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As mais diversas opções de fast fashion a preços mais acessíveis têm resultado num aumento significativo da produção de vestuário assim como no descarte inadequado de peças de roupa.
Para contrariar esta tendência e preservar o meio ambiente, surge a moda circular que procura a redução do desperdício e a reutilização de recursos em todas as etapas do ciclo de vida dos produtos têxteis. Aqui se incluem a indústria e os processos de fabricação.
O potencial poluidor da moda
Na União Europeia (UE), a quantidade de roupa comprada por pessoa aumentou 40% nas últimas décadas devido à queda de preços e à velocidade com que aparecem e desaparecem as tendências da moda. Considerando o consumo da UE, o vestuário representa entre 2% e 10% do total do impacto ambiental.
A indústria têxtil é um setor com grande potencial poluidor porque a produção de roupas requer grandes quantidades de água, produtos químicos e energia.
Os consumidores também contribuem para o aumento da pegada ambiental. Nomeadamente, devido à água, energia e produtos químicos usados na lavagem, sem esquecer o microplásticos que são libertados para o meio ambiente neste processo.
O que podemos então fazer para resolver estas questões e tornar a indústria da moda mais sustentável? O aluguer de roupas, a moda circular e a slow fashion são algumas das propostas.
Reduzir os resíduos têxteis na União Europeia
Reduzir os resíduos têxteis na União Europeia
Em março de 2022, no âmbito do Plano de Ação para a Economia Circular, a Comissão Europeia divulgou uma nova estratégia para enfrentar o problema da moda efémera, estimular a inovação no setor e, assim, tornar o setor têxtil mais durável, reparável, reutilizável e reciclável.
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Como funciona a economia circular na indústria têxtil?
Segundo a Agência Europeia do Ambiente, considerando o ciclo de vida global, o consumo de têxteis na Europa foi a quarta maior causa dos efeitos negativos ambientais e alterações climáticas, depois da alimentação, da habitação e da mobilidade.
A mudança para um sistema circular de produção e consumo de têxteis com uso mais prolongado, maior reutilização e reciclagem, associados a uma redução do consumo em geral, pode ajudar a reduzir aqueles efeitos.
Uma medida fundamental para que tal aconteça é odesign ecológico de produtos que assenta num modelo circular, em que se economiza e recicla ao máximo os recursos naturais. Isto permite melhorar a durabilidade e reciclabilidade dos produtos, além de garantir a utilização de materiais reciclados em produtos novos.
Impacto da indústria têxtil no ambiente:
- Em 2015, à escala global, a indústria têxtil consumiu 79 mil milhões de metros cúbicos de água;
- Estima-se que a indústria têxtil seja responsável pela poluição de cerca de 20% da água potável em todo o mundo;
- Cerca de 10% das emissões mundiais de gases com efeito estufa têm origem na produção do vestuário e calçado;
- A nível mundial, menos de 1% do vestuário é reciclado. Na Europa, em 26 kg de produtos têxteis consumidos, 11 kg são deitados fora. Do vestuário usado, 87% é incinerado ou vai parar a aterros;
- Em Portugal, aproximadamente 200 toneladas de roupas são descartadas anualmente, enviadas para aterros sanitários ou incineradas. Essa quantidade representa cerca de 4,65% de todos os resíduos produzidos no país, o que equivale a quase cinco milhões de toneladas.
Saiba mais no portal do Parlamento Europeu
A economia circular na indústria têxtil é, assim, uma abordagem que procura minimizar o desperdício e maximizar a reutilização de recursos em todas as etapas do ciclo de vida dos produtos têxteis, desde a matéria-prima até o descarte final.
O objetivo é manter os materiais e produtos em utilização pelo maior tempo possível, reduzindo a extração de recursos naturais e a produção de resíduos.
O QUE A CAIXA PODE FAZER POR SI?
A estratégia de Sustentabilidade da Caixa Geral de Depósitos contempla a adaptação às alterações climáticas e a ecoeficiência das suas atividades – com particular foco numa oferta sustentável, nomeadamente no que diz respeito à descarbonização e economia circular.
Saiba Mais Aqui
Tome Nota:
Em Portugal, há um crescente interesse em práticas mais sustentáveis na indústria têxtil, incluindo a adoção de moda circular. Algumas marcas já adotaram práticas como a utilização de materiais reciclados ou orgânicos e a implementação de sistemas de reciclagem de roupas. Existem incentivos para a adoção de práticas sustentáveis que pode conhecer no portal do IAPMEI.
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O que podem fazer os consumidores?
Para converter a indústria têxtil em Portugal ao modelo circular, é necessário que todos estejamos conscientes da importância da moda sustentável. Isto acelerará a adoção de práticas mais sustentáveis em toda a indústria.
Cada pequena ação pode fazer a diferença para um futuro mais sustentável e, por isso, há algumas opções que pode adotar e contribuir para a economia circular, nomeadamente na indústria têxtil. Por exemplo:
- Comprar roupas em segunda mão;
- Doar ou vender roupas usadas;
- Escolher roupas de mais qualidade e maior durabilidade;
- Reparar roupas danificadas;
- Optar por marcas sustentáveis;
- Reciclar roupas que não têm arranjo.
A economia circular em diferentes indústrias
A economia circular é um conceito que, além do setor têxtil, pode ser aplicado a várias indústrias.
Alguns exemplos da economia circular a funcionar podem ser verificados na indústria de produtos eletrónicos, através da reparação e reutilização de dispositivos assim como na reciclagem de componentes eletrónicos no final da sua vida útil.
No setor automóvel, temos o exemplo das viaturas e peças recondicionadas.
Na área alimentar, a economia circular pode ser aplicada pela compostagem de resíduos orgânicos e da utilização de resíduos alimentares para produzir biocombustíveis ou fertilizantes.
Na indústria da construção, a utilização de materiais de construção reciclados e reutilizados, bem como o recurso a práticas de construção sustentáveis que minimizam o desperdício, são dois dos exemplos possíveis.
O objetivo comum a todos os setores e áreas é criar um sistema fechado e mais sustentável, onde os recursos são reutilizados, reciclados ou compostados para minimizar a necessidade de novos recursos e geração de desperdício. Cada um de nós tem um importante papel nesta consciencialização e transformação ecológicas.
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