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A dependência energética nacional face ao exterior é elevada. O País não explora nem produz carvão, petróleo bruto ou gás natural.Até 2009, e durante várias décadas, Portugal apresentou uma dependência energética entre 70% e 93%. Os dados constam da edição de 2022 do relatório anual Energia em Números, publicado pela Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) e pela ADENE - Agência para a Energia.
No entanto, o nosso país tem apostado cada vez mais no desenvolvimento de energias renováveis e na eficiência energética, o que permitiu que em 2020, atingisse um valor de dependência energética historicamente reduzido, situando-se nos 65,8%.
De acordo com o relatório, este valor “artificialmente baixo” ficou-se a dever à quebra do consumo final de energia devido ao impacto da pandemia na economia e comportamentos sociais, o fim da importação de carvão para produção de eletricidade, e o aumento da produção doméstica de energia a partir de fontes renováveis.
Tome Nota:
O Plano Nacional Energia Clima (PNEC) estabelece que Portugal deverá reduzir a sua dependência energética para o valor de 65% até 2030.
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De que fontes de energia dependemos?
Em Portugal o aprovisionamento de todas as fontes de energia fósseis, como o petróleo, o carvão, ou o gás natural, é feito exclusivamente através da importação de países terceiros.
Segundo a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), Brasil, Nigéria, Angola e Arábia Saudita são alguns dos países dos quais importamos petróleo bruto. A sua principal aplicação é para a produção de gasolina, gasóleo e jetfuel que se destina à aviação. Em 2020, importamos um total de 10,7 milhões de toneladas de petróleo, enquanto em 2000 esse valor era de 11,5 milhões de toneladas.
Já no que concerne ao carvão, em 2020, foram importadas apenas 15,5 mil toneladas, provenientes de Espanha e da Austrália, enquanto há 20 anos, esse número ascendia a 6,4 milhões de toneladas.
Portugal depende da energia importada da Rússia?
A Rússia é um dos grandes responsáveis pelo aprovisionamento energético da União Europeia. A guerra que o país está a travar na Ucrânia tem servido de debate sobre a dependência no abastecimento energético do continente europeu e preocupações crescentes. Em 2020, Portugal era o quarto país da Europa que menos dependia da energia russa, segundo dados da Eurostat.
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Que lugar ocupa Portugal na Europa em termos de dependência energética?
Portugal era, em 2020, o 11.º país da Europa com maior dependência energética de países terceiros, de acordo com os dados do Eurostat. Mesmo assim, em 2020, o grau de dependência energética era de 65,3%, enquanto que em 2000 chegava aos 85,3%.
O aumento da autonomia energética portuguesa está, em larga medida, relacionado com a aposta nas energias renováveis que cada vez mais substituem o uso do carvão e do gás natural na produção de eletricidade. A aposta nas energias verdes tem criado também uma nova fileira industrial e empresarial geradora de emprego.
Tome Nota:
No final de novembro de 2021, Portugal deixou de produzir eletricidade a partir da queima do carvão.
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Os 12 países da Europa mais dependentes da importação de energia
Entre os 12 países da Europa que mais precisam de comprar petróleo, gás natural e outros produtos energéticos ao estrangeiro estão, por exemplo, países como Malta ou Luxemburgo. Os dados são do Eurostat e dizem respeito à percentagem de dependência energética em 2020.
- Malta (97,6%)
- Chipre (93,1%)
- Luxemburgo (92,5%)
- Grécia (81,8%)
- Bélgica (78,1%)
- Lituânia (74,9%)
- Itália (73,5%)
- Irlanda (71,3%)
- Países Baixos (67,9%)
- Espanha (67,9%)
- Portugal (65,3%)
- Alemanha (63,7%)
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Qual o papel da energia renovável na nossa autonomia energética?
Portugal tem feito um caminho consolidado com vista a alcançar níveis cada vez mais elevados de autonomia energética, através da incorporação de fontes renováveis em diferentes setores.
A produção de energia elétrica a partir destas fontes tem aumentado significativamente nas últimas décadas. Em 2020, correspondeu a 59,6% da energia elétrica produzida, enquanto em 1995 o valor era de apenas 28,6%, segundo dados da Pordata.
Atualmente, Portugal é o quarto país da União Europeia com mais eletricidade produzida a partir de renováveis, depois da Áustria, Suécia e da Dinamarca, de acordo com o Eurostat.
Tome Nota:
No portal Pordata pode consultar os dados relativos à produção de energia elétrica total e a partir de fontes renováveis, assim como a sua evolução nos últimos 25 anos.
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Um país mais sustentável e com maior autonomia energética
A utilização de fontes de energia fósseis, como o petróleo, o carvão, ou o gás natural, torna-nos dependentes de países terceiros e gera também graves problemas ambientais para o mundo.
O aumento da produção doméstica de energia a partir de fontes renováveis tem tido um impacte positivo na redução da dependência energética externa, mas tem também contribuído para gerar riqueza, emprego, desenvolvimento económico e, sobretudo, para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
Alcançar a neutralidade carbónica até 2050 e tornar o país mais verde e sustentável é um objetivo para Portugal. Uma das dimensões do Plano de Recuperação e Resiliência Português (PRR), o programa de financiamento aprovado pela Comissão Europeia, é precisamente a transição climática.
Estão previstos 3 mil milhões de euros a aplicar em seis áreas, mar; descarbonização da indústria; bioeconomia sustentável; eficiência energética em edifícios; hidrogénio; renováveis e mobilidade sustentável.
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Energia nuclear não está nos planos nacionais
A energia nuclear é uma energia não renovável, produzida, sobretudo, a partir do urânio. Com uma pequena quantidade deste minério radioactivo, cujas reservas são abundantes na natureza, pode fazer-se o abastecimento de eletricidade para uma cidade inteira.
No entanto, desastres como os que ocorreram na central nuclear de Chernobyl ou de Fukushima continuam a alimentar muitos receios em torno da energia nuclear.
Se há quem defenda que é a melhor forma de garantir a autonomia energética e, simultaneamente, minimizar as emissões de carbono, há quem considere que os riscos não compensam.
Além do elevado investimento inicial e da dificuldade na gestão dos resíduos radioativos, a utilização desta energia para fins bélicos, nomeadamente na construção de armas nucleares, pode representar uma ameaça.
Alguns países têm apostado na energia nuclear, porém Portugal assinou, em 2021, uma declaração conjunta com Alemanha, Luxemburgo, Áustria e Dinamarca para excluir a energia nuclear do financiamento europeu.
Durante um evento à margem da 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), em Glasgow, o então ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, afirmou que “a energia nuclear não é segura, não é sustentável e custa muito dinheiro”. O responsável pela tutela à data frisou ainda que a aposta deve ser nas energias renováveis.
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