O cyberbullying é um crime que afeta cada vez mais gente - com algum destaque, crianças e jovens. Saiba o que é e como proteger e ajudar as vítimas desta agressão.
O cyberbullying é um crime de assédio, perseguição e agressão que aproveita as tecnologias digitais para atuar sobre as suas vítimas nomeadamente, ao tirar proveito da sua ingenuidade e de alguma impunidade que estes canais ainda permitem.
Pode ocorrer nas redes sociais, plataformas de mensagens, jogos ou mensagens de texto, por exemplo. Trata-se de um exercício reiterado, cujo objetivo é agredir, ameaçar, perseguir ou devassar a vida privada, e por essa via, intimidar e perturbar as vítimas.
Leia também: 7 formas de evitar a sobrecarga de acessos online
Alguns exemplos de cyberbullying passam por partilhar fotos íntimas ou informações pessoais de alguém que, sem o seu consentimento, servem para chantagear; ameaçar ou simplesmente difamar a vítima.
Ao contrário do bullying tradicional, que já é objeto da atenção das autoridades e das famílias, o cyberbullying tem uma visibilidade mais recente e pode ainda beneficiar de alguma impunidade por tirar proveito do anonimato com que muitas vezes estas ações se praticam. Apesar da pegada digital, possível de obter pelos canais tecnológicos, muitas destas ações permanecem complexas de se identificar.
Enquadramento legal a consultar
- Cyberbullies menores: Lei Tutelar Educativa (Lei nº 166/1999 de 14 de setembro)
- Estatuto do Aluno e Ética Escolar (Lei nº 51/2012 de 5 de setembro)
- Cyberbullies maiores:Código Penal
Leia também: Fique a conhecer o novo calendário escolar 2021
Quem pode ser vítima?
Qualquer pessoa que use algum tipo de tecnologia digital pode ser vítima de cyberbullying. Porém, tal como o bullying, o cyberbullying costuma estar mais associado ao universo das crianças e dos jovens, não só por serem grupos que utilizam com muita frequência diversas tecnologias e plataformas digitais, mas também porque, pelas suas idades, estão mais vulneráveis a este género de ataques.
Para se ter uma noção mais exata do impacte deste problema na sociedade juvenil portuguesa, podemos olhar para a campanha mais recente da Polícia de Segurança Pública (PSP), Escola Segura - Aulas Online e Cyberbullying.
Leia também: O que é a tecnologia 5G e o que vai mudar?
De acordo com a PSP, ao longo da última década, verificou-se uma diminuição das ocorrências de bullying reportadas em cada ano letivo, resultado das ações de sensibilização levadas a cabo junto das escolas e dos encarregados de educação.
Em contrapartida, existiu um aumento das injúrias e das ameaças efetuadas (muitas das quais através do cyberbullying) e principalmente do seu peso no total de ocorrências. No último ano, este tipo de ofensas subiu para 40% do total de ocorrências, o que poderá estar relacionado com o fenómeno das aulas online.
O quadro, partilhado pela PSP no seu comunicado de 8 de fevereiro deste ano ajuda a ter uma noção mais exata acerca do problema do bullying e do cyberbullying em Portugal.
Leia também:
Como atuar junto das crianças e dos adolescentes
De acordo com a Ordem dos Psicólogos, o cyberbullying pode conduzir a quadros de ansiedade e de depressão que, em situações extremas podem levar ao suicídio. Sendo este um problema que afeta sobretudo os jovens, os pais e os encarregados de educação têm um papel crucial.
Primeiro, é preciso entender que assim que a criança tem acesso a um meio tecnológico ou digital, fica em risco de ser vítima de cyberbullying. Por isso, é importante que os pais façam um esforço por se inteirar acerca do mundo digital partilhado pelos filhos, de modo a conseguir alertá-los para potenciais perigos e riscos, como ilustra o portalEscola Saudavelmente.
Leia também:
Possíveis sinais de cyberbullying a que deve estar atento
Um dos problemas do cyberbullying é que nem sempre a vítima o denuncia. Seja por medo, vergonha ou, simplesmente, por não perceber que está a ser vítima de um comportamento inadequado e criminoso. Contudo, há alguns comportamentos que devem servir de alerta para os pais, nomeadamente:
- Mostrar algum sinal de perturbação durante ou após o uso dos telemóvel, computador ou tablet
- Deixar de usar ou evitar discussões sobre estes dispositivos
- Esconder ao máximo a sua vida digital
- Isolar-se e evitar a família, dos amigos e suas atividades habituais
- Não querer ir à escola ou participar em atividades de grupo
- Baixar o rendimento escolar
- Mostrar-se zangado e descontrolado em casa
- Ter mudanças de humor, comportamento, sono ou apetite
- Mostrar-se nervoso e ansioso sempre que recebe uma mensagem
Leia também:
O que deve fazer se o seu filho é vítima de cyberbullying
Antes de mais, é importante reforçar o apoio e o conforto à criança ou jovem e nunca transmitir sentimentos de culpa pela situação. Deve sempre exaltar uma atitude de coragem na denúncia do crime e mostrar total solidariedade e acompanhamento, com uma mensagem de que juntos vão conseguir resolver o problema.
Nestes momentos, é importante explicar ao seu filho os principais passos a seguir. Basicamente, não responder ao cyberbully; denunciar a situação, por um lado, à escola (diretor de turma ou psicólogo) e, por outro lado, às autoridades (PSP e GNR).
Tome Nota:
É ainda importante ter em conta:
- Bloquear o bully (ou seja, quem pratica estes atos)
- Reduzir o acesso à tecnologia, com controlo parental mais atento
- Ficar a conhecer o mundo digital frequentado pela criança
- Alertar para alguns cuidados como não partilhar; informação e imagens pessoais ou intímas; nunca partilhar a sua localização; proteger bem as suas palavras-passe
Leia também:
Como evitar o cyberbullying
O risco de cyberbullying pode ser diminuído se falar com o seu filho sobre o cyberbullying e alertá-lo para alguns dos perigos das plataformas digitais. Além disso, antes de lhe disponibilizar meios tecnológicos, é importante tomar algumas precauções, tais como as seguintes:
- Explicar-lhe que ele não deve partilhar informação pessoal online, dando exemplos desse tipo de informação
- Ter acesso às plataformas digitais usadas pelo jovem, recorrendo às opções de controlo parental disponíveis
- Pedir à criança que lhe apresente os seus amigos digitais, quem são e como os conhece
- Estabelecer regras de utilização das plataformas digitais
- Permitir que a criança aceda às plataformas digitais apenas em áreas-comuns da casa, como a sala, por exemplo
- Saber quais as palavras passe de acesso às redes sociais do seu filho
- Encorajar o jovem a partilhar qualquer situação que o faça sentir desconfortável, fomentando uma comunicação saudável
Leia também:
- Ano letivo de 2020/2021: 11 novidades com efeitos na carteira
- Nova Diretiva de Telecomunicações: o que muda para os consumidores?
E se o nosso filho for o cyberbully
Quem pratica o cyberbullying também precisa de ajuda e de orientação. Portanto, se descobriu que o seu filho é um cyberbully, não desvalorize o problema. Enfrente-o e procure resolvê-lo, pois ele não desaparecerá sozinho.
Deve ter uma conversa direta, calma e firme com o seu filho acerca dos seus comportamentos. Fale com ele sobre o impacte e a real gravidade das suas ações e tente perceber o motivo daquele tipo de atividade.
Estabeleça controlos parentais rígidos em todas as plataformas digitais e se necessário torne-se mais rígido nas opções. Disponibilize um telemóvel que apenas permita fazer chamadas de emergência, por exemplo. Se necessário, marque consulta num psicólogo.
Leia também:
- Saúde em casa: teleconsulta e o internamento em Hospitalização Domiciliária
- E depois do subsídio de desemprego? Que soluções lhe restam?
- Incentivo à compra de veículos de baixa emissão: as regras em 2021
- Qual o incentivo fiscal para comprar carros sustentáveis em 2021?