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Imagine um universo virtual onde pode fazer quase tudo o que faz no seu dia a dia.Trabalhar, estudar, divertir-se com amigos, ir às compras ou ao cinema, ter uma casa.
Chama-se metaverso e, nos últimos anos, algumas plataformas têm vindo a fazer investimentos significativos para apelar a cada vez mais utilizadores. A par desta evolução, colocam-se questões relacionadas com a segurança e a proteção de dados. Será o metaverso o futuro da internet?
O que é o metaverso e como funciona?
O metaverso pode ser descrito como um ambiente digital coletivo, sustentado pela convergência de tecnologias que permitem experiências imersivas. Imagine um espaço virtual onde os utilizadores podem interagir, trabalhar, socializar e transacionar em tempo real, utilizando avatares digitais e economias virtuais.
O termo metaverso foi usado pela primeira vez em 1992 na obra de ficção científica Snow Crash, de Neal Stephenson. Hiro, o protagonista, usa o seu avatar para fazer compras, socializar e lutar contra os seus inimigos.
A expressão, com origem nas palavras "meta" (que pode ser traduzida do inglês como "transcendente" ou "mais abrangente") e "universo", passou a ser usada para designar um mundo virtual 3D que tenta replicar a realidade. Neste ambiente, através de avatares personalizados, é possível interagir e realizar uma série de atividades (trabalhar, ir às compras, assistir a um concerto, entre outros). A utilização de dispositivos de realidade virtual (RV) e de realidade aumentada (RA) pode tornar a experiência ainda mais real.
Apesar de o conceito ser definido por muitos como o "próximo capítulo da internet", os ambientes virtuais imersivos já tinham sido explorados em jogos como o Habbo ou o Second Life, nos anos 2000.
Em 2021, o termo acabou por ganhar outra dimensão, quando Mark Zuckerberg, cofundador do Facebook, mudou o nome da empresa-mãe desta rede social para Meta, anunciando que a empresa teria como objetivo principal construir um metaverso. Da Meta fazem parte o Facebook, o Instagram, o WhatsApp e a Oculus, uma empresa que produz óculos de realidade virtual.
O que são Tokens
Os tokens funcionam como fichas digitais (a representação digital de um ativo) que podem ser transacionadas entre utilizadores ou usadas para aceder a serviços específicos dentro de um ambiente digital. Existem dois tipos principais de tokens:
- Tokens fungíveis: podem ser trocados e têm o mesmo valor, como outras criptomoedas (por exemplo, Bitcoin ou Ethereum);
- Tokensnão fungíveis (NFT): são únicos e não intercambiáveis, usados para representar a propriedade de bens digitais específicos, como arte digital, músicas ou artigos no metaverso.
Alguns metaversos estão a criar ecossistemas financeiros virtuais, usando para isso tokens. Por exemplo, a MANA, que é o token usado na rede virtual Decentraland ou o SAND, o token da plataforma The Sandbox.
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Como aceder ao metaverso?
1. Existem diversas plataformas com acesso a mundos virtuais. Eis alguns exemplos:
- Second Life: foi uma das primeiras plataformas a recriar uma extensão do mundo real, onde os utilizadores podem, por exemplo, socializar, ir ao cinema ou participar em eventos virtuais;
- The Sandbox: um jogo que permite criar e explorar mundos virtuais, semelhante ao Minecraft. A plataforma tem o seu próprio token, utilizado nas transações que ocorrem dentro do ambiente;
- Decentraland: é uma das maiores plataformas de metaverso, baseada na Ethereum, onde os utilizadores podem comprar terrenos virtuais e investir em NFT.
2. Configure o equipamento: embora possa aceder a algumas destas plataformas através de computadores ou telemóveis, a experiência torna-se mais imersiva com a utilização de óculos de realidade aumentada ou de realidade virtual;
3. Crie uma conta: registe-se na plataforma que escolheu. Este passo geralmente implica a criação de um avatar que o vai representar no mundo virtual.
4. Explore e interaja: no metaverso pode socializar, participar em jogos, em eventos e até adquirir bens virtuais, como terrenos ou NFT (dependendo da plataforma).
Tome Nota:
Em plataformas como a Decentraland ou a Sandbox, as transações são realizadas com recurso a tokens, por isso vai precisar de uma carteira digital para comprar bens virtuais.
Metaverso nos últimos anos: quais as novidades?
Em 2024 a Meta anunciou a expansão das capacidades de IA no metaverso, incluindo a utilização do Llama 3.1, o seu modelo de linguagem, para melhorar traduções e o reconhecimento de imagens.
Uma das maiores transformações que o metaverso pode trazer, por exemplo para o setor financeiro, é a criação de economias digitais dentro destes ambientes virtuais. As criptomoedas e os tokens não fungíveis (NFT) já estão a ganhar tração como moedas correntes no metaverso.
De acordo com um relatório da PwC, estas tecnologias vão desempenhar um papel fundamental na economia do metaverso, permitindo que ativos digitais e contratos inteligentes sejam transacionados de forma segura e descentralizada.
Numa apresentação sobre o futuro dos serviços financeiros, o Banco de Portugal coloca o metaverso como uma das evidências concretas para novos mercados e nova economia. Descreve o metaverso como um espaço onde podemos fazer reuniões, aprender de forma mais prática e, entre outros, desenvolver uma nova economia dentro do mundo virtual, com compra e venda de produtos, imóveis, serviços ou arte digital, por exemplo.
São já muitas as experiências financeiras no metaverso. Apresentamos algumas pelo mundo:
- O banco HSBC já comprou terrenos virtuais na plataforma The Sandbox. Pretende lançar eventos e interações digitais com os clientes;
- O JP Morgan criou o Onyx Lounge na plataforma Decentraland, um espaço de aprendizagem sobre criptomoedas e blockchain, onde também é possível fazer transações;
- O CaixaBa, em Espanha, anunciou a criação de um espaço virtual com serviços digitais inovadores e experiências interativas para os seus utilizadores.
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Legislação e segurança no metaverso
A privacidade e a proteção de dados tornaram-se questões centrais no metaverso. A União Europeia avançou com a General Data Protection Regulation (GDPR) e o Digital Services Act (DSA), que se aplicam a ambientes digitais (incluindo o metaverso). Estes regulamentos procuram garantir que as empresas protegem adequadamente os dados dos utilizadores.
A moderação de conteúdos em tempo real é uma preocupação crescente, especialmente devido ao aumento da complexidade dos ambientes virtuais. Grandes empresas estão a adotar modelos de IA para moderar conteúdos e interações em larga escala, ajudando a diminuir questões como assédio roubo de identidade e discriminação.
Um dos maiores desafios do metaverso é a interoperabilidade entre plataformas, ou seja, a capacidade de mover avatares, objetos e dados de uma plataforma para outra sem limitações.
É nesse sentido que a Comissão Europeia, através do Digital Markets Act (DMA), está a trabalhar para garantir que as plataformas sejam interoperáveis, promovendo uma experiência contínua e justa para os seus utilizadores. Esta medida procura prevenir o monopólio de grandes empresas e garantir que o metaverso é acessível e seguro.
Marcas que já apostam no metaverso
Algumas marcas testam formas inovadoras de interagir com os consumidores no mundo digital:
- Nike: com a sua plataforma Nikeland, no Roblox, onde os utilizadores podem interagir e comprar artigos digitais;
- Gucci: a marca de luxo lançou o Gucci Garden, no Roblox, permitindo a compra de acessórios virtuais;
- Adidas: a marca está envolvida em projetos relacionados com NFT e desenvolveu algumas parcerias no metaverso;
- Coca-Cola: criou NFT e experiências de marca na plataforma Decentraland;
- Balenciaga: colaborou com o jogo Fortnite para lançar produtos digitais.
O QUE A CAIXA PODE FAZER POR SI?
Viver uma experiência no Metaverso é já uma realidade para a Caixa Geral de Depósitos. Sinta-se convidado a tirar o maior proveito do seu meta e entre no novo universo de oportunidades e desafios virtuais, mas também transversais. A jornada começa agora.
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O metaverso é realmente o futuro da internet?
O metaverso é visto como uma nova forma de interação online que pode revolucionar a forma como trabalhamos, socializamos e consumimos entretenimento. Grandes empresas tecnológicas, como a Meta e a Microsoft estão a apostar fortemente no desenvolvimento de plataformas de realidade virtual e aumentada.
Estas tecnologias, quando combinadas com blockchain, Inteligência Artificial (IA) e a Internet das Coisas (IoT), criam um ecossistema digital interativo e imersivo.
Tome Nota:
A Internet das Coisas (IoT) é uma tecnologia que conecta objetos da nossa rotina à internet, para que comuniquem e troquem dados.
De acordo com o World Economic Forum, o metaverso tem o potencial para ser a evolução natural da internet, permitindo novas formas de comunicação e de comércio digital, através de interoperabilidade entre plataformas.
Os desafios são substanciais. Destacamos os principais:
- A necessidade de regulação adaptada para proteção da privacidade dos utilizadores e para garantir a segurança digital;
- A acessibilidade continua a ser um problema. As tecnologias necessárias (como óculos de realidade virtual e de realidade aumentada) ainda não se vulgarizaram;
- A interoperabilidade entre plataformas;
- Os desafios legais em torno da propriedade intelectual;
- As crescentes preocupações com o uso indevido de dados;
- As questões relacionadas com as finanças digitais e a integração de NFT e criptomoedas, que podem dificultar uma adoção generalizada.
Embora o metaverso tenha potencial para ser uma parte importante do futuro digital, ainda é cedo para afirmar que substituirá ou que se tornará "o futuro da internet". O sucesso vai depender da resolução dos desafios técnicos, regulamentares e de acessibilidade assim como da aceitação do público em geral.
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A informação deste artigo não constitui qualquer recomendação, nem dispensa a consulta necessária de entidades oficiais e legais.