Mais tempo por casa, pode tanto representar mais despesas como uma oportunidade acrescida de poupança. Conheça estratégias para poupar durante o confinamento.
Perante a incerteza económica provocada pela crise pandémica, a poupança reveste-se de uma nova importância - seja para acautelar uma eventual situação de corte de rendimentos ou mesmo uma situação involuntária de desemprego.
Muitas famílias estão a aproveitar o facto de estarem mais tempo por casa para descobrir novas formas de poupar e assim conseguir alguma folga orçamental. Nomeadamente, perante um cenário inesperado e urgente. Se é certo que algumas despesas foram drasticamente reduzidas (nas deslocações para o trabalho ou nas refeições fora de casa, por exemplo), outras despesas domésticas podem ter aumentando.
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Mas, entre todas as despesas mensais, quais são as que poderão efetivamente obter uma maior poupança? Isto, considerando que poupar no confinamento pode não significar apenas amealhar dinheiro. Como escolher a melhor forma de poupança? Isto é, como tornar a poupança produtiva, mais rentável?
As previsões económicas para o próximo ano
De acordo com as Previsões Económicas Mundiais divulgadas em outubro pelo Fundo Monetário Internacional (FMI),o Produto Interno Bruto (PIB) da Zona Euro deverá cair 8,3% em 2020 e subir 5,2% em 2021. No que respeita ao desemprego, estima-se uma taxa de 8,9% em 2020 e uma subida para 9,1% em 2021. Já a taxa de inflação deverá ser de 0,4% em 2020 e de 0,9% em 2021.
Para Portugal, o FMI prevê uma recessão mais profunda, na ordem dos 10% do PIB, sendo que, para 2021, espera que a economia portuguesa cresça 6,5%. A inflação deverá ficar em zero este ano, subindo, em 2021, para 1,1%. A taxa de desemprego, por sua vez, deverá disparar para 8,1% em 2020 e recuar para 7,7% no próximo ano.
Perante o cenário de recessão, o FMI indica que países mais pequenos e mais dependentes do turismo, como é o caso de Portugal, vão passar por uma situação mais difícil e alerta que haverá perda de condições de vida, com aumento da pobreza e das desigualdades.
Para os países mais endividados, admite que se aumente a progressividade dos impostos para fazer face ao cenário de recessão.
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Poupar no confinamento: estratégias para salvaguardar aforro e investir no futuro
1. Tenha no telemóvel um bom assistente de finanças pessoais
Se a tecnologia existe para facilitar a nossa vida e para automatizar processos, podemos fazer uso dela para nos ajudar a poupar tempo e dinheiro. Por isso, encontre uma boa app de finanças pessoais para ser o seu assistente digital.
Um bom assistente digital de finanças pessoais permitir-lhe-á, por exemplo, categorizar e definir limites para despesas, analisar a evolução dos gastos e ganhos e estabelecer metas de poupança para reforçar o seu fundo de emergência. Isto tudo, tendo uma visão integrada de todas as suas contas bancárias, mesmo que sejam de bancos diferentes.
No fundo, ajudá-lo-á a fazer o seu planeamento financeiro, um grande passo para o ajudar a reduzir a despesa e a aumentar a poupança.
Tome Nota:
A título de exemplo, a App Dabox da Caixa Geral de Depósitos pode ser o Personal Trainer financeiro de que precisa para tomar melhores decisões financeiras e, por conseguinte, poder facilitar o seu esforço de poupança para um fundo de emergência.
2. Reavalie os seguros e o crédito habitação
O pior inimigo da poupança é a inércia. Impede-nos de tomar decisões de consumo e de poupança mais racionais. Por exemplo, no que toca a seguros, temos por hábito adiar a análise das apólices ou mesmo a decisão de trocar de seguradora para a data de vencimento dos seguros.
Agora que tem uma maior disponibilidade, avalie a sua carteira de seguros. Dada a oferta existente, é bem provável que encontre outras seguradoras que lhe permitam poupar algumas dezenas de euros por mês, e pelas mesmas coberturas que tem atualmente. Este é um montante que rapidamente pode transformar-se em poupanças anuais significativas. Comece por analisar especialmente o seguro saúde, e o seguro de vida do seu crédito habitação.
Aproveite também para pesquisar se há bancos a oferecer melhores condições relativamente à taxa de spread do crédito habitação. Pode fazer a transferência de crédito e reduzir a prestação mensal do crédito habitação.
Criar um lembrete no telemóvel para fazer esta reavaliação periódica poderá incentivá-lo a manter-se atento às ofertas de mercado e, sobretudo, mais focado nas suas metas de poupança.
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3. Reveja subscrições de serviços e renegocie despesas fixas
Deve-se aplicar o mesmo princípio da revisão periódica das apólices de seguros à revisão de contratos de serviços, sobretudo agora que as despesas domésticas têm tendência para aumentar.
Quer se trate de empresas de fornecimento de eletricidade e de gás natural, quer se trate de operadoras de telecomunicações, de serviços streaming ou de mobilidade partilhada, se encontrar mais barato, mude. Nem que seja por uma diferença mensal de poucos euros. Poupar 2 euros ou 20 euros é sempre poupar.
Há ainda a possibilidade de renegociar o seu contrato, caso não queira mudar de empresa fornecedora de serviço. No caso do seu operador de telecomunicações, pode negociar um desconto na fatura, mesmo que isso implique aumentar o seu período de fidelização. Verifique também se não está a pagar por algum serviço que não utiliza e aproveite para cortar esse custo. Não se esqueça que cada euro poupado pode reforçar o seu fundo de emergência.
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4. Venda o que não precisa
Durante a quarentena e, agora, com o confinamento parcial com certeza que dedicou algum tempo a organizar armários e encontrou uma série de artigos que já não usa. Aproveite, então, a oportunidade para vendê-los online em plataformas de segunda mão, tais como OLX, eBay, Facebook Marketplace, CustoJusto ou Fnac Marketplace.
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5. Pague as dívidas do cartão de crédito com o que não gasta mensalmente
Se já tem assegurado um fundo de emergência que suporte as suas despesas correntes durante, pelo menos, seis meses, canalize o dinheiro que não está a gastar durante o confinamento para, por exemplo, abater as dívidas do cartão de crédito.
Recorde-se que as despesas com juros de mora e comissões por recuperação de valores em dívida, no caso de atrasos nos pagamentos, podem exercer alguma pressão no seu orçamento. Tente livrar-se mais rapidamente destes custos.
Já agora, aproveite para conferir a taxa de juro que lhe está a ser aplicada ao montante em dívida no seu cartão de crédito. Trimestralmente, o Banco de Portugal fixa a taxa máxima de crédito aplicável aos contratos de crédito a consumidores (cartões de crédito). Para o 4º trimestre de 2020 a taxa é de 15,3%. Caso o emissor do seu cartão esteja a cobrar um valor acima deste, solicite redução da taxa.
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6. Diversifique os seus investimentos
As boas práticas de finanças pessoais sugerem que devemos aplicar as economias destinadas ao fundo de emergência em produtos financeiros que sejam rapidamente mobilizáveis. Isto, ainda que as taxas de juro não sejam as mais atrativas. O objetivo de um fundo de emergência não é a rendibilidade mas, sim o fácil acesso ao dinheiro perante um contratempo financeiro.
Se este fundo já está assegurado, numa conta-poupança ou num depósito a prazo, o nosso conselho é que diversifique as restantes poupanças em produtos com maior rendibilidade, como é o caso, por exemplo, dos fundos de investimento, seguros financeiros ou mesmo obrigações.
O QUE A CAIXA PODE FAZER POR SI?
Aceder ao resultado de uma poupança envolve um passo inicial. Há que saber onde aplicá-la. A Caixa Geral de Depósitos pode ajudá-lo com soluções para vários perfis e objetivos.
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Mais do que aprender a poupar, também é necessário aprender a investir, dado que ter o dinheiro parado significa, literalmente, perder dinheiro. Tenha apenas em atenção que estes produtos financeiros estão sujeitos a algum nível de risco, podendo não ter capital garantido. Por isso, antes de investir informe-se devidamente sobre as suas caraterísticas e aconselhe-se junto do seu gestor de conta.
Mais dicas para poupar
- Se está em regime de trabalho remoto, procure espaços com boa luz natural. Assim, evita ter de acender as luzes durante o dia;
- Este também pode ser um bom momento para investir em lâmpadas LED, que podem representar uma poupança significativa na conta da luz;
- Evite a tentação de deixar a televisão ligada como “companhia” durante o dia;
- Não deixe os computadores, tablets, portáteis ou telemóveis a carregar sem necessidade;
- Reveja a sua inscrição no ginásio. Se agora vai menos vezes, pode tentar reduzir o valor que paga de mensalidade. E caso não se sinta seguro, cancele a inscrição e opte por atividades físicas ao ar livre ou vídeo aulas;
- Agora que está mais tempo em casa, planeie as refeições de forma a poupar tempo na cozinha, mas também dinheiro. Para não perder tempo durante o horário de trabalho, prepare o jantar já a pensar no almoço do dia seguinte;
- Fuja do facilitismo das apps de entrega e defina, de acordo com o seu orçamento, quantas vezes por mês é que vai pedir delivery
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