principiante, o nosso conselho é que procure o seu gestor de conta ou um consultor financeiro que o possam aconselhar sobre as diversas opções de investimento. Quanto aos termos e conceitos associados às formas de investimento em Bolsa, este guião pode dar-lhe uma ajuda.
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Glossário de termos e conceitos para principiantes: dominar a linguagem para melhor investir
De entre os vários títulos financeiros (ou ativos) existentes, os mais comuns são as ações e as obrigações.
- Ações: são títulos financeiros que dão ao seu comprador o direito de participar no capital social de uma empresa, tendo em consideração a percentagem do capital e o tipo de ações que detém.
Em termos mais simples, a partir do momento que compra uma ação tornar-se-á sócio de uma empresa e passa a ter uma participação quer nos seus lucros (através do recebimento de dividendos), quer nos seus prejuízos. Terá ainda direito de voto nas assembleias gerais e à quota-parte do capital próprio em caso de liquidação da sociedade.
O mercado de ações é supervisionado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
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O que significa ser cotada em Bolsa?
Por norma, as empresas recorrem à Bolsa de Valores para financiar o seu crescimento. Isto é, em vez de recorrer ao crédito bancário, tentam captar recursos, dividindo o seu capital social em diversas unidades para venda.
Cada uma destas unidades é adquirida em forma de ações pelos investidores. As ações, por sua vez, têm um valor monetário, denominada cotação, que não é fixo. Varia de acordo com o número de investidores interessados.
A primeira motivação das empresas quando decidem entrar em bolsa é obter capitais. Além do encaixe em capitais próprios, a cotação permite diversificar as fontes de financiamento.
Mais, o estatuto de empresa cotada reforça a credibilidade da entidade perante instituições financeiras e geralmente permite aceder a condições de empréstimo mais favoráveis.
- Obrigações: são títulos representativos da dívida de uma empresa, do Estado ou de entidades públicas e privadas. Por outras palavras, as obrigações representam um empréstimo que é contraído junto dos investidores pela empresa/ entidade que emite as obrigações.
Ao adquirir obrigações de uma determinada empresa/entidade tornar-se-á credor dessa empresa.
Tome Nota:
De acordo com a CMVM, uma emissão de obrigações deve fixar:
- o valor nominal, que corresponde ao valor que será reembolsado no final do prazo;
- o prazo do empréstimo e, por conseguinte, a maturidade das obrigações;
- a existência e periodicidade do pagamento de juros;
- a taxa de juro aplicável, fixa ou variável.
As obrigações podem assumir diversas modalidades:
- com juro suplementar ou prémio de reembolso, fixo ou dependente dos lucros da sociedade;
- com juro e plano de reembolso, dependentes e variáveis em função dos lucros;
- convertíveis em ações;
- com direito de subscrição de uma ou mais ações, também chamadas obrigações com warrants;
- com prémio de emissão.
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Os índices bolsistas mais importantes do mercado:
- Euro Stoxx 50: é o índice de referência da Zona Euro. Criado em 26 de fevereiro de 1998, atualmente, conta com 50 empresas de oito países, nomeadamente: França (18), Alemanha (13), Espanha (6), Itália (5), Países Baixos (5), Bélgica (1), Luxemburgo (1) e Irlanda (1);
- DAX (Deutscher Aktienindex): introduzido a 1 de julho de 1988, é o mais importante índice alemão de ações. Mede o desempenho das 30 maiores e mais líquidas empresas da bolsa de valores alemã;
- S&P 500 (Standard & Poor’s 500): é um dos índices bolsistas mais importantes dos Estados Unidos da América. Inclui as 500 maiores empresas do país e é considerado o índice mais representativo da situação real do mercado porque ignora o efeito da distribuição de dividendos;
- Dow Jones: o Dow Jones é constituído por quatro índices. Mas quando se fala em Dow Jones estamos a falar do Dow Jones Industrial Average (DJIA), que é o mais importante de todos. Reflete o comportamento do preço da ação das 30 companhias industriais mais importantes e representativas dos Estados Unidos. Os restantes três são o Dow Jones Utility Average (DJUA), que inclui 15 empresas de gás e energia elétrica; o Dow Jones Transportation Average (DJTA), que inclui as 20 maiores empresas de transporte e distribuição e o Dow Jones Composite Average (DJCA), que mede o desempenho das ações de 65 companhias dos outros três índices Dow Jones.
- NASDAQ Stock Market ou simplesmente NASDAQ (National Association of Securities Dealers Automated Quotations): índice norte-americano que inclui mais de 2 800 ações de diferentes empresas de alta tecnologia em eletrónica, informática, telecomunicações, biotecnologia, entre outras.
- Nikkei: o índice bolsista mais popular do mercado japonês. A maior participação do índice Nikkei pertence a 66 empresas industriais, 50 empresas de consumo cíclico e 24 empresas financeiras. A lista das empresas que o compõe é revista anualmente em outubro.
Tome Nota:
O PSI 20 (Portuguese Stock Index) é o índice que agrega as 20 maiores empresas cotadas na Euronext Lisboa SGMR S.A (que gere a Bolsa de Valores Portuguesa). Isto, apesar de, neste momento, apenas constarem 18 empresas. É o índice de referência do mercado nacional de capitais.
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Mercado primário e mercado secundário
O mercado de capitais está dividido entre mercado primário (ou mercado de novas emissões) e mercado secundário. No primeiro, faz-se a primeira negociação, de ações e obrigações, de uma empresa. Ou seja, é no mercado primário que os valores mobiliários são emitidos por uma empresa (que tem de ser uma sociedade anónima de capital aberto) e oferecidos à subscrição dos investidores que os queiram adquirir. Este processo denomina-se oferta pública inicial (IPO).
No mercado secundário, as ações passam a poder ser transacionadas entre investidores, não havendo qualquer intervenção da empresa que cedeu parte do seu capital social. A Bolsa de Valores é onde se realizam as transações do mercado secundário.
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O que é uma ordem de bolsa?
Uma ordem na bolsa é um pedido formal a um corretor ou intermediário financeiro para comprar ou vender uma ação ou conjunto de ações.
Os dois tipos de ordens bolsistas mais importantes são: ordem de mercado (o investidor não necessita de indicar o preço, tem como referência o preço fixado pela bolsa nesse momento), e ordem limitada (o investidor limita o preço máximo ao qual pretende comprar ações, ou limita o preço mínimo ao qual pretende vendê-las).
Há ainda outros tipos de ordem, nomeadamente:
- Ordem à abertura: ordem para execução no momento de abertura do mercado;
- Ordem ao melhor: ordem executada ao melhor preço disponível no momento. Se não satisfazer o total da nossa ordem, só será executada parcialmente);
- Ordem com Stop: a ordem só é emitida quando a cotação chega ao preço que se determinou. Só nessa altura é convertida em ordem de mercado;
- Ordem Stop-Limitada: a ordem só é emitida quando a cotação chega ao preço que se determinou. Só nessa altura é convertida em ordem limitada;
- Stop Dinâmico: neste tipo de ordem, o preço do Stop move-se de forma paralela ao preço da coração, se o movimento é favorável, e mantém-se quieto se é desfavorável;
- Ordem GTC (Good Till Cancelled): significa ordem boa até ser cancelada, ou seja, a ordem mantém-se ativa até que seja cancelada;
- Ordem GFD (Good for the day): a ordem mantém-se ativa até o final do dia em que foi dada. Caduca automaticamente se não for executada nesse dia;
- Ordem OCO (Order cancels other): é uma mistura de duas ordens. Por exemplo, ordem limitada e ordem com Stop. Se uma é executada, a outra cancelar-se-á automaticamente.
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Bull Market vs Bear Market
Bull Market e Bear Market representam tendências opostas no mercado.
- O Bull Market refere-se ao momento em que o mercado está em alta, em ascensão. Os investidores estão otimistas e continuam a comprar ações. Quando o preço das ações tende a subir, a economia de um país tende a estar mais robusta.
- O Bear Market refere-se ao momento em que o mercado está em baixa, em que se verifica a queda do preço das ações. Os investidores estão pessimistas e começam a vender ações. Esta descida de preços pode indiciar que a economia de um país está mais frágil.
Quando o mercado está em alta há mais procura do que oferta. Ou seja, há muitos investidores a querer comprar ações, mas poucos dispostos a vender. Por esta razão, o preço das ações sobe. Quando está em baixa, há mais oferta do que procura. Há mais investidores a querer vender do que a comprar e, por essa razão, o preço das ações baixa.
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Cuidados a ter antes de investir na Bolsa de Valores
- Invista primeiro na sua literacia financeira;
- Conheça em detalhe o produto em que vai investir;
- Procure saber mais detalhes sobre as empresas em que vai investir, quais as expectativas de evolução do negócio;
- Procure diversificar os seus investimentos. Não ponha todos os ovos no mesmo cesto;
- Procure investimentos adequados ao seu perfil de risco;
- Nunca se endivide para investir na bolsa.
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